Capítulo 22 - Ivar

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Dias atuais...

Dirijo com cuidado e sem pressa, pois fico o tempo todo olhando para o lado, para saber como Nini está. Não quero leva-la para casa, porque tia Emmy e tio Will vão ficar preocupados por ela chegar toda molhada e tremendo como está, e não posso leva-la para minha, já que Nini e meu pai não tem o melhor relacionamento do mundo. Além do mais, tenho certeza que ela preferiria voltar para a festa do que falar com ele.

Porém, ao lembrar dele, uma ideia surge e resolvo coloca-la em prática por não ter outra opção.

Assim que estaciono no Coldfire, desligo o carro e o aquecedor, me virando para ela, aproximando minha mão de seu rosto e tirando uma mecha de cabelo molhado de sua bochecha.

— Como se sente? — pergunto, fazendo carinho ali com as costas de minha mão.

Ela encolhe os ombros derrotada e vejo seu lábio inferior tremer, por isso, a puxo para meu colo. Sei que ela quer chorar, mas está se segurando para continuar passando uma imagem de que é resistente. Como se eu não soubesse disso.

Coloco sua cabeça em meu peito novamente e meus braços ao seu redor.

— Você confia em mim? — pergunto, observando a movimentação de entrada e saída do resort, diminuindo o movimento devido ao horário.

— Ivarsen... — ela me chama baixinho em um alerta, claramente não se sentindo à vontade para discutir nada agora.

— Não, não estou falando sobre isso — nego, beijando o topo de sua cabeça. — Só... venha, vamos fazer uma coisa.

Saímos do carro e eu me mantenho segurando sua mão, dando entrada no resort com meu próprio nome e fazendo todo tipo de manobra persuasiva para conseguir as chaves do local onde fica piscina infantil que o resort possui.

Quando destranco a porta e Nini entra, percebendo onde estamos, ela tenta dar meia-volta, mas eu entro logo atrás e a impeço.

— Acho que quero ir para casa — ela pede, parecendo nervosa. — Não tenho outra roupa e estou usando essa camiseta molhada há muito tempo e--

Eu a seguro em meus braços e inclino sua cabeça para que me encare.

— Calma — peço, respirando profundamente e insinuando para que faça o mesmo. — Essa piscina não tem sequer a altura de Tavi, é praticamente uma enorme banheira e você não vai entrar nela até que se sinta preparada para isso. Eu prometo.

Assisto seu corpo relaxar depois que nossa respiração entra em sincronia, e só então começo a me mover, mantendo meu braço em seus ombros.

— Lembra quando te contei como tinha conseguido minha cicatriz na orelha? — pergunto, chegando até um dos bancos que ficam disponíveis ali para que os pais assistam seus filhos.

— Você foi mordido por um cachorro na casa da sua tia — responde, assentindo.

— Depois que isso aconteceu, fiquei com medo de cachorros durante um longo tempo, mas não disse isso a ninguém e me mantinha fugindo de qualquer contato com eles. Contudo, isso era bem difícil, considerando que minha tia adora cachorros, tio Will tinha o Diablo e minha mãe também queria adotar um, depois que seu cachorro morreu — conto, a colocando sentada ali e tirando minha roupa, ficando apenas com a cueca boxer que estava usando. — Sendo assim, não demorou muito até meu pai perceber e resolver me ajudar com isso.

Nini escuta a história em silêncio e eu ponho minhas roupas no banco ao seu lado, continuando.

— Ele não queria que eu continuasse sentindo medo e ao mesmo tempo, queria fazer a vontade de minha mãe, e para isso, me levou com ele para adotar um novo cachorro. Não lembro de tudo o que ele falou, mas lembro que ele me mostrou um filhote do cachorro que havia me mordido e me convenceu a tocar e brincar com ele, me fazendo entender que o incidente que havia acontecido, não se repetiria e que os animais sentem quando você tem medo deles, o que faz com que reajam e explorem sua fraqueza. Hoje em dia, sei que esse conselho não se aplica apenas à animais e por isso trouxe você até aqui.

Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)Where stories live. Discover now