Capítulo 14 - Nini

457 44 47
                                        

Dias atuais...

Quando Damon Torrance me pede para que eu aguarde em seu carro para que ele pudesse ir me deixar em casa, meu olhar vai direto até Ivarsen que parece não entender minha apreensão. É claro que ele não entenderia, mas mesmo apreensiva, eu desço do local onde estava sentada em sua varanda e caminho até seu carro, entrando e o aguardando.

Depois que seus filhos entram em casa e ele esvazia o porta-malas, entra no carro novamente, mas durante um tempo, não diz nada.

O silêncio é agonizante, por isso, aperto um botão para que o vidro da minha janela se abra, sentindo o vento em meu rosto, fechando os olhos e tentando me acalmar.

— Você é realmente parecida com sua tia, sabia? — ouço a voz de Damon, mas me recuso a abrir os olhos. — A mesma cor de cabelo, os mesmos olhos, a mesma forma de reagir quando está com medo..., mas aposto que não carrega os mesmos hematomas por todo o corpo, como ela carregava quando tinha a sua idade.

Abro meus olhos e eles vão em direção aos meus pulsos imediatamente. Não há nada ali. Não agora, pelo menos.

— Aposto que apesar de não confiar em nós, não vai para casa com medo e se perguntando o que pode dar errado, de que forma ou por qual motivo dessa vez a merda vai bater no ventilador e você vai ter seu corpo violado, e no dia seguinte, vai ter que estar de pé, dando seu melhor para fingir que está tudo bem, porque não tem outra solução. As coisas acontecem e essa é sua vida. Essa é sua rotina.

Engulo em seco, mas não sou capaz de dizer nada, me mantendo de cabeça baixa.

— Eu e Emmy tivemos isso em comum — Damon continua. — E a pessoa que deveria ter nos protegido, foi a que fodeu com a nossa cabeça, ao ponto de acharmos que nunca seriamos felizes. Mas somos. Somos uma família agora e eu não vou deixar que ninguém ameace nossa paz.

Quando levanto o rosto, percebo que não estamos fazendo o caminho para a casa de Will, mas me recuso a perguntar para onde estamos indo até que ele estacione e eu veja que estamos no cemitério. Damon abre sua janela, pegando um cigarro e o acendendo.

— Você é só uma garotinha agora, mas precisa decidir se vai se juntar a nós ou se vai se tornar um problema. Sua tia e Will te acolheram, apesar de eu ter deixado claro que essa não seria uma boa ideia e agora você está na casa deles, tendo contato com os filhos deles e com os nossos também — ele considera, tragando. — Mas não pense que eu não estou de olho em você, afinal, você não é ninguém para nos julgar. Não depois de ter matado uma pessoa e colocado o teatro da cidade a baixo com aquele incêndio. Ou que esqueci que foi criada com aquele filho da puta do Evans Crist. Aquele homem só está vivo por causa do seu filho, mas não se engane.

Ele pausa e aponta para o cemitério.

— Aquele é o destino de qualquer um que cruze nosso caminho.

Mordo o lábio inferior com força, ao mesmo tempo em que cravo minhas unhas nas palmas das mãos para me controlar. Não quero chorar e não quero dizer nada, só quero sair dali. Damon Torrance acha que me conhece e que eu posso estar do lado de Evans, e tudo o que me disse está fazendo um tornado em minha cabeça enquanto tento entender o que aconteceu no passado.

Solto a respiração que estava prendendo pelo nariz e Damon liga o carro, retornando, e dessa vez tomando o caminho para a casa de Will.

— No mais, acredite quando te digo que fizemos uma gentileza por você não ter sido criada pelo seu pai e que você esteja bem melhor sem ele. Deus sabe há quanto tempo você já não teria se tornado seu novo saco de pancadas se ele ainda estivesse vivo — murmura enquanto estaciona, mas quando tiro o cinto e me movo para saltar do carro, ele trava as portas para me perguntar. — Não se esqueça, eu estarei de olho em você, entendeu?

Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)Where stories live. Discover now