Capítulo 31

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Jack finalmente tinha aberto o coração, quer dizer não por completo, apenas uma brechinha, mas eu já estava feliz pois era um começo.

Mas quando ele falou sobre querer por um fim a própria vida meu estômago se afundou e eu senti meu coração se apertar só em imaginar a dor que ele deveria estar sentindo para desejar algo assim.

Bastou que eu perguntasse o porque ele iria querer isso para que as palavras cessassem, ele apenas sacudiu a cabeça negando e se aconchegou em mim. Mesmo sem sua resposta eu soube o motivo: Isabella, só podia ser isso, ele a amou tanto para que a vida sem ela era um martírio.

Mesmo que estivéssemos ali, com nossos corpos unidos de forma tão íntima era como a presença dela nos rondasse, e eu nem ao menos podia me sentir chateada com a situação, nunca falamos dela, para Jack eu não tinha ideia da existência de uma ex esposa.

— Acho que vou ao banheiro. — me levantei depressa, querendo sair de perto dele para esconder o turbilhão que sentia.

Seu membro saiu de dentro de mim, me lembrando do que tínhamos feito minutos atrás, mas quase esquecido agora.

Fechei a porta atrás de mim e me escorei na madeira fria, meu corpo nu se arrepiou com o contato e eu respirei fundo tentando não chorar, mordi meu lábio de forma nervosa querendo esquecer o olhar de dor dele.

— Alicia? Está tudo bem ai? — a voz de Jack me alcançou, parecendo preocupada.

Eu queria acreditar que era verdade, que ele estava preocupado comigo, mas as fotos dele com Isabella giravam em minha mente como um lembrete. No fundo de seu coração ele ainda era casado com ela, eu seria apenas a amizade colorida, o segredo dele.

— Estou bem, só um minuto.

Entrei de baixo do chuveiro, precisando sentir o aconchego da água quente e deixei que minhas lágrimas se misturassem.

Era duro admitir, mas eu estava apaixonada por um homem que não podia ser meu, um homem que nunca me veria como mais que uma amiga!

Tomei um banho rápido e me enrolei na toalha, fui burra de não ter pegado minhas roupas antes, quando sai do banheiro Jack estava com os olhos focados na porta, quase como se me estivesse me esperando sair de lá.

— Você está bem? — foi sua primeira pergunta.

E eu sei que poderia parecer uma adolescente boba, mas eu peguei as roupas jogadas no chão evitando seu olhar, não sei o que faria se nossos olhares se prendessem por mais que alguns segundos.

— Estou, só vou colocar essas roupas e volto pra esquentar nosso almoço. — não dei nem tempo para que ele respondesse e bati a porta já me escondendo novamente.

Com o celular nas mãos cogitei ligar para Sean e dizer que ele precisava vir ficar com Jack, mas não era justo, não era justo com nenhum dos dois, Sean que estava trabalhando e com o homem que estava me esperando no quarto, sem nem ao menos saber o que tinha me dado.

Por isso sai do banheiro com o meu melhor sorriso e fui pegar nossos pratos. Quando me aproximei do de Jack ele se mexeu até segurar meu braço.

— Alicia, foi algo que eu falei que te deixou assim? — ele questionou me puxando mais para perto.

— Está tudo bem Jack, eu só estou tentando assimilar tudo, foi muita informação. — me curvei e colei nossos lábios querendo garantir a ele que tudo estava certo. — Agora eu vou esquentar o nosso almoço antes que vire jantar.

— Não demora, se não vou correr atrás de você!

Sorri me afastando com os dois pratos na mão enquanto ele gargalhava. Aquele som esquentou meu coração, podíamos fazer isso funcionar, não iria me iludir sabia que não seria fácil, mas podia dar certo.

— Já voltei, não precisou nem correr maratonista. — murmurei entrando no quarto e Jack estava sorrindo para o meu celular. — Está lendo minhas mensagens?

— Desculpa eu não resisti. — ele falou tentando segurar o riso e aumentando minha curiosidade sobre o que poderia ser. — Desde quando você e a Julia começaram a achar que Levi é gay?

Sacudi a cabeça já imaginando o tipo de coisa que ele estava lendo, me acomodei ao seu lado na cama e peguei de volta meu celular, vendo a mensagem que Julia tinha mandado ha pouco.

Ju: juro que vou pedir demissão até o fim da semana, parece que ele ficou ainda pior depois que eu pedi desculpas pelo outro dia.

Ju: se eu soubesse que ele ia ficar mais raivoso com o pedido de desculpas, do que comigo se jogando em cima dele, eu nem tinha aberto minha boca.

— Então seu fofoqueiro, — me virei pra ele já começando a atacar a comida, meu estômago já estava roncando. — No dia que te visitei no hospital ela não voltou pra casa por conta da tempestade, os dois dormiram na mesma cama e no outro dia a Julia foi tentar algo com seu amigo e ele surtou.

— Surtou? O Levi? — a surpresa no rosto de Jack me dizia que talvez eu e Julia chegamos a conclusão errada. — Ele é louco por ela!

— Ele? O Levi louco pela Julia? Ele detesta ela isso sim, eu cheguei a pensar que era atração, ela contou que se virou pronta pra dar um beijo nele só que o garotão pulou da cama e correu falando que ela tinha que ir.

Um vinco se formou na testa dele, Jack parecia não acreditar em nenhuma palavra que eu disse.

— Não, não é possível.

— Foi ai que começamos a pensar que ele era gay, porque ele não tem namorada e correu dela como o diabo foge da cruz. Era isso ou já não sei mais de nada.

— Não Levi não é gay, eu praticamente cresci com ele e conheço bem a peça. — me virei curiosa, não tinha ideia que os dois eram tão próximos assim. — Se dissessem que ele é um mala, chato pra caralho, cheio de mania e que tem um passado de bosta, eu assinava em baixo.

— Passado de bosta? — questionei me perguntando em que sentido seria um passado ruim, já que pelo que Julia falava ele era muito bem de vida.

— É uma longa história, pra resumir a mãe do Levi morreu quando ele era muito novo e o pai dele não era nada amoroso, lembro que ele passava um inferno nas mãos do pai.

Meu coração se apertou com a imagem de uma criança sofrendo nas mãos de um pai, um garotinho pequeno e assustado, eu nem sequer conhecia Levi pessoalmente, mas já começava a simpatizar com ele.

— E ninguém nunca fez nada?

— Os tempos eram outros, quando éramos crianças as pessoas não costumavam se meter querendo ajudar, era cada um por si. — Jack deu a última garfada no seu risoto e se virou pra mim. — Mas eu lembro que ele gostava de ficar com os cavalos, ele se escondia no estabulo quase sempre, até dormia lá as vezes tentando fugir da raiva do pai.

Eu duvidava que Julia sabia sobre isso, ao que parecia eles não conversavam muito, apenas brigavam. Mas talvez se ela soubesse desse lado deles as coisas entre os dois começassem a fluir.

— Acho que temos um trabalho nas mãos. — falei já pegando meu celular de novo, pronta para dar um jeito naqueles dois.

— Que trabalho? — ele perguntou me encarando, analisando meu rosto. — Ah não, você está com cara de quem quer bancar o cupido.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora