Olá, pessoal.Se você apareceu aqui depois que recebeu a notificação de que postei um capítulo, muito obrigada. É sério. Eu meio que te amo.Este é o primeiro capítulo em que fiquei tão indecisa sobre de quem seria o POV que resolvi dar uma chance para os dois.Mesmo assim, espero que gostem.
Quatro anos atrás...
O cheiro de mofo, poeira antiga e madeira podre invadiu meus sentidos, misturado ao odor químico de solvente de tinta. Abri os olhos devagar, a visão turva, enquanto a luz fraca filtrada pelas cortinas vermelhas desbotadas revelava o palco lascado sob meu corpo. Manchas escuras na madeira, cortinas pesadas que outrora foram luxuosas agora pendiam rasgadas, movendo-se como se o teatro respirasse.
Um enjoo profundo e amargo subia pela minha garganta. Ao fundo, a música Here Comes the Sun tocava distorcida, transformando a melodia alegre em algo macabro naquela escuridão úmida do teatro abandonado.
Caixas empilhadas nos cantos, latas de tinta, pincéis sujos e rolos de tela cuidadosamente enrolados formavam um estúdio de falsificação improvisado. O mais assustador, porém, eram fotos minhas pregadas em um mural: na escola, andando sozinha para casa, desenhando no caderno.
Eles me observavam.
Minhas mãos estavam amarradas atrás das costas com uma corda áspera, os pulsos latejando onde a pele já estava crua. Tentei me mexer, mas meu corpo estava pesado, como se estivesse encharcado de alguma droga.
— Ah, acordou finalmente.
A voz fez meu sangue gelar.
Artie surgiu da penumbra como um fantasma, seus olhos verdes brilhando com uma mistura de diversão e crueldade. Seu cabelo loiro estava despenteado, a barba por fazer dando-lhe um ar ainda mais desleixado. A boina que sempre usava estava um pouco torta, como se ele tivesse acabado de acordar.
— Você dormiu bastante, querida. — Ele se ajoelhou ao meu lado, e o cheiro dele me atingiu — cigarro, café e maconha. — Eddie exagerou no sedativo. Mas você é uma coisinha resistente, não é?
Engoli em seco, a garganta queimando. Tentei falar, mas as palavras morreram antes de saírem. O terror me travou por dentro.
Artie sorriu, como se adorasse meu silêncio.
— Nada a dizer? — Ele ergueu a mão e passou o dedo indicador pela minha bochecha, devagar, calculista. — Tudo bem. Eu até prefiro assim.
Seu toque desceu para meu pescoço, depois para o ombro, os dedos apertando levemente, como se testassem minha fragilidade.
— Você é tão pequena. — Ele murmurou, o hálito quente no meu rosto. — Dá para entender por que o Eddie quer você só para ele.
Artie viu o tremor que percorreu meu corpo e riu.
— Ele tem planos para você, Nini. Você pinta tão bem... — Seu dedo deslizou para debaixo da gola da minha blusa. — E é tão... bonitinha.
O enjoo subiu tão rápido que não deu tempo de avisar. Despejei tudo no chão — e em cima do sapato dele.
Artie pulou para trás com um rosnado de nojo.
— Vagabunda! — Ele gritou e me deu um tapa, recolhendo a mão com nojo por alguns segundos. Em seguida, fechou o punho em meu cabelo e pressionou minha cabeça contra a parede, mas, vendo meu estado, soltou rapidamente.
Meu corpo tremia, a boca amarga, mas pelo menos ele tinha parado de me tocar.
Artie olhou para o vômito no chão e depois para mim, o rosto contorcido em repulsa.
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Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)
RomancePT: NINI Eu estava em maus lençóis. Voltar para Thunder Bay não era seguro e eu sabia disso. Tinha ido embora há quatro anos e agora, de repente, estava sendo obrigada a voltar, mas dessa vez, para onde sempre fui proibida de ir. Eu sabia que eles...
