Quatro anos atrás...
Sabe quando a oportunidade que você tanto esperava finalmente chega? Tipo, quando você quer muito que a neve faça com que a escola entre em recesso. Ou seus pais e sua família inventam uma viagem sem motivo e você tem dias incríveis. Era assim que eu me sentia. A ansiedade era mais um combustível do que qualquer outra coisa e mesmo praticamente com falta de ar, eu me recusava a parar. Precisava encontrar meu pai.
Deixar Nini no parque foi necessário mesmo que eu tenha ficado com uma sensação estranha quando ela me abraçou, mas tudo estava uma loucura, então eu apenas ignorei o momento. Eu precisava ir até meu pai e contar para ele tudo o que estava acontecendo e não podia trazê-la comigo. Ainda não.
Eu tinha certeza absoluta de que meu pai nos ajudaria, mas também sabia que ele tinha uma boca suja e algumas pessoas achavam que ele era assustador. Ninguém diria isso na cara dele, é claro, mas as fofocas que a cidade inteira que contava sobre ele e a minha família eram uma merda.
É claro que eu sabia que não devia dar ouvidos a isso, mas tinha quase certeza que não seria uma boa ideia trazer Nini sem saber como ele reagiria ao fato de que seu primogênito tinha passado os últimos meses mentindo para ele na cara dura. Ele provavelmente xingaria um monte. E ameaçaria me colocar de castigo até os dezoito. E só depois disso que ele respiraria fundo, acenderia um dos seus cigarros e começaria a bolar um plano que nos ajudasse.
E bem, eu precisava que Nini não desistisse ou se assustasse com tudo isso, por isso, decidi que viria na frente e sozinho.
— Mamãe está procurando por você — diz Tavi me dando um susto do caralho assim que encosto meu skate na garagem.
Ela tinha montado uma espécie de forte na garagem, usando o tecido de uma barraca de verdade, mas não conseguiu enganchar os arames nos lugares certos e estava usando cadeirinhas para segurar o tecido.
— Aposto que está procurando você também — comento e me ajoelho. — Posso entrar?
Ela acena e joga para o lado algumas bonecas, me dando espaço para sentar ao seu lado.
— Onde está o papai?
— Não sei. Esta noite está estranha. Ele tinha me dito que nos levaria ao parque do tio Will hoje, mas acho que não vamos mais.
— Iremos amanhã, é Quatro de Julho — digo, dando de ombros. — O parque está lotado de toda forma, seria chato.
— Você estava lá? — pergunta e sei pelo beicinho que faz que está se sentindo deixada de lado. — Mads estava com você também? E Nini?
Solto um suspiro e a puxo para o meu colo.
— Nós fomos para lá para ajudarmos Nini, Tavi — assumo, mas então resolvo criar alguma história melhor do que a situação original. — Ela está triste. Quer dizer, não é nada grave, mas acho que só a gente pode ajudá-la.
Suas sobrancelhas grossas se unem e me encaram com preocupação.
— Então o que está esperando? Traga ela para cá! — pede. — Mamãe sabe curar qualquer coisa. E o papai sabe um truque para tirar a dor.
Dou um beijo em seu cabelo e a abraço.
— É isso mesmo que eu vou fazer, Tavi. Mas preciso de um favor. Pode ir arrumar seu quarto para que Nini durma com você? Ela vai precisar de espaço e seu quarto está sempre uma bagunça.
A expectativa de ver Nini e de tê-la em casa chega aos olhos de Tavi e ela prontamente se levanta, parecendo animada, mas antes de correr para dentro de casa, vira para mim e solta emburrada.
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Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)
RomancePT: NINI Eu estava em maus lençóis. Voltar para Thunder Bay não era seguro e eu sabia disso. Tinha ido embora há quatro anos e agora, de repente, estava sendo obrigada a voltar, mas dessa vez, para onde sempre fui proibida de ir. Eu sabia que eles...
