Capítulo 22

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Já tinha guardado a foto do ultrassom na carteira quando Sean voltou algumas horas depois, ele parecia mais calmo e eu agradeci por não dizer mais nada, eu ainda estava processando as palavras dele, a ideia de que eu pudesse ter uma segunda chance na vida era bonita, mas muito irreal, uma pessoa como eu não merecia isso.

Peguei no sono pensando em Alicia, no beijo que trocamos e se ela estaria bem sozinha em casa, com aquela tempestade. Ao menos os remédios para dor me fizeram cair rápido em um sono profundo.

— Acoda papai, acoda!

— A mamãe tá chamando!

Vozes infantis invadiram meu sono e eu me remexi na cama, sentindo mãos pequenas sacudindo meu corpo.

Abri os olhos a tempo de ver duas cabeleiras castanhas correndo para fora do quarto. Os passinhos pezinho correndo no chão de madeira ecoaram no corredor e eu me ergui da cama, ainda um pouco tonto de sono.

— Eu vou pegar vocês! — gritei apanhando uma blusa qualquer, vestindo já enquanto corria para fora de lá. — É bom vocês se esconderem, porque o papai vai atacar! — passei no quarto deles e não havia ninguém ali, até estranhei o silêncio enquanto descia as escadas, essa casa nunca era silenciosa.

— SURPRESA!!! — a pequena multidão gritou, me assustando assim que eu alcancei o último degrau da escada.

Alicia segurava um bolo, com velas acesas, os gêmeos ao seu lado e cercada por nossos amigos.

— Faz um desejo papai! — os dois pequenos falaram em sincronia, como costumavam fazer.

O que eu podia desejar? Já tinha tudo o que um homem podia querer, tinha ainda mais do que imaginei que teria um dia.

— Jack, cabeção. — a voz de Sean me fez virar em sua direção e tudo em volta começou a desaparecer.

— Não, não, não! Alicia — repeti tentando impedir que tudo se esvaísse.

— É hora de acordar bonitão. — tudo sumiu e a última coisa que eu vi foi o olhar de Alicia grudado em mim e seu sorriso. — Estava tendo um sonho erótico com a vizinha gata?

Tentei estapear o rosto de Sean, que estava bem na minha cara e por pouco não o acertei.

— O que está fazendo aqui seu idiota?

— Acordando você, bela adormecida. Estou indo pra casa e queria saber se vai precisar de alguma coisa?

Alicia, foi a palavra que preencheu minha mente, mas sacudi a cabeça negando a Sean e tentando tirar a imagem dela da cabeça. Era efeito do sonho e da conversa sem futuro que tivemos na noite anterior, eu tinha que parar de pensar nela dessa forma e começar a vê-la apenas como uma amiga.

— Só quero que vá embora e não precisa voltar! — resmunguei encarando a cara amassada dele, assim como as roupas, depois dele ter passado a noite deitado de mau jeito na cadeira.

— Claro que não me quer, já arrumou uma bunda bem melhor pra te esquentar a noite.

Não me importei com a dor que senti ao me mexer e pegar o travesseiro para atirar nele, eu precisava arrumar alguma coisa mais pesada para acertá-lo sempre que ele estivesse aqui.

— Continue falando dela assim e vai perder os dentes!

Minha fala só ajudou o babaca a gargalhar alto, por sorte um enfermeiro entrou começando os testes da manhã e pronto para me ajudar a ir ao banheiro. Ao menos eu estaria cheirando bem quando Alicia chegasse aqui, se ela fosse ficar agarrada a mim enquanto assistíamos a algum filme bobo na televisão, ao menos sentiria meu perfume e não o cheiro de hospital.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora