Capítulo 7 - Ivar

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Dias atuais...

Puta merda.

Nos últimos quatro anos, eu não tive problema algum em seguir o meu plano. Prometi que cuidaria de Mads e os outros e fiz isso.

Dei um jeito nas minhas notas, comecei a puxar assunto com todos mesmo que em um interesse forçado, entrei para o time de basquete, treinei dia e noite – e não só com meus colegas, mas com meu pai e meus tios também – até conseguir me tornar capitão do time, frequentei festas, bailes e fiz tudo o que tinha que fazer, e quando Beth surgiu na minha vida, considerei que fosse mais uma consequência ou uma recompensa pelos meus esforços.

Tínhamos sido o primeiro um do outro, mas quanto mais transávamos mais Beth se tornava entusiasmada com o que fazíamos enquanto eu parecia cada vez mais entorpecido.

A princípio, lembro de ter ficado empolgado com cada avanço e cada "base" que ultrapassávamos, como se isso também fosse um outro jogo que tinha para ganhar, mas já em nossa segunda vez, lembro de me perguntar se isso era tudo o que poderia ser e depois disso fui me colocando cada dia mais em piloto automático.

E nunca contei como me sentia para ninguém, mas no dia em que meu pai nos flagrou em meu carro, na última Noite do Diabo – enquanto ele tinha "a conversa" comigo – cheguei perto de conversar com ele sobre isso.

O problema é que meu pai sempre conseguiu me decifrar muito bem e para alguém que teve um pai tão merda quanto o dele, ele podia se orgulhar, pois era muito bom nisso. Às vezes, bom até demais. Logo, quando ele perguntou se eu me sentia bem e a vontade quando estava com Beth, sabia que ele estava enxergando o problema que eu estava tentando ignorar propositalmente, por isso menti, o assegurando que estávamos bem e que estávamos sendo responsáveis.

E depois que prometi para ele que não o faria avô antes dos cinquenta, ele pareceu ficar satisfeito, deixando que o assunto morresse.

Mas eu sabia a diferença entre o relacionamento dos meus pais – que até hoje faziam com que eu e meus irmãos batêssemos no mínimo três vezes na porta do quarto deles antes considerar entrar – e meu relacionamento com Beth.

Mesmo assim, continuei cumprindo meu papel e sendo o melhor namorado que conseguia, assim como também o melhor jogador do time e o cara que os meus colegas buscavam quando precisavam de um melhor amigo.

Um desses caras era Ryan Brown, que entrou no mesmo ano que eu para o time, e que colou em mim da mesma forma gradual que Beth. Ryan era um cara legal, mas não sabia quando parar e eu sempre acabava sendo o responsável por trazê-lo de volta para casa quando íamos para festas. E ele realmente adorava festas. Quase tanto quanto garotas, já tendo saído com toda a equipe de Beth e experimentado cada uma das garotas da banda.

Agora, no entanto, ele ia ter que abrir uma exceção. Pois de forma alguma eu o deixaria fazer o que ele fazia com as outras garotas, com Nini.

— Cara, eu acho que estou apaixonado — ele afirma quando senta novamente ao meu lado, depois de ter levantado para aplaudir Nini que continua me encarando no meio da quadra.

Embora esse seja um tempo recorde para que ele diga isso, essa não é a primeira vez que o vejo declarar sua paixão para uma garota que ele acabou de conhecer.

— Hook, se controla, cara — o alerto, incapaz de me mover.

— Qual é, Ivar! Você viu o que ela fez? Como ela estava olhando para mim enquanto dançava? — ele declara, completamente iludido. — E nem vem que eu tenho certeza que você também está duro. Porra, cara, imagina ser primo de uma gostosa dessa e não poder fazer nada?

— Não somos primos — nego imediatamente, me sentando e respirando fundo, dobrando meu corpo para que ele não veja que está certo.

Eu estou duro.

Runaway - A DEVIL'S NIGHT FANFICTION (PTBR + ENG)Where stories live. Discover now