Capítulo 13 - Nini

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Quatro anos atrás...

Saí mais cedo e já estou na escola. Estou bem.

É a mensagem que digito para minha mãe, assim que deixo minha bicicleta no estacionamento. Nem mesmo o remorso que sinto no momento, consegue superar minha animação pelo dia de hoje.

Sei que ela queria que eu fosse com ela até o museu, mas não queria vê-la agora pela manhã e ela poderia desconfiar do quão feliz eu estava mesmo depois do que Evans fez conosco ontem.

Pensar nisso, me chateia por um momento.

Não estava tentando ser rebelde ou indisciplinada, mas ele não era nada meu e eu definitivamente não pediria a assinatura dele para ir ao passeio, por isso esperei minha mãe chegar para pedir sua assinatura. Não tenho culpa se ele acabou ouvindo e achou que eu estava desrespeitando sua autoridade.

Mesmo assim, ele descontou sua frustração primeiro em mim e depois nela, mas quando ela veio me libertar e eu entrei em meu quarto, vi o cartão em minha mesa.

De: Romeu

Para: Valentim

Pare de olhar as estrelas e olhe debaixo de sua cama, maluca!

Apesar de toda a raiva que sentia naquele momento, tudo foi deixado de lado quando depois que minha mãe foi embora, me abaixei e vi debaixo de minha cama, uma cesta enrolada em um plástico amarelo e berrante. Dentro estavam um pequeno ramalhete de girassóis, uma caixa de chocolates e uma pelúcia de Vincent Van Gogh cuja as orelhas eram removíveis.

Um enorme sorriso estampava meu rosto enquanto desembalava tudo, e depois de comer alguns chocolates me mantendo abraçada ao boneco, olhei para as flores e de repente também queria guarda-las. Elas passariam a perder sua vitalidade em algumas horas e morreriam em alguns dias, mas tive uma ideia para mantê-las no mesmo estado para sempre.

De acordo com a programação do show de horrores em que eu vivia, agora Evans e minha mãe estaria no quarto se reconciliando e eu não poderia culpar Van Gogh por cortar suas orelhas, ao considerar o que poderia ouvir pelo corredor, mas mesmo assim, abri a porta e corri de volta para o porão, levando apenas um dos girassóis em minhas mãos.

Minha mãe raramente fazia uso do equipamento que trazia do museu e eu era quem me aproveitava de seu material. Por isso, pegando o pote de resina apropriada para meu projeto, cola, um perfurador e um pote plástico quadrado e siliconado, tornei o girassol que trouxe em um enfeite de mesa, que ficaria pronto em 24hrs e subi com ele para meu quarto. Amanhã, ele ficaria em minha escrivaninha e seria uma eterna lembrança de meu primeiro presente de dia dos namorados. Um presente dado pelo garoto mais encrenqueiro que já conheci, e que mesmo assim, fazia meu coração errar uma batida a cada vez que segurava minha mão.

Nesta madrugada, apesar de ter dormido pouco, fiz isso enquanto olhava para o girassol secando em minha janela. E não conseguia ter certeza, mas rezava para que o Mutismo Seletivo não levasse a melhor sobre mim pela manhã.

E agora, estava nos degraus da entrada da escola, observando as pessoas chegarem e aguardando Ivar e Mads para o passeio até o Museu de Arte Moderna em Nova York.

— Temos um passarinho que deixou o ninho mais cedo hoje? — pergunta o prof. Forester, ao descer do seu carro e estaciona-lo, caminhando em direção à escola.

Dou um sorriso curto como uma forma de cumprimenta-lo, mas não queria tentar falar e acabar me decepcionando. Não na frente dele.

— Vamos entrar, Nini — ele pede. — Imagino que você seja a primeira a ter chegado e só podemos sair depois que todos os alunos com permissão estiverem presentes.

Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)Where stories live. Discover now