Capítulo 50

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Eu fiz uma mochila pequena, sabendo que tinha uma viagem para fazer, eu precisava me despedir de Isabella da forma correta, queria voltar até o bar onde nós conhecemos.

Devil's Head havia sido meu lar por muitos anos, eu e Sean crescemos em volta daquilo, sonhando em um dia sermos soldados do clube como nossos pais, dispostos a dar nosso sangue e vidas. Mas quando eu ainda era um prospecto Isabella entrou no bar e mudou minha vida totalmente.

Eu saí do clube sabendo que aquela vida ilegal que vivíamos ali não era coisa para ela, e eu queria dar tudo o que ela merecia. Foi assim que acabei em uma casinha naquela cidade pequena.

Sean me seguiu pouco tempo depois, ele não queria me deixar já que eramos como irmãos.

Foi assim que ele começou a trabalhar "dando prazer as mulheres" como ele fala. As mulheres da cidadezinha começaram a crescer os olhos em cima de dois garotões com pinta de badboys, a fama que Isa e as amigas fizeram correr também ajudou ele a começar a ter mulheres ricas oferecendo dinheiro por uma noite.

A ideia no começo foi bizarra, mas com o tempo nenhum de nós se importava mais, fazíamos até piada disso.

Se engana quem acha que ele faz isso porque precisa, quando ganhei o dinheiro da herança do meu pai, fiz questão de dividir com ele, mas assim como eu ele investiu o dinheiro e continuou trabalhando, fomos criados assim.

Fazia anos que eu não ia até a sede dos Devil's Head, bem antes de Isabella morrer eu já não visitava meus antigos irmãos de patch. Mas agora era necessário, se eu iria me abrir para Alicia e contar tudo da minha vida, isso incluía essa parte também.

Fiz a viagem de moto e quando encarei o lugar a fachada ainda era a mesma, a caveira com ossos cruzando atrás e o nome Devil's Heads em baixo, mas agora não estava entalhado em madeira e sim uma espécie de ferro.

Já era por volta das sete e logo estaria lotado de motoqueiros e mulheres, andando pra lá e pra cá, dando vida ao lugar. Por hora eu sabia que encontraria todos os membros do clube que estivessem no condomínio atrás.

— Bela moto. — ouvi uma voz masculina e me virei, desviando os olhos do letreiro e focando em quem estava falando.

Um garoto magricelo e que com certeza não passava dos vinte estava ali na minha frente, usando o colete habitual e com as palavras prospecto, que me diziam sua posição ali no clube.

— Ei, sabe dizer se Brutos está por aí?

— E quem quer saber? — o garoto com certeza estava ali de vigia, e estava fazendo um bom trabalho, mesmo que sua aparência não assustasse ninguém.
Nada que alguns meses de academia, algumas cicatrizes e tatuagens não resolvessem.

— Cobra, pode avisar a ele que o Cobra está aqui. — falei usando meu nome de batismo ali.
Sempre que um de nós se tornava membro ganhavamos um apelido, Cobra, Brutos, Tigre e etc.

O garoto sumiu pela lateral do prédio e eu desci da moto, sabendo que logo estariam ali querendo ver se era verdade que eu estava ali.

Acreditei que voltaria depois que Isabella morreu, mas nunca tive coragem de retornar a essa vida, me mantive preso por anos naquela casa, naquela cidade, rodeado pelas e me sentindo culpado de mais para deixá-la.

Mas agora as coisas tinham mudado e diferente do que eu pensei, não estava ali para assumir minha antiga vida ilegal de motoqueiro, mas sim para finalmente encerrar tudo o que deixei para trás.

— Eu não acredito no que os meus olhos estão vendo! — Brutos gritou. — Quando Erick falou que você estava aqui precisei vir ver e me certificar que o garoto estava falando do Cobra certo.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora