Capítulo 39

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Eu tinha dito as palavras, ontem finalmente falei eu te amo para Jack e ele não disse nada de volta.

Para ser justa eu tinha saído correndo e aproveitei o momento em que meu coração transbordava de alegria com todo o apoio dele e a ideia de estar ganhando aos poucos reconhecimento, que deixei que as palavras saíssem, ganhando vida fora de mim pela primeira vez.

Jack ficou paralisado lá fora por um tempo, antes de se esconder novamente naquela garagem. Depois que ele entrou dando por encerrado o dia de trabalho também preferiu fingir que nada havia acontecido, simplesmente seguiu com sua rotina indo para o chuveiro e depois jantando juntos.

Ele não disse nenhuma palavra, absolutamente nada sobre eu ter dito eu te amo.

— O que eu estou fazendo com a minha vida? — me perguntei em voz alta encarando a porta do quarto esquecido.

Eu nunca tinha perguntado a ele o que escondia ali, e Jack parecia confiante da tranca na porta, ou que eu não fosse entrar nunca em um lugar fechado. Bem coitado dele, não importava qual era a resposta pois eu já havia entrado ali e fuçado em sua vida.

O que ele diria se eu o questionasse sobre o que escondia ali dentro? Eu tinha dito que esperaria seu tempo, respeitaria seu espaço e quando ele se sentisse pronto iria se abrir, mas estava começando a me perguntar se esse dia chegaria alguma vez.

Hoje estávamos indo almoçar na casa de Hugo e eu estava começando a ficar ainda mais ansiosa, pois sabia que íamos ver o pai dela, a irmã e o sobrinho, toda a família de Isabella. Eu tinha comentado com Júlia sobre tudo isso, já que era a única pessoa com quem eu podia confidenciar minhas inseguranças sobre Jack, mas nem mesmo falar com ela me ajudou.

Não o sentia distante ou nada assim, pelo contrário, a cada dia que passava ei via o quanto ele estava apegado a ideia de poder estar ao meu lado criando meus bebês, como queria ser um pai para eles.

O que me deixava insegura eram seus segredos quanto a ela, se algum dia ele se sentiria a vontade de dividir essa parte de sua vida comigo ou se ela sempre seria um fantasma entre nós, impedindo que ele se entregasse por completo.

— Está pronta? — ele perguntou colando seu corpo ao meu e me embriagando com seu perfume.

— O que tem atrás daquela porta? — questionei antes de pensar duas vezes. Era agora ou nunca.

O silêncio reinou no corredor e seu corpo ficou tenso no mesmo instante, antes de se afastar cautelosamente.

Jack não me olhou, mas parou ao meu lado e por um momento eu acreditei que ele fosse finalmente me contar.

— É o quartinho da bagunça, por isso vive trancado. Precisamos ir agora ou vamos chegar atrasados.

E então tão rápido quanto falava ele atravessou o corredor, fingindo não ver a porta ou a mim parada ali esperando uma resposta verdadeira.

Engoli com dificuldade enquanto sentia meu coração encolher um pouquinho com sua mentira. Era difícil ver apenas o lado bom de tudo que estava me acontecendo e esquecer aquele elefante enorme atrapalhando nossa relação.

Não conversamos nada durante o trajeto, foi um silêncio incômodo dentro do carro de Sean, mas se eu abrisse a boca naquele momento acabaria dizendo tudo o que eu sabia, além de que eu não deveria tentar fazê-lo se sentir melhor por mentir para mim, se Jack estava se sentindo culpado por continuar me escondendo as coisas então era bem feito.

— Chegaram! — ouvi o garotinho gritar da varanda quando Sean estacionou mais perto. — O tio Jack veio mesmo, mãe!

Vi o olhar do meu grandão se iluminar ao descer do carro e ser agarrado por John antes mesmo que alcançasse a porta de trás do carro.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora