Capítulo 47 - Nini

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Olá, pessoal.Se você apareceu aqui depois que recebeu a notificação de que postei um capítulo, muito obrigada. É sério. Eu meio que te amo.Este é o primeiro capítulo em que fiquei tão indecisa sobre de quem seria o POV que resolvi dar uma chance para os dois.Mesmo assim, espero que gostem.


Quatro anos atrás...

O cheiro de mofo, poeira antiga e madeira podre invadiu meus sentidos, misturado ao odor químico de solvente de tinta. Abri os olhos devagar, a visão turva, enquanto a luz fraca filtrada pelas cortinas vermelhas desbotadas revelava o palco lascado sob meu corpo. Manchas escuras na madeira, cortinas pesadas que outrora foram luxuosas agora pendiam rasgadas, movendo-se como se o teatro respirasse.

Um enjoo profundo e amargo subia pela minha garganta. Ao fundo, a música Here Comes the Sun tocava distorcida, transformando a melodia alegre em algo macabro naquela escuridão úmida do teatro abandonado.

Caixas empilhadas nos cantos, latas de tinta, pincéis sujos e rolos de tela cuidadosamente enrolados formavam um estúdio de falsificação improvisado. O mais assustador, porém, eram fotos minhas pregadas em um mural: na escola, andando sozinha para casa, desenhando no caderno.

Eles me observavam.

Minhas mãos estavam amarradas atrás das costas com uma corda áspera, os pulsos latejando onde a pele já estava crua. Tentei me mexer, mas meu corpo estava pesado, como se estivesse encharcado de alguma droga.

— Ah, acordou finalmente.

A voz fez meu sangue gelar.

Artie surgiu da penumbra como um fantasma, seus olhos verdes brilhando com uma mistura de diversão e crueldade. Seu cabelo loiro estava despenteado, a barba por fazer dando-lhe um ar ainda mais desleixado. A boina que sempre usava estava um pouco torta, como se ele tivesse acabado de acordar.

— Você dormiu bastante, querida. — Ele se ajoelhou ao meu lado, e o cheiro dele me atingiu — cigarro, café e maconha. — Eddie exagerou no sedativo. Mas você é uma coisinha resistente, não é?

Engoli em seco, a garganta queimando. Tentei falar, mas as palavras morreram antes de saírem. O terror me travou por dentro.

Artie sorriu, como se adorasse meu silêncio.

— Nada a dizer? — Ele ergueu a mão e passou o dedo indicador pela minha bochecha, devagar, calculista. — Tudo bem. Eu até prefiro assim.

Seu toque desceu para meu pescoço, depois para o ombro, os dedos apertando levemente, como se testassem minha fragilidade.

— Você é tão pequena. — Ele murmurou, o hálito quente no meu rosto. — Dá para entender por que o Eddie quer você só para ele.

Artie viu o tremor que percorreu meu corpo e riu.

— Ele tem planos para você, Nini. Você pinta tão bem... — Seu dedo deslizou para debaixo da gola da minha blusa. — E é tão... bonitinha.

O enjoo subiu tão rápido que não deu tempo de avisar. Despejei tudo no chão — e em cima do sapato dele.

Artie pulou para trás com um rosnado de nojo.

— Vagabunda! — Ele gritou e me deu um tapa, recolhendo a mão com nojo por alguns segundos. Em seguida, fechou o punho em meu cabelo e pressionou minha cabeça contra a parede, mas, vendo meu estado, soltou rapidamente.

Meu corpo tremia, a boca amarga, mas pelo menos ele tinha parado de me tocar.

Artie olhou para o vômito no chão e depois para mim, o rosto contorcido em repulsa.

Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)Where stories live. Discover now