Capítulo 49

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Eu chorei por um longo tempo sozinha dentro daquela casa, queria que ele fosse até lá, que lutasse por nós, mesmo depois de tudo o que falei eu queria que ele viesse atrás de mim.

E por mais ridículo que possa parecer eu corri desesperada para a porta quando bateram. Meu coração batia disparado no peito, na esperança de que fosse ele, mas ao invés disso me deparei com Sean.

— Ele não vem, não é? — minha voz soou tão triste, até mesmo para os meus ouvidos.

— Por hora não, gata. — eu murchei assim que as palavras me atingiram. — Mas ele me mandou entregar isso.

Ele me estendeu um envelope amarelo e eu encarei o papel confusa.
Jack não iria escrever uma carta, aquilo não fazia sentido quando estávamos apenas há alguns metros um do outro.

— Nem vem Sean, você não pode escrever cartas e fingir ser outra pessoa só porque está querendo nos ver juntos.

— Por mais que eu adore ver vocês dois juntos e ache que são almas gêmeas, eu não escreveria uma carta nem em um bilhão de anos. — semicerrei os olhos com desconfiança.— Juro que foi Jack quem escreveu.

Eu não queria acreditar, meu cérebro gritava para que eu ouvisse a razão e trabalhasse em esquecê-lo, mas eu decidi ouvir meu coração e agarrei o papel.

Entrei em casa sendo seguida por Sean e me joguei no estofado fofo assim que avistei o sofá.

"Querida Alicia, sei que fui um tremendo babaca todo esse tempo que estivemos juntos. Você mesmo com todos os seus problemas e traumas se abriu para mim por completo, enquanto eu continuei te dando migalhas.

Me dói dizer isso, pois é assumir que eu não fui o cara que você merece, fui apenas mais um dos babacas que passaram por sua vida e te perderam.

Mas eu não posso perder você, não posso perder essa segunda chance que a vida me deu de ser feliz.
Por isso eu vou resolver minhas pendências e prometo voltar para você. Se até lá estiver me odiando, vou dedicar cada dia da minha vida para reconquistá-la.

Eu te amo Alicia, e vou provar pra você que eu sou o homem maravilhoso para você e o pai perfeito para seus filhos.

Volto já, seu Jack!"

Minhas bochechas estavam banhadas de lágrimas novamente. Aquilo era verdade, eu reconhecia a letra dele e meu coração voltou a se encher de esperança novamente.

Ele ia resolver as pendências e voltar pra mim, merda agora eu tinha que torcer para que ele acabasse rápido o que quer que fosse fazer.

— Ele vai voltar. — murmurei para Sean, mesmo que ele provavelmente já soubesse do que o amigo estava provocando. — Sabe me dizer onde ele foi?

— Sei tanto quanto você. — ele rebateu. — Jack não me contou nada, só pegou uma mochila jogou algumas mudas de roupa e escreveu a carta.

— Ele já saiu? Eu poderia ir vê-lo...

— Não gatinha, ele vai sair em alguns minutos eu acho, mas não é pra você ir vê-lo, vocês dois precisam desse tempo longe. — encarei Sean como uma criança sofrendo, prestes a implorar para poder brincar com seu brinquedo favorito. — Se é o medo de te perder que move o Jack, deixe o sentir como é viver sem você.

— E se ele descobrir que gosta mais da sua vida sem mim?

Sean gargalhou, o homem riu tanto ao meu lado que seus olhos se encheram de lágrima, enquanto ele se curvava para frente rindo.

— Não sei por onde começar a explicar o porquê é tão ridículo isso que você está dizendo. Jack é louco por você, do contrário teria te largado há muito tempo. — ele recuperou o fôlego e agarrou meu rosto entre suas mãos. — E se esse fosse o caso, o cara só estaria provando o quanto você está melhor sem ele.

Eu estava sensível, por isso não me surpreendi quando meus olhos se encheram novamente.
Bastou o ronco da moto preencher a rua para que eu transbordasse chorando.

Tentei manter em mente suas últimas palavras "volto já", era nisso que eu tinha que confiar e me apegar.

Sean me puxou para um abraço tentando me consolar e uma Júlia, muito nervosa entrou em casa.

— Que porra é essa? Jack indo embora e vocês dois se abraçando? O que eu perdi?

Ela se sentou e desatamos a contar pra ela tudo o que tinha acontecido, desde o ataque de Jack, já que ela não tinha vindo pra casa no último dia estava bem por fora de tudo.

— E foi assim que acabamos aqui. — falei por fim, tão distraída passando a ponta do dedo em volta de casa canto daquele envelope.

— Esses homens são mesmo uns bostas! — ela exclamou e pelo tom de voz eu sabia que não era só raiva de Jack. — Não importa o quão bonitas as palavras dele soem, não acredite! Ele só vai partir ainda mais seu coração e chega de sofrer por homens!

— O que aconteceu? — eu e Sean perguntamos em unissom.

— Não aconteceu nada...

— Fala logo, não adianta fugir você nunca me esconde nada. — institi a interrompendo, mas ela permaneceu calada. — Sean é um bom terapeuta, vai por mim e se nada der certo ele ainda te dá um chá na cama.

Júlia ficou nos encarando, ela estava com uma expressão de desconfiança, mas ainda detestava Sean depois daquele dia que ele fingiu interesse por ela, mas no fim acabou cedendo.

— Levi está cheio de problemas com uns familiares doidos lá e me colocou pra fora de casa. — ela começou a andar de um lado para o outro, como fazia sempre que estava irritada. — Acreditam que ele me mandou embora, simples assim, só porque uns primos malucos estão chegando.

— Eu já ouvi falar desses primos dele, são barra pesada. — Sean confidenciou. — Vi os dois uma vez, mas já sei que os gêmeos não prestam, são metidos com coisa errada até os dentes. Se ele te pediu pra ir embora é para proteger você.

Ela o encarou aturdida, será que era mesmo verdade o que ele está a dizendo, ou só falou aquilo para ela parar de pensar o pior sobre Levi.

— Ele me expulsou, quero só ver a desculpa que vai usar depois. — ela suspirou e se jogou na poltrona só lado. — E que história é essa de chá na cama?

Eu sorri e comecei a contar os relatos que Sean tinha me dito no outro dia, ao menos toda a falação dos dois eu já não chorava mais, era uma boa distração.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora