Capítulo 23 - Ivar

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Quatro anos atrás...

— Já organizaram a apresentação de vocês? — Nini pergunta, sentada na ponte de madeira ao lado de Mads.

Por mais que tenhamos insistido e pedido diversas vezes, ela nunca entra no rio comigo ou com Tavi, permanecendo ao lado de Mads o tempo todo em que estamos ali. Estamos praticamente no verão, mas os dois continuam vindo para a escola completamente fardados, e mesmo no calor que tem feito, eles apenas tiram o blazer ou a gravata, permanecendo vestidos, enquanto eu e Tavi andamos com roupas de banho dentro da mochila todos os dias.

— Não — respondo, com um risinho. — E não faço nem ideia do que vou apresentar.

— Ivarsen! — ela me repreende. — A apresentação é na segunda-feira e vale metade da nota!

Nado até ela, me aproximando e coloco meus cotovelos apoiados na madeira.

— Fique tranquila, aposto que vai ser fácil arranjar alguém para me ajudar e que a minha apresentação vai ser melhor que a sua — zombo, sabendo que ela estava a semana inteira preocupada com isso, por precisar da ajuda de sua mãe para conseguir o que precisa.

Nini revira os olhos e passa a mão em meu cabelo, tirando as mechas da testa, mas resolvo irrita-la um pouco mais e começo a sacudir a cabeça, para molha-la, o que faz com que ela me empurre para trás, me jogando de volta no rio.

— Não precisa se preocupar comigo — afirmo, pondo Tavi na plataforma para que ela possa saltar na água novamente. — Mads, no entanto, vai ser a alegria da festa, como sempre.

Ela vira para Mads, que explica:

— Escolhi minha mãe para falar sobre o trabalho social que faz com tia Alex e tia Rika.

— E é claro que nada melhor do que passar quinze minutos falando sobre pautas sociais com duas políticas e uma ativista — brinco, na mesma hora em que Tavi pula direto em meus braços, fazendo um escarcéu na água.

Ao contrário de Mads, Nini não se importa com os respingos, mas tenho certeza que seu motivo para não entrar na água, é bem diferente do dele.

Quando chego em casa, resolvo finalmente começar a pensar no que fazer com a apresentação que aquele imbecil pediu e que está nos obrigando a participar, pois faz parte de seu processo de avaliação. Devemos escolher um parente para mostrar com o que ele trabalha e fazer uma apresentação na quadra da escola, em plena manhã de segunda-feira para demonstrar o que aprendemos com o parente escolhido.

Para piorar, aquele infeliz tinha conseguido fazer com que essa apresentação valesse não só para a matéria que estava dando como também para outras, já que os professores gostaram da ideia.

— Pai? — o chamo ao entrar na oficina.

As luzes estão acesas, portanto sei que ou ele já está em casa ou Gunnar está aprontando alguma e seja qualquer uma das opções, sei que vou conseguir alguém para me ajudar com o que preciso.

— Aqui — escuto a voz de meu pai e a sigo para encontra-lo sentado no chão, disfarçando o cigarro que acaba de fumar. — Você chegou cedo.

Dou um aceno e sento ao seu lado. Agora que finalmente tinha saído do castigo, eu já tinha superado o quão terrível foram os dias em que não tinha liberdade alguma e que me ressenti de meus pais. Por essa razão, me aproximo, encostando as costas na parede e abrindo minha mochila pois estava sem tempo e precisava começar a planejar.

— Tenho um trabalho para fazer e preciso que me ajude — explico. — Tenho que escolher um dos meus pais para falar sobre com o que eles trabalham e acho que quero falar sobre as construções que o senhor faz.

Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)Where stories live. Discover now