Capítulo 23

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Eu tinha entrado em pânico quando vi todas as fotos naquela caixa, Jack e a esposa rodeados por uma grande família, era uma vida totalmente diferente, algo que não víamos no Jack, nem mesmo aquele sorriso largo e os olhos brilhando de felicidade.

Por isso eu não consegui ir até o hospital naquele dia, não tinha a menor condição de encará-lo de frente e fingir que não sabia de nada, agir como se nada realmente tivesse acontecido não era algo que eu conseguiria fazer.

Passei o dia com Julia, tentando esquecer que sabia da história de Jack, mas até ela não conseguia deixar pra lá, falando o quanto não sabia de nada da vida dele, mesmo que fosse vizinhos há tanto tempo.

Eu não podia dizer que estava surpresa de não saber absolutamente nada dele, sempre que estávamos juntos Jack fazia todo o assunto ser sobre mim e a minha vida, nunca falava sobre si mesmo. Acho que estava na hora de mudar isso.

Foi com esse pensamento em mente que eu fui no dia seguinte até o hospital, eu já tinha uma consulta de rotina então porque não perguntar se ele queria me acompanhar mais uma vez.

— Agora eu tenho outros planos, tenho dois bebês me esperando para um show agora de manhã. — Jack levou as mãos a minha barriga, que ainda estava plana, seus dedos me acariciavam sobre o vestido de uma forma linda.

Eu tentei, mas não consegui evitar de me perguntar se Jack e Isabella tinham tido filhos. Porém meus pensamentos correram rápido encontrando uma resposta, se Jack tivesse filhos ele estaria com eles agora, dava pra ver todo amor e cuidado que ele sentia por crianças.

— E como você pretende sair da cama? — questionei tentando acabar com os pensamentos perturbadores.

Encarei ele naquela cama, lado direto do corpo com os ferimentos de ter sido arrastado no asfalto, o braço esquerdo engessado. Como ele chegaria até o segundo andar para a consulta?

— Cadeira de rodas. Já ouviu falar? Aposto que já sim — ele falou já se sentando e indo para a ponta da cama.

— Ei ei bonitão, vamos com calma! — a enfermeira o parou. — Eu pego a cadeira de rodas, você por enquanto continua ai.

Ele estava usando camisola de hospital e ainda sim parecia lindo de mais para minha sanidade. Eu não conseguia evitar de sorrir olhando naqueles olhos, ele abriu um sorriso e eu mordi meu lábio inferior tentando evitar de cair no seu charminho. Como alguém resistia a ele?

— Você está bem? Quem te trouxe aqui hoje? — ergui minhas sobrancelhas, não esperava que ele estivesse querendo saber essas bobagens.

— A Julia me deixou aqui antes de ir para o trabalho. — ele segurou minha mão, deslizando os dedos por minha palma, traçando as linhas até cruzar nossos dedos. — E eu estou ótima, e você? Como está curtindo as férias de molho nessa cama.

— Não, eu detesto com todas as forças ficar parado assim. Sinto que estou a ponto de enlouquecer, juro que se fosse um passeio pra fazer exames você me veria com um sorriso enorme no rosto, feliz por sair desse quarto.

— E eu achando que você estava feliz assim por me ver. — brinquei empurrando seu ombro saudável, mas Jack segurou minha mão e me puxou para que eu caísse do seu lado na cama.

Nossos olhares se prenderam e meu sorriso morreu aos poucos, atraída por ele como se ele exercesse algum tipo de magnetismo sobre mim. Jack subiu sua mão até meu rosto, tocou meu braço, subindo de forma leve e enviando uma onda de arrepio por meu corpo.

Ele segurou um cacho do cabelo que estava caída perto do meu rosto, e a colocou atrás da orelha, mantendo sua mão ali em minha nuca. Eu sabia que era estupido e prendi a respiração esperando que ele me beijasse, mas ao invés disso Jack falou.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora