Capítulo 20

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Alicia foi embora e eu continuei a remoer o nosso beijo, aquilo não deveria ter acontecido, eu disse a mim mesmo que íamos ser amigos, que ela merecia um pedido de desculpas e ser tratada como uma rainha. Mas na primeira aproximação não consegui resistir e a beijei.

Eu não sabia se agradecia a Sean por ter interrompido aquilo, ou se o acertava na cabeça, porque algo entre o nosso beijo e a sua aparição fez com que ela corresse para longe de mim.

Mas o que? O que teria passado pela cabeça de Alicia? Porque ela iria embora depois de ter concordado dormir aqui comigo.

— Oi Casa Nova. — Sean chegou já me irritando com a voz. — Sua garota está segura em casa. Se bem que parecia bem escura a casa e tal...

— Ela não é minha garota. — as palavras soaram estranha até para os meus ouvidos. Mas era a verdade, Alicia não era minha garota e eu não podia fazer nada contra isso. — Você disse que a casa estava escura? Não tinha nenhum carro na frente da casa?

Sean jogava as mochila no chão e se livrava das botas, então tirou uma marmita da bolsa e se jogou na cadeira ao lado ligando a televisão, parecendo confortável de mais no meu quarto de hospital.

— Sim, estava tudo escuro, nenhum carro estacionado. Estava do mesmo jeito quando ela veio comigo mais cedo.

— Julia não está em casa? — aquilo era estranho, Julia sempre estava em casa a essa, ou tinha acontecido algo com ela, a chuva torrencial que caia do lado de fora não ajudava com certeza.

— Olha não sei quem é Julia, mas eu não vi ninguém dentro da casa enquanto estava lá...

— Você o que? — questionei quase gritando com ele.

Meus pensamentos foram imediatamente para Sean dentro da casa, sozinho com Alicia. Ele não era filha da puta para tentar algo com ela, nós éramos como irmãos eu confiava inteiramente nele. Mas porque fiquei irritado assim de saber isso?

— Ei calminha ai! — ele sorriu e deu uma garfada na comida. — Eu entrei só para me assegurar que estava tudo certo na casa, que não estava sem energia. E Ali me ofereceu uma comida.

— Ali? Comida? Seu filho da...

— Um prato! Um prato de comida! — Sean gargalhou e eu procurei algo em volta que pudesse atirar no safado. — Ela me ofereceu um prato de comida, eu até teria trazido um pra você, mas você tem que comer comida de hospital. Então aguenta ai enquanto eu como o que a Ali me der.

— Sean seu desgraçado. — gritei e atirei meu travesseiro, sentindo uma dor excruciante no tronco quando me virei tão brusco, mas só queria que ele parasse de falar dela assim. — Já chega! Não vou deixar você falar dela assim, Alicia está fora dos limites.

Sean jogou as pernas para cima da minha cama e sorriu para mim, mostrando a fileira de dentes perfeitos, ele se curvou na cadeira, mas minha carranca não mudou, continuei com a cara fechada.

— E você diz que ela não é sua garota, não é? Se ela não é sua garota e você está assim imagine quando virar.

Não ia virar, não importava como eu me sentisse sobre ela e toda a nossa situação, Alicia nunca seria minha garota. Ela merecia o mundo, coisa que eu não podia lhe dar.

— Nós somos só amigos, apenas isso. — repeti a mim mesmo, talvez se falasse vezes de mais eu me convenceria a parar qualquer coisa que estivesse começando a sentir.

— Tudo bem. Continue dizendo isso a si mesmo. — Sean continuou comendo e sorrindo, como um maldito presunçoso.

Ele me conhecia bem, sabia tudo o que tinha acontecido quando perdi a única mulher que amei na vida, ele assistiu de perto eu me tornar a pior versão de mim mesmo. Então ele não deveria me encorajar a estar com nenhuma outra mulher.

Na televisão passava um filme de assassinos, qualquer coisa sobre vingança, mas eu não conseguia manter minha mente focada no filme, só conseguia pensar em Isabella e Alicia. Se elas tivessem se conhecido com certeza seriam boas amigas, tinham muito em comum, a timidez superficial e cheias de fogo por dentro, determinadas e independentes. Mas as semelhanças acabavam ai, elas não eram nada parecidas fisicamente e em todo o resto.

— Alicia está gravida. — falei depois de muito tempo em silêncio. Sean se virou de repente, baixando os pés e se sentando ereto com os olhos espantados.

— Porra cara. — ele sussurrou, passando a mão pelos cabelos revoltos.

— Ela está grávida de gêmeos. — acenei com a cabeça encarando a tela da televisão, como se estivesse prestando atenção em algo ali. — Eu fui com ela na ultrassom há uma semana, não tinha ninguém para fazer companhia e eu não pude deixar ela ir sozinha. Não pensei se seria doloroso para mim, só pensei que ela precisava de alguém. — estendi minha mão até o móvel ao lado, onde Sean tinha colocado minha carteira mais cedo e tirei de dentro dela a foto do ultrassom que Alicia tinha me dado aquele dia.

— Caralho irmão. — lhe estendi a foto e ele sorriu quando segurou nas mãos observando a ultrassom. — Isso é... não sei nem o que dizer.

— Agora você entende o porque ela não pode ser minha? Eu não tenho direito de colocar ela na minha vida sabendo que só faço mal a todos os que estão a minha volta, todo mundo que fica perto de mim se machuca ou morre e eu não vou deixar isso acontecer com Alicia e os bebês dela.

Sean bufou se levantando e dando voltas pelo quarto, eu sabia o que ele pensava sobre o assunto, mas isso não me importava eu só ligava para os fatos.

— Jack, para com essa história! Pelo que vi dela Alicia se preocupa com você e ela quer estar por perto. Porque colocar uma pessoa como ela para longe de você? Você merece ser feliz cara, já faz tanto tempo.

— Você escutou o que eu disse? Quer mesmo que mais uma mulher grávida morra por minha culpa? Ou que eu destrua a vida de mais uma família?

Ele se virou para mim enfurecido e socou a base da cama, xingando vários nomes.

— Porra irmão, você não matou sua mulher e seu filho! Quando vai entender isso? E com John foi um acidente Jack, acidentes acontecem com qualquer um.

— Acidente? Eu estava bêbado porra! Queria morrer e estava me afundando em busca disso! Se John... — sacudi a cabeça lembrando de tudo o que eu tinha feito depois que Isabella se foi. — Me ligaram avisando do aniversário.

— E você não foi, eu estava lá.

Eu me lembrei de tudo o que aconteceu no dia da ligação, estava feliz que tinha feito Alicia se esquecer do maldito ex e mais ainda por ter provado aqueles lábios, aqueles seios e ter sentido seu corpo estremecer sobre o meu enquanto ela gozava. E então tudo desmoronou quando o avô de John ligou, avisando do aniversário do menino.

— Eu estava com Alicia na hora, estávamos quase transando no quintal quando o telefone tocou e tudo voltou. Aquilo foi um aviso! Um aviso que eu deveria mantê-la longe de mim para não destruir mais ninguém.

— Pelo amor de Deus Jack! Desde quando você é burro assim? Iriam te ligar se ela estivesse lá ou não, independente de onde você estivesse ou com quem estivesse você seria convidado para o aniversário, eles são sua família! — Sean se aproximou da cama e bateu na foto contra meu peito, me olhando nos olhos. — Até quando vai afastar as pessoas e se impedir de ser feliz? Já fazem cinco anos que ela se foi está na hora de seguir em frente, Jack. — ele se afastou e eu peguei a ultrassom dos gêmeos, encarando a imagem que eu não conseguia decifrar. — Talvez essa seja sua segunda chance!

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora