Quatro anos atrás...
— Uma semana! — reclamo quando chega a hora da saída e caminho até a cadeira de Mads. — Uma semana inteira! Onde ela está?
Ele não me responde e franze os lábios, juntando suas coisas na mochila e levantando. Sei que também sente falta dela. Quer dizer, sei com certeza que não sou companhia o suficiente para ele na escola e que ele gosta de assistir enquanto brigamos, o que é basicamente... o tempo todo.
Porém, essa semana, enquanto todos retornamos para as aulas depois das festas de fim de ano, já havia se passado uma semana e Nini Scott não tinha aparecido.
— Acha que tio Michael sabe de alguma coisa? — pergunto enquanto descemos as escadas a caminho da saída.
— Não.
Solto uma lufada de ar pela boca em frustração e continuo caminhando em direção a saída. A única parte ruim do inverno era que não podíamos ir e vir em nossas bicicletas ou skates e por isso tínhamos que esperar até que alguém viesse nos pegar na escola, mas sempre tinha alguém nos aguardando no horário certo e dessa vez era tia Rika.
Talvez...
Depois que entramos e ela nos cumprimenta, perguntando sobre como foi nossa semana, uma ideia começa a tomar forma.
— É, acho que está tudo bem, mas eu e Mads temos que fazer um trabalho de física e a outra garota que é do nosso grupo não veio a semana inteira! — começo e olho para trás, vendo Mads franzir as sobrancelhas, mas ele não fala nada.
— Talvez tenha viajado com os pais no fim do ano — tia Rika considera. — E semana que vem pode estar de volta. Quem é a garota?
— Nini Scott — respondo. — Ela é da nossa classe.
— Scott — ela repete, depois vejo suas sobrancelhas se unirem e sua expressão parecer cautelosa. — A filha de Martin Scott?
Mordo a parte interna da bochecha. Talvez essa não tenha sido uma boa ideia.
— É, eu acho, mas ela não mora com o pai dela, certo? — arrisco, perguntando sobre o que já sei. — Ela mora com o pai do tio Michael.
Também sei que não deveria ter incluído o nome do pai de tio Michael na conversa. Tia Rika realmente não gosta dele. E durante um tempo só é possível ouvir o movimento do carro pela rua, o que me leva a pôr minhas duas mãos no banco onde estou sentado e apertar a espuma para me manter de boca fechada.
— Martin Scott morreu há anos atrás, Ivar — ela me conta, voltando a falar. — Depois disso, Evans Crist casou com Claire Colbert, a mãe de Nini e eles estão juntos até hoje.
Novamente o silêncio se instala, mas dessa vez não consigo me conter e assim que ela estaciona o carro em St. Killian, logo pergunto:
— E sabe se eles estão na cidade? Quer dizer, eles não se mudaram e simplesmente foram embora, certo?
Tia Rika respira fundo e desliga o carro, tirando o fone de ouvido que sempre carrega na orelha e o desligando. Depois, pega sua bolsa e antes de descermos nos diz:
— Evans nunca deixaria Thunder Bay.
Quando meu pai chega para nos buscar, corro até Mads com a desculpa de ir buscar Tavi e me aproximo de seu rosto para falar:
— Amanhã à noite vou até sua casa e de lá vamos até Nini — anuncio. — Não conte a ninguém.
Ele confirma em um único aceno e antes de ir, lhe faço um pedido:
— E Mads, hoje à noite, dê um jeito e pegue a máscara de tio Kai. Vamos precisar dela.
Em casa, espero que todos durmam, mas me mantenho desperto, pois tenho minha parte da missão a cumprir. Depois de conseguir o endereço, indo até o escritório de tia Rika e ter anotado em meu caderno, precisava de um jeito de irmos até lá sem que ninguém nos visse. Por isso, quando abro a porta do quarto e vejo que todas as luzes estão apagadas, ligo a lanterna do meu celular e começo a me mover silenciosamente. Estou usando meias para abafar meus passos e sigo descendo as escadas pelo canto da parede. Não tenho certeza de onde está o sr. Crane, mas não gostaria de ter que inventar mais uma desculpa e muito menos de ter que esperar mais ainda para fazer o que preciso.
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Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)
RomancePT: NINI Eu estava em maus lençóis. Voltar para Thunder Bay não era seguro e eu sabia disso. Tinha ido embora há quatro anos e agora, de repente, estava sendo obrigada a voltar, mas dessa vez, para onde sempre fui proibida de ir. Eu sabia que eles...
