Capítulo 36

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Havia se passado três semanas e eu finalmente ia me livrar daquela merda de gesso, eu não via a hora de poder voltar a minha rotina.

Não que estivesse reclamando, muito pelo contrário, ter Alicia em minha casa o tempo todo era a melhor coisa. Eu acompanhava sua rotina gravando stories e tirando fotos aqui e ali, ajudava ela no que precisava e adorava poder ter minhas mãos em seu corpo a todo momento.

Ela jurava não perceber o crescimento da barriga, mas eu notava a cada dia o quanto aqueles dois bebês cresciam e só me enchia de vontade de vê-los novamente, dessa vez seria no ultrassom 3D.

Alicia estava tentando não pensar nisso, ou ficaria ansiosa de mais, já eu não me importava, estava ansioso mesmo para ver aqueles rostinhos.

Mais um motivo para me livrar daquele gesso, pois estava louco para começar a construir os berços. Eu a vi paquerando em uma loja no outro dia é mesmo que ela não tivesse dito nada eu soube que ela queria aquilo.

Claro que seria mais fácil eu ir lá e comprar, mas qual seria a graça? Eu queria ter o prazer de construir do zero o lugar onde os pequenos iam dormir.

Minha pele já havia sarado, ou ao menos boa parte dela e eu já podia ficar de pé sem precisar de moletas. Agora mais do que nunca queria poder trabalhar.

— O que você tanto olha na minha barriga? Desenvolveu visão de raio-x agora? — ela perguntou se espreguiçando e já apanhando o celular.

Desde que uma loja tinha enviado roupas para ela divulgar seu Instagram tinha bombado ainda mais. Alicia finalmente estava feliz com a ideia de poder começar a ganhar dinheiro usando o celular e de uma forma que poderia ficar perto dos filhos o tempo todo.

— Nos estamos tendo uma longa conversa aqui. — deslizei o dedo indicador sobre a linha marrom clara no centro de sua barriga até o umbigo.

— Quatro meses, daqui mais cinco meses estaremos segurando esses dois pacotinhos.

Alicia baixou o celular o jogando de lado na cama depois de ouvir minhas palavras.

— O que você disse?

— Que já está de quatro meses e com mais cinco serão nove. — beijei o umbigo imaginando como seria quando começarem a chutar. — E então finalmente vamos poder pegá-los no colo. — envolvi minhas mãos no montinho, não conseguindo evitar de imaginar como seriam os dois.

Mas uma fungada me fez erguer rapidamente os olhos, os olhos dela estavam transbordando e a ponta do nariz já estava vermelha enquanto ela tentava segurar o choro.

— Ei, ei. — me mexi até sentar na cama e puxei seu corpo para o meu colo. — O que foi? O que aconteceu?

Mas ela não me respondeu, apenas abanou as mãos tentando não chorar mas foi em vão, bastou que eu grudasse meus lábios em sua cabeça para que ela explodisse em lágrimas.

Meu coração bateu disparado com medo do que podia ser o motivo daquilo. Eu sei que mulheres grávidas ficavam emotivas, mas Alicia dificilmente se debulhava em lágrimas daquele jeito.

— Você... Vo... Aí que merda, eu virei uma manteiga derretida. — ela forçou o rosto contra meu peito soluçando ainda mais.

— Ei meu amor, se acalme, você está me assustando. — mas pareceu que minhas palavras tiveram o efeito oposto nela, que chorou ainda mais.

— Você não po... pode dizer essas coisas e esperar ... que eu não chore! — ela conseguiu falar entre os soluços.

— Que coisas baby? — seu corpo estremeceu e eu ergui seu rosto pelo queixo, vendo o biquinho fofo se formar enquanto ela tentava se segurar. — O que eu disse linda?

— Que nós vamos segurá-los, como se fossemos fazer isso juntos. — Alicia fungou me deixando ainda mais confuso.

O que tinha de errado com o que eu disse?

— E porque não iríamos fazer isso juntos? — questionei mantendo seus olhos grudados no meu.

— Porque nós não estamos juntos, lembra? — ela engoliu com dificuldade e franziu a testa. — Somos só amigos com benefícios. Então é melhor parar de dizer isso e me chamar de amor, de sua e essas coisas.

Alicia se desvencilhou de mim, quase como se meu toque pegasse fogo e se afastou com pressa.

— Porra, eu achei que já tínhamos superado isso...

— E superamos, você não quer se envolver sério, eu tenho meus próprios problemas para ocupar minha mente. — ela se levantou colocando ainda mais distância entre nós dois. — Somos dois adultos, se ajudando e buscando alívio sexual!

Senti que o chão se abria bem em baixo de mim com aquelas palavras. Porra, não acredita que era isso o que ela pensava de mim, Alicia achava mesmo que eu via nós dois dessa forma?

Sai da cama com rapidez, querendo alcançar o furacão em forma de mulher que usava apenas uma lingerie e chorava como um bebê.

Agarrei seu rosto com fúria, não me importando se naquele momento iria assustá-la com minha abordagem bruta, mais assustado fiquei eu com a mísera ideia dela saindo da minha vida.

— Nunca mais pense desse jeito, você é muito mais pra mim do que uma amiga com benefícios! — exclamei encarando aqueles olhos castanhos marejados. — Eu te disse aquele dia que você era o ponto de luz no meio de toda a minha escuridão e falei sério. Alicia, eu jamais vou querer voltar para aquela escuridão! Eu não quero imaginar ficar sem vocês!

— Mas... Nós não falamos sobre sentimentos... Nós não...

— Eu te amo baby, se é isso o que queria ouvir aí está! — ela esbugalhou os olhos e sua respiração ficou descompassada.

— Jack... — eu conseguia ver toda a descrença em seu olhar.

Então levei sua mão ao meu peito, deixando a espalmada na altura do coração.

— Está sentindo como meu coração bate por você? Foi você que o trouxe de volta, o fazendo bater como o motor de uma moto que há anos estava sem vida e que agora finalmente ganhou tudo novo! — uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha e eu a capturei. — E eu quero trilhar todas as estradas com você baby, com você e esses dois bebês!

Coloquei a mão sobre sua barriga e seu queixo estremeceu um pouco.

— Você está dizendo que quer ficar comigo? Quer nós três na sua vida? Porque isso não é um pacote com devolução. — Alicia fungou tentando ficar séria e parecer durona. — Eu sofri de mais nos meus casamentos e não estou disposta a me envolver novamente para ter meu coração e os dos meus filhos partidos.

— Aí minha linda se você ao menos soubesse o quanto me faria feliz ficar com vocês, poder tê-los na minha vida é uma dádiva que eu nunca vou querer abrir mão. — enfiei os dedos em sua nuca, segurando firme em seus cabelos. — E então Alicia, aceita ficar na minha vida pra sempre?

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Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora