Capítulo 60

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Sentir aqueles dois pacotinhos se mexendo era a coisa mais linda, estranha e perfeita, que eu já tinha experimentado na vida. Mas eu ainda não via a hora de poder tê-los em meus braços, de poder abraça-los e beijar aquelas carinhas minúsculas.

— Preparado pra perder? — Sean me provocou, ele não saia mais daqui praticamente, estava pensando seriamente em desconvidar ele como padrinho dos meus filhos.

— Não adianta, eu tô certo e vocês estão errados! Não é duas meninas, nem dois meninos, mas sim um casal!

— Eu não quero mais nem saber disso, o bolão de vocês está em quase mil reais, vou adorar colocar esse dinheiro na poupança das crianças, mostrando o quão bobos o pai e os tios vão ser.

Alicia atravessou a sala com a barriga grande marcada no vestido de malha, que mais parecia um camisetão, ao menos estava cobrindo a bunda deliciosa dela.

Estávamos todos ansiosos pra descobrir o sexo dos bebês e isso tinha se tornado uma comoção, mesmo depois dos motoqueiros terem se mandado de volta pra São Paulo, continuaram apegados a ela e mantiveram contato.

Só não tínhamos viajado até lá porque eu queria que Alicia evitasse qualquer esforço, uma viagem mesmo que de carro seria de mais pra ela com aquele barrigão, os pés inchados e a coluna doendo que ela vivia reclamando.

— Acho que esses daí vão apostar até quem vai perder a virgindade primeiro. — Júlia comentou rindo, mas ao invés de soar engraçado eu torci o nariz pra ela. — O que foi pai babão?

— Ninguém vai tocar na minha filha, ou eu mato e sumo com o corpo! — rosnei só de imaginar algum fedelho se engraçando com a minha menina.

— É sim, agora vamos. — Alicia grudou no meu braço me puxando para fora. —Jack acredita que a menina vai ficar virgem pro resto da vida. Só porque ele quer.

Ouvi Sean e Júlia gargalhando logo atrás da gente, os dois até podiam não se dar muito bem, mas quando o assunto eram os sobrinhos eles se entendiam que era uma beleza.

— Quero ver se alguém vai chegar perto dela! Vou ficar de olho vinte e quatro horas por dia. — insisti quando entramos no carro.

— Alguém vai chegar até ela, nem que seja um vizinho safado. — Alicia adorava me provocar, tão engraçadinha minha mulher.

— Vou ter que me mudar pra Marte então!

Segurei a mão dela, aproveitando que Julia estava na frente com Sean. Entrelacei nossos dedos e senti o anel de noivado descansando no dedo anelar, mostrando pra todos que ela ainda não era oficialmente só minha.

Alicia não sabia, mas eu estava querendo fazer um casamento surpresa, tudo graças a sua negativa de se casar grávida, insistindo que ficaria horrível em um vestido de noiva e que iria parecer mais gorda.

Toda vez que ela dizia algo assim eu queria amarrar ela na cama e fazer loucuras com aquele corpinho até que se lembrasse que ela é linda de todas as formas.

Meu medo era que ela surtasse no casamento e dissesse não, era só isso que estava me impedindo de fazer esse bendito casamento surpresa. Se eu dependesse de Alicia, ela só assinaria os pais se tornando minha esposa bem depois dos nossos filhos terem nascidos.

Seis meses de gravidez e estavamos torcendo pra que finalmente conseguisse ver o sexo dos bebês, mesmo que eu já tivesse sonhado. Queria esfregar na cara de todos que eu estava certo desde o começo.

— No que tanto está pensando? — ela perguntou se recostando no banco e esticando a barriga ainda mais.

— Pensando em quando você vai assinar os papéis e finalmente se tornar minha esposa. — ela revirou os olhos e eu não consegui evitar de sorrir. — Não se tortura um homem desse jeito.

Me curvei e toquei sua barriga com a mão esquerda, mantendo a direita junto com a sua mão, beijei a barriga algumas vezes enquanto acariciava.

— Não se assusta uma mulher grávida, isso sim! — os nossos olhos se encontraram e eu quis beijá-la. De verdade, não sabia manter minhas mãos longe dela por muito tempo.

— Não estou tentando te assustar, apenas gritar pra todo mundo que você é minha, que carrega não só meus filhos como também meu sobrenome.

Ela deu um sorriso tímido e eu plantei um beijo nos lábios que tanto adoro. Novamente ela fugiu do assunto, ignorando meu lado romântico ou possessivo, Alicia só estava focada na chegada dos bebês e nem podia julgá-la quando me sentia da mesma forma.

O caminho até o hospital foi bem rápido e logo estávamos entrando roa ser atendidos pela ginecologista.

— Temos muitas pessoas hoje aqui, não é? Vocês são os padrinhos eu aposto, doidos pra ver o sexo do bebê.

— Acertou em cheio! — Sean falou já indo cumprimentar a doutora.

Eu nem precisa dizer que estava fora dos limites do trabalho dele, depois de descobrir o quão caidinho ele está por Diana, tenho visto o quanto devoto ele se tornou da mulher, ignorando qualquer outra pelo caminho.

— Vamos logo com isso doutora, estou ansioso pra mostrar o quanto estou certo em dizer que é um casal.

Depois de Alicia ter trocado de roupa e subir na máquina, a doutora já estava com todos os aparelhos a postos. Sean andava de um lado para o outro, agoniado com tudo e ansioso, no meu caso era bem pior, já que não podia demostrar aquele nervosismo todo.

— Ok, vamos ver o que temos aqui! — a mulher passou o leitor da ultrassom sobre a barriga de Alicia e eles apareceram.

— Olha só o quanto eles cresceram, tão enormes já meus bebês.

— Grandes e fortes mamãe, parabéns. Vamos agora tentar ver o que eles tanto esconde. — a mulher continuou olhando no monitor, que pra mim parecia um monte de borrão até que ela explicasse o que é. — Estou vendo um menino aqui já!

Ela apertou alguns botões, que eu sabia que era para tirar uma foto da tela.

— Um já foi, Júlia tá fora por achar que eram duas meninas, agora que venha uma menina para eu desbancar Sean de uma vez.

— Acho então que já pode começar a comemorar, pois é uma menina!!! — sorri de bom grado para a doutora e me virei para os outros dois gargalhando alto e comemorei dando pulinhos.

— Ótimo, agora só falta ele comprar uma espingarda. — Alicia riu, mas não era uma má ideia.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora