Capítulo 31 - Nini

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Aviso de gatilho:Este capítulo contém cenas de assédio sexual. Ao menor sinal de desconforto durante a leitura, por favor, descontinue, respire fundo e só retorne se ou quando se sentir confortável para isso.


Dias atuais...

Eu estava fodida.

Ivarsen tinha me deixado em casa há duas horas, mas seu desespero estava me dando nos nervos e por isso percebi que não seria capaz de passar o resto do dia ao seu lado.

Para evitar que isso acontecesse, vesti o uniforme, mas preparei minha mochila com outras roupas e um casaco, aceitando a carona de Will até à escola e ao chegar lá, disse a Mads que precisava ir até Meridian para comprar algo que para a Noite do Diabo. E como essas celebrações eram tratadas com importância nessa cidade, ele não fez muitas perguntas, me emprestando seu carro, que dirigi durante um tempo sem realmente saber para onde estava indo.

Há mais de um mês não dirigia e estava com saudades, porém, naquele momento, mal conseguia aproveitar a sensação, pois meus pensamentos estavam todos embaralhados.

Grávida. Grávida, porra! Quais seriam as chances? E de primeira, assim? Baixei os vidros do carro e deixei que o vento me atingisse. Tinha estacionado há alguns minutos atrás e estava parada no acostamento em uma rua de Meridian que eu não fazia ideia de qual seria.

Antes mesmo de sair de Thunder Bay, minha primeira ligação foi para a clínica de planejamento familiar mais próxima, descobrindo assim, que esta seria em Nova York e pedindo explicações de como seria o processo. A atendente, mais que paciente e gentil, me garantiu que tudo seria feito de forma rápida e segura, e que apesar de não ser necessário o consentimento de um parente ou responsável meu, era necessário que eu trouxesse alguém quando fosse até lá para fazer o procedimento.

O aborto.

Porém, antes que ela me agendasse, arranjo uma desculpa, agradeço pelo atendimento e desligo, pois, prometi à Ivarsen que o incluiria em meus planos. E antes que encerrasse a ligação, a atendente deixou claro o prazo que eu teria para decidir se faria ou não o aborto e, de certa forma, isso me deixou mais tranquila, pois não era algo que teria que decidir imediatamente.

Tudo estava caminhando na velocidade da luz e em questão de meses, eu fui de estudante em um internato na França, treinando ginástica olímpica sem nenhuma ambição de competir, para o pior tipo de clichê adolescente: a líder de torcida grávida do capitão do time de basquete que está em negação e não quer contar para os pais.

Bufo em descrença pelo pensamento. Pais. Eu não tinha mais isso. E agora tinha ferrado completamente com a oportunidade de ser parte de uma família funcional.

O que minha tia iria dizer se descobrisse? Ela tinha me deixado viver em sua casa, estava sendo bacana e me incluindo em sua vida e na vida de sua família, mas eu tinha certeza não estava em seus planos que sua sobrinha adolescente incluísse mais alguém em sua rotina.

Então estava claro, eu deveria fazer o procedimento, certo? E expirando com força, ouço meu celular tocar mais uma vez, vendo a tela acender com mais uma rodada de mensagens de Ivarsen:

Pode, por favor, me responder?

Estou preocupado e não quero que faça nada estúpido por achar que está sozinha.

Estamos juntos nessa.

Eu prometo.

Por favor, acredite em mim.

Olho para o teto do carro e aperto o celular em minhas mãos, mas resolvo responde-lo antes que ele e Mads venham atrás de mim.

Estou bem, não fiz nada estúpido. Só preciso de um tempo. Te vejo a noite.

Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)Where stories live. Discover now