Capítulo 62

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Quando dei um passo para dentro levei as mãos a boca e senti meus olhos se arregalaram tanto que pareciam que iam sair das orbitas.
As lágrimas transbordaram antes que eu conseguisse controlar, o quarto antes sujo e escuro agora estava limpo, iluminado e pintado.

As paredes foram pintadas de um tom claro de bege e o teto de um azul claro com nuvens pintadas. O berço duplo estava em uma parede e em frente a janela tinha uma poltrona com um enorme tapete felpudo foi colocado no chão, do outro lado estava um sofá pequeno e todo o chão foi coberto com emborrachado.

— Ai meu Deus. Como... como ele... Jack fez isso? — perguntei gaguejando em choque com aquilo tudo.

Jack tinha tirado as suas lembranças, desfez o seu mausoléu, sumiu com todas as coisas que o lembravam da vida com Isabella e transformou em um quarto para os nossos filhos. Eu estava em perplexa, não conseguia dizer o quanto tinha adorado tudo aquilo.

— Jack, Sean, o grupo todo de motoqueiros, o pai da Isabella... Meu Deus são muitas pessoas envolvidas, mas o que posso dizer todo mundo ama você e essas crianças. — eu conseguia ver a empolgação de Júlia ela com certeza sabia de tudo isso há muito tempo e não me contou. — Mas não chora muito, vai estragar minha obra de arte! E tem mais.

A pontada voltou com força total e eu tratei de respirar fundo, soltando o ar devagar pela boca até que passasse. Júlia tinha empurrado a porta do closet e procurava algo lá dentro.
Eu estava contornando o berço quando ela saiu de lá segurando dois vestidos, um de um tom de azul escuro e outro branco.

— Isso... Isso é... aí meu Deus! O que vocês fizeram? — caminhei até o sofá e me sentei lá, sentindo que podia desmaiar a qualquer momento.

— Hoje é o seu grande dia amiga, seu e do Jack. — ela se aproximou e segurou minhas mãos que agora tremiam mais que vara verde.

— Eu disse que não era a hora, que não queria casar com o barrigão assim e...

— Nós duas sabemos que isso não é verdade, você não hesitou em aceitar o pedido por isso, mas sim por medo de tudo de que tudo fosse se acabar. — suspirei sabendo que era verdade, ela me conhecia bem de mais. — É sua vez de ser feliz ao lado daquele maluco que te ama, esquece tudo o que aconteceu antes, eles não eram o Jack e você também não era essa Alicia de agora.

Ela tinha razão, mas isso não me impedia de ficar em pânico e era exatamente assim que eu me sentia.

— Mas e se não der certo, se algo começar a acontecer com nós dois, se nos separarmos...

— Você recomeça! — ela gritou me interrompendo. — Sempre recomeçou, quando chegou aqui estava acabada, com medo de ser mãe e recém divorciada, lembra disso? Agora está aí, uma influencer, sendo independente e conquistando o vizinho do lado. Você se reergueu, enfrentou seus medos, encarou de frente seus problemas com sua mãe. Agora é sua vez de ser feliz.

Acenei com a cabeça concordando e me levantei com ela voltando para o quarto. Eu estava diante do espelho me vendo no vestido de alças todo solto da cintura para baixo, o tecido branco de cetim deixava ele bem mais leve e o busto tinha sido cravejado de pedras que pareciam diamantes. Quando estávamos prontas ela viu o celular e riu.

— Está na hora? — perguntei apreensiva.

— Está sim, seu homem está impaciente te esperando!

Descemos as escadas com cuidado extra com aquela cauda, meu cabelo estava com o penteado que combinava perfeitamente com o vestido. Júlia me levou para os fundos da casa, quando abriu a porta dos fundos eu entendi porque todas as cortinas da casa estavam fechadas.

O quintal estava iluminado por um teto de luzes até a árvore onde tinha um arco, um juiz de paz e Jack. Ele estava me esperando lá vestido com um terno pela primeira vez e parecendo impaciente.
Sean estava ao lado dele e todos os nossos amigos e familiares estavam sentados nas cadeiras espalhadas em dois lados, deixando um corredor de pétalas rosas e brancas para que eu atravessasse.

— Eu vou na frente e trate de não tentar fugir! — Júlia sussurrou antes de tomar a frente indo no caminho.

As pontadas ficaram ainda mais fortes e mesmo que eu respirasse fundo elas não estavam diminuindo. Eu estava começando a achar que não era só ansiedade, mas sim trabalho de parto.

— Meus bebês se segurem um pouco mais aí. — sussurrei quando Júlia alcançou o outro lado e eu comecei a andar. — O papai está lindo de mais pra ser largado no altar agora.

Jack estava com o cabelo todo para trás, o terno escuro, camisa branca, sapatos sociais e a gravata borboleta do tom do vestido de Júlia, assim como a gravata de Sean.
Ele batia os pés impaciente, se sacudia de um lado para o outro. O sorriso que me deu quando cheguei a um passo dele, não tinha preço, fazia meu coração disparar e me dava borboletas no estômago.

— Oi vizinha, você está linda! — ele acariciou meu rosto antes de descer para minha barriga. — Pronta pra ser totalmente minha?

— Prontíssima! — segurei a mão que ele me estendia e sentia outra contração, merda estavam muito próximas. — Mas vamos ter que ser rápidos com isso, os seus filhos querem nascer.

Os olhos de Jack se arregalaram e ele ficou pálido encarando a barriga como se eles fossem sair dali no mesmo instante.

— Agora? Agora? Ainda faltam duas semanas, mas isso estava nos planos não é, gêmeos podem nascer antes... aí meu Deus — ele falou abobalhado e começou a gritar ordens em volta. — Vamos pro hospital, Sean anda pega o carro, Júlia as bolsas dos bebês estão no nosso quarto...

Precisei puxar ele pela camisa para que se acalmasse, fiquei cara a cara com ele querendo que prestasse a atenção em mim.

— Nós ainda podemos casar, tem tempo, não vai fugir de mim agora motoqueiro, não depois de todo esse show.

Ele suspirou tentando fingir estar calmo e mandou o juiz de paz começar a cerimônia. Mas quando ele mandou dizer os votos eu já estava com dor novamente, então Jack foi na frente.

— Você entrou na minha vida de forma inesperada, preencheu todas as lacunas que eu já havia desistido, me fez repensar sobre o que eu merecia da vida. — ele colocou as mãos na minha barriga junto comigo. — Eu sonhei com nossa família antes que as coisas entre nós estivessem acertadas e eu juro que vou batalhar todos os dias da minha vida para fazer essa segunda chance valer!

— Aí Jack quer me matar assim não é? — meus olhos estavam cheios de lágrimas, mas uma contração maior me fez gritar de dor.

— Vamos para o hospital, já chega!

— Não, não. Eu consigo. — segurei o braço dele e respirei fundo. — Você começou como um chato, um verdadeiro pé no saco, mas então se tornou uma distração e depois um amigo. Quando dei por mim eu estava apaixonada por você, decidida a fazer as coisas entre nós darem certo. Mesmo com meu histórico de dedo podre aiiiii... Mesmo com meu histórico eu sei que você... Sei que vai ser diferente... Ahh meu Deus! — gritei olhando pra baixo quando uma água escorreu por minhas pernas.

— A bolsa estourou! Já chega vamos para o hospital!

— Me casa logo! — olhei para o homem que estendeu o papel para ser assinado.

Mesmo com todo o desespero, as pessoas correndo para todos os lados seguindo as ordens de Jack eu assinei o papel e ele logo em seguida.

— Eu os declaro marido e mulher!

— As alianças! — Jack gritou tirando um par do bolso e colocou no meu dedo me dando a outra para que eu fizesse o mesmo. — Agora amor, vamos pro hospital conhecer os nossos filhos!

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora