Chego no beco e vejo que ele já está me esperando, sorrio e aceno, quando me vê sorri também, quase esqueci como ele fica lindo sorrindo. Quando me aproximo ele me dá um copo.
- Eu não tomo café Ohm.
- Achei que não, é chocolate quente.
Eu sorrio pra ele e bebo.
- É gostoso.
- Deixa eu ver.
Ele passa o dedo limpando o meu lábio e coloca na boca.
- Delicioso! Eu vou te beijar, tudo bem?
Eu olho para ele e não sei o que dizer, ele vai me beijar? Ele começa a se aproximar, sinto o seu nariz tocando o meu e então os seus lábios tocam os meus levemente, ele desvia e beija o meu rosto.
- Bom dia! Vamos entrar?
Ele se afasta e vai na direção da porta, eu toco os meus lábios, estou em dúvida se os lábios dele realmente me tocaram ou se foi só a sua respiração. Ele para com a porta aberta.
- Non?
Abaixo a mão e vou na sua direção enquanto bebo o meu chocolate.Nós pegamos o uniforme com aquela mulher de cara brava que o Ohm disse que é a governanta, é alguém que manda em tudo aqui pelo que eu entendi.
- Hoje eu estou escalado para trabalhar na área VIP, você de novo vai ficar comigo, vamos fazer como ontem, você faz sozinho e eu te oriento, vai ser mais fácil aprender na prática. A área VIP é diferente dos outros andares, lá só tem quatro quartos, o que é bom, mas nós somos responsáveis por tudo, desde a arrumação até serviço de quarto. Então não podemos sair da área de funcionários, eu particularmente prefiro esperar em um dos quartos. Normalmente apenas um ou dois estão em uso, mas em alta temporada os quatro ficam ocupados. Os clientes também são diferentes, são meio nojentos, mas nem todos, então melhor não julgar. Apenas entra, faz o que tem que fazer e sai, não precisa ficar conversando e se por algum motivo se sentir desconfortável você chama a governanta. Você não é empregado deles e sim do hotel, então não precisa fazer tudo o que pedem, apenas o que está dentro das suas funções.
- Entendi.
- No mais é tudo tranquilo, as vezes ficamos o dia todo sem fazer nada, eles chamam uma ou duas vezes, mas nós temos que estar disponíveis para atende-los imediatamente.
- Certo.
Ele passa cumprimentar a mulher da lavanderia e depois vamos para o vestiário, eu me visto na cabine, quando saio ele se aproxima para ajudar com a minha faixa. De novo ele está com os braços em volta de mim enquanto arruma, como se estivesse me abraçando. Fico olhando para ele, nos somos quase da mesma altura, mas os meus olhos ficam um pouco acima da altura da sua boca.
Lembro dele perguntando se eu já tinha beijado antes, achei um pergunta tão aleatória, porque ele queria saber?
- Como é Ohm?
Ele me olha, está tão próximo, sinto a sua respiração no meu rosto e cócegas no meu estômago.
- Como é o que?
- Um beijo...
Percebo que ele arregala os olhos e prende a respiração, fecha os olhos e encosta a testa na minha e suspira.
- Você não devia pensar sobre esse tipo de coisa Non...
- Eu só fiquei curioso. Como é?
Ele abre os olhos e se afasta.
- Não tem como explicar, é bom, é... Não sei, na verdade depende de quem você está beijando.
- Você acha que seria bom para alguém me beijar?
- Sim.
Isso me pegou de surpresa, ele nem pensou para responder.
- Você acha que seria bom se eu beijasse alguém?
- Depende, não tem como dizer, pode ser bom ou ruim.
- Eu quero saber como é, me mostra?
Ele mais uma vez me olha, dessa vez surpreso,passa a mão pelos cabelos e suspira de novo.
- Você quer mesmo saber?
Eu aceno.
- Quer que eu te mostre como é?
Eu penso sobre isso e concordo.
- Non, você quer que eu te dê um beijo na boca?
Eu aceno novamente.
- Eu vou precisar de algo mais claro, se você quer vai ter que me pedir.
Eu olho para ele pensando no que eu quero, eu quero saber como é e confio nele, então porque seria um problema?
- Me beija?
Ele fica olhando nos meus olhos, então segura a minha mão e me leva para uma cabine e fecha a cortina.
- Fecha os olhos.
Ele primeiro toca o meu rosto, eu sinto a sua respiração, primeiro bem leve e então cada vez mais próxima. Ele toca primeiro o nariz e depois os lábios roçam levemente. Então eu estava certo, os lábios dele tocaram os meus mais cedo.
- Tem certeza disso Non?
- Sim.
Ele encosta os lábios nos meus e fica parado, depois de um tempo se afasta.
- Não é desde tipo de beijo que eu falei.
- Non... Por favor, não faz isso.
- Mas eu quero saber.
- Acredite em mim, é melhor não irmos por esse caminho.
- Como assim?
Ele passa a mão pelo cabelo e se afasta até encostar na lateral da cabine.
- Se você quer, então você vai ter que fazer.
- mas eu não sei como.
- Por isso é melhor deixar isso pra lá. Você queria um beijo e eu te beijei. Vamos parar por aqui.
- É porque eu sou um homem?
- O que ? Não, não é isso.
- É porque sou autista?
- Nao! Non, não! É porque você é.... Inocente demais. Eu não posso fazer isso com você.
- Então é porque você me vê como uma criança?
- Não! Para com isso, não é nada disso.
Ele diz que não, mas eu sei que é, ele me vê do mesmo jeito que todas as pessoas que eu já conheci me vêem, como alguém inválido, como uma criança grande.
Eu sinto ele tocando o meu rosto e levantando.
- Não é isso. Eu só não acho certo, você merece mais do que um primeiro beijo por curiosidade.
- Eu não entendo...
- Você merece mais...
- Então faça ser mais.
Ele fecha os olhos, levanta a cabeça, abaixa, suspira e me olha.
- Vamos fazer assim, eu prometo que te beijo quando você realmente estiver pronto para isso, tudo bem?
- E quando vai ser isso?
- Nos vamos saber. Por enquanto você vai ter que se contentar com isso.
Ele volta a encostar os lábios nos meus e se afasta.
- Agora vamos sair daqui antes que eu mude de ideia.
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Hotel 68
FanfictionNanon está sozinho em Bangkok pela primeira vez na sua vida, uma cidade onde tudo é novo e diferente de onde ele morava, os lugares, a poluição, o barulho, as pessoas... Ele começa a trabalhar em um hotel como camareiro e vê a sua vida mudando de re...