Capítulo 5

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Entramos em um refeitório, ele vai andando na minha frente, pega uma bandeja e me dá, coloca um prato grande, um pequeno, uma tigela e talheres, então arruma um para ele também.
- Pode pegar o que quiser, aqui nós nos servimos.
Eu começo a andar e ele vem atrás, depois que nos servimos ele anda até uma mesa mais afastada perto da janela.
- Você tem alguma restrição alimentar?
- Não, eu como de tudo, mas prefiro massas e sobremesas. Não gosto de comida picante também, mas como se precisar.
- Entendi.
Nós comemos em um silêncio confortável até alguém colocar uma bandeja na frente dele, eu levanto a cabeça vejo um rapaz sorrindo, ele parece ser muito novo, mas pode ser apenas aparência. Ele fica me encarando e fala.
- Então esse é o fruto proibido.
Eu olho para o Ohm que está encarando o rapaz com uma cara muito séria.
- Cala a boca Drake, o que você quer aqui?
- Eu estava curioso para saber quem deixou a Ruby tão louca.
Ele me olha e sorri para o Ohm.
- Então esse é o seu tipo?
- Se já matou a sua curiosidade e já falou o que queria vaza daqui.
Ele olha pra mim, levanta e estende a mão, muito rápido, mais uma vez eu me assusto e vejo a mão do Ohm segurando a dele.
- Eu mandei você vazar!
- How, não é a toa que a Ruby está falando de vocês para todo mundo, mas é a vida de vocês. Eu vou saindo. Até mais tarde Fruto proibido.
Ele acena pra mim sorrindo e se afasta.
- Você não precisa fazer essas coisas phi... Desculpe, Ohm... eu vou ficar bem.
- Não esquenta a cabeça.
Nós voltamos a comer e mais uma vez alguém coloca uma bandeja na nossa frente.
- Então esse é o tal Fruto proibido?
Eu olho para o Ohm antes de olhar para a pessoa, mas ele sorri e diz.
- Vai se foder, Chimon!
Eu olho para o novo rapaz que se juntou para nós, ele é diferente do outro, mesmo tendo dito praticamente a mesma coisa e estar sorrindo da pra perceber que não tem maldade nele.
- Nanon esse é o Chimon, Chimon, Nanon.
Ele levanta a mão, mas abaixa, olho para o Ohm e ele está com uma cara séria.
- Então o lance de não tocar nele é sério? Tipo literal?
- Pra que tocar? É só cumprimentar com respeito, qual o problema com o bom e velho curvar e comprimentar?
- Você sabe que isso vai chamar muita atenção pra ele, não sabe?
- Eu cuido dele.
Vejo ele encarando o Ohm e depois olhando para mim.
- Então, há quanto tempo vocês se conhecem?
Eu olho para o meu relógio e respondo.
- Três horas e quarenta e dois minutos.
Ele fica me encarando com a boca aberta, eu olho para o Ohm que está sorrindo.
- Você é adorável!
Eu fico com vergonha e volto a comer, é melhor deixar eles conversando sozinhos.
- Isso é sério Ohm?
- Isso o que?
- Essa coisa de três horas e quarenta minutos?
- Quarenta e dois.
Eu corrijo sem pensar, olho para eles e volto a comer.
- É sim.
- Mas a Ruby está dizendo pra todo mundo que você disse que não é pra ninguém chegar perto que ele é seu. Eu achei que era mentira, isso não é do seu feitio.
- Ela está falando o que eu mandei ela dizer.
- Vocês estão juntos?
- O que? Claro que não! Nós nos conhecemos agora, como seria possível?
- mas então o que é tudo isso?
- Não esquenta, é coisa minha.
- E você cara, está bem com isso?
Eu percebo que ele está falando comigo e levanto a cabeça, olho para ele e para o Ohm, sei que ele fez pode virar um problema, mas se vai evitar que as pessoas cheguem perto vai me ajudar muito também, era o meu maior medo, por isso nunca sai de casa. Eu olho para o rapaz e dou de ombros e volto a comer.
- Que situação bizarra.
- Cala a boca Chimon.
- Ok, a vida é de vocês. De onde você é Nanon?
- Chiang Mai.
- Mora aqui a bastante tempo?
- Dois dias.
- Onde você está ficando?
- Em uma pensão de estudantes.
- Você tem namorada?
- Não?
- Já namorou?
- Não.
- Gosta de homens?
Eu levanto a cabeça e olho para ele, que pergunta estranha de se fazer.
- Eu estou brincando, não precisa responder essa, você estava no modo automático, achei que não estava prestando atenção.
Eu aceno e abaixo a cabeça e volto a comer.
- O que está achando de Bangkok?
- Barulhento, as pessoas também são estranhas.
- Nós somos estranhos?
- Um pouco.
- Tem algum amigo aqui?
- Só o Ohm.
Eu levanto a cabeça e olho para ele.
- Nós somos amigos?
- Somos sim.
Eu sorrio e volto a comer.
- E você...
- Para com isso Chimon!
- Ok, Ok.
Eles começam a comer e estamos em um silêncio não muito confortável, prefiro comer só com o Ohm.
Depois de um tempo mais uma bandeja é colocada na mesa. Antes da pessoa falar qualquer coisa o Ohm fala com a voz bem alta.
- Se mais alguém chamar ele de fruto proibido está ferrado.
Levanto a cabeça e vejo que todos estão olhando na nossa direção, abaixo a cabeça e tento me desligar senão vou começar a ficar nervoso e isso pode me fazer entrar em crise.
O Ohm se aproxima do meu ouvido e eu estranho, depois que ele descobriu que sou autista ele não invadiu mais o meu espaço pessoal.
- Está tudo bem?
Eu aceno.
Quer ir embora?
Eu penso e aceno de novo. Ele se afasta e pega a bandeja e me olha.
- Vamos?
Eu aceno, pego a minha bandeja e me levanto também. Depois que saímos ele me leva até o dormitório dos funcionários, abre o armário e pega dois potes de macarrão instantâneo, vai até um balcão, coloca água nos potes e coloca no microondas. Pega dois garfos descartáveis em uma gaveta, volta para o armário e pega uma garrafa de chá, então saímos.
Na lavanderia ele se senta no chão, pede para eu sentar ao seu lado e me dá o macarrão.
- Desculpe por isso, logo eles param com essas conversas.
- Está tudo bem, eu só não gosto das pessoas me olhando.
- Entendi. Quando alguma coisa te incomodar me avisa, tudo bem?
Eu olho para ele e tento entender, ele não é igual a ninguém que eu já tenha conhecido, será que é por isso que eu me sinto tão confortável com ele? Eu sorrio e aceno. Talvez seja mais fácil eu me adaptar aqui do que eu pensei.

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