Capítulo 5 - Ivar

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Quatro anos atrás...

O carro do meu pai estaciona e tento tirar o cinto e abrir a porta para sair rapidamente, mas sinto sua mão na gola de minha camisa e paro, voltando a me sentar.

— Ei, pestinha — ele chama, ao me parar. — Que tal abrir a sua mochila e me mostrar os livros pesados que estão aí dentro?

Baixo o olhar para a mochila que está entre minhas pernas, no chão do carro e olho para a escola novamente.

O inverno está chegando e logo estaremos livres das aulas por um tempo. Eu contava os dias para a Fire Night, que marcava o começo dessas férias que teríamos.

— Abra a mochila, Ivarsen — ele ordena, mas existe humor em sua voz.

Me abaixo e abro os dois zíperes, e até tento cobrir boa parte com o uniforme da educação física que está jogado de qualquer forma ali dentro, mas rapidamente ele enxerga o que não deveria estar lá e puxa para cima.

— Seu pestinha do caralho! — ele exclama, rindo. — Eu não quero nem saber o que você pretendia fazer com isso...

Ele pega o enorme tubo de cola e tento disfarçar, mas ele também vê a garrafa de querosene que trouxe e coloca os dois em cima do painel do carro.

Balança a cabeça e coça o cabelo ao mesmo tempo e depois me observa.

— Tem mais alguma coisa aí, não tem? — ele estreita os olhos em minha direção.

Suspiro e tiro do bolso o maço de fósforos, colocando ao lado do querosene.

— Jesus!

Cruzo os braços e aguardo em silêncio. Minha mãe já tinha me passado um sermão ontem, depois que Mads contou sobre o que aconteceu e como eu empurrei uma garota. Só podia agradecer que ela não sabia que eu não fiz isso só uma vez.

Porém, meu pai não diz mais nada e apenas me observa, parecendo reflexivo.

— Vá para aula, Ivarsen — é tudo que ele fala, depois de um tempo.

Fecho a mochila e ponho a mão no gancho da porta, mas paro para perguntar.

— Como você sabia?

Ele solta um suspiro pesado.

— Porque você é meu filho.

Reprimo um sorriso e pulo do carro, mas antes de fechar a porta o ouço pedir:

— Pelo amor de Deus, seja bom.

Em seguida, liga o carro e sai.

Quando me viro e começo a andar em direção à entrada, pego seu isqueiro, que consegui esconder hoje pela manhã e que mantive no bolso meu detrás.

A professora Wilson queria que eu, Mads e Nini refizéssemos o teste fora do horário, o que nos renderia não só um, como foi combinado, mas dois dias de detenção.

Se ela queria ser injusta e fazer as coisas do seu jeito somente para mostrar que estava no comando, logo, logo ela teria não só três provas, mas vinte e cinco para corrigir novamente.

Quando entro em sala, Mads está de pé ao lado da cadeira de Nini, entregando a caneta que comprou para ela como pedido de desculpas.

Ela está vestindo o uniforme completo e com todos os botões fechados, mas calça um coturno preto e escreve algo com a caneta que acabou de ganhar que faz com que Mads dê um meio sorriso, além de um aceno e depois saia.

Já tinha ouvido algumas garotas falando de Nini conforme o tempo, mas assim como todas as histórias em Thunder Bay, existiam mais fofocas maldosas e histórias fantasiosas do que a realidade em si e pertencendo à uma família que era assunto na comunidade, nunca tinha parado para olhar duas vezes para a garota solitária de óculos coloridos e cabelos castanhos.

Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)Where stories live. Discover now