Capítulo 55

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Sinto a sua mão passando pelos meus cabelos e percebo que acabei dormindo, abro os olhos e ele abaixa me beijar.
- Não prefere ir para o quarto dormir?
Eu nego.
- Gosto de ficar deitado aqui enquanto você trabalha.
Ele abaixa e me beija mais uma vez.
- Também gosto de você aí, apesar que você deitado no meu colo tão perto do meu pau me distrai bastante.
Eu tento me levantar para não atrapalhar, mas ele me segura.
- Eu estou brincando, deita e dorme mais um pouco, quando terminar aqui eu te acordo.
Eu deito de novo e fecho os olhos, quando estou quase dormindo escuto o Perth.
- Ohm.
Ele não fala mais nada então eu abro os olhos, ele está encarando o Ohm.
- Nanon, faz alguma coisa pra eu comer?
Eu olho para o Chimon e sei que aconteceu alguma coisa, a minha mãe está na cozinha, se ele quisesse comer ele falaria com ela.
- Aconteceu alguma coisa, não foi?
O Perth olha para mim e para o Ohm, então eu me sento e olho para ele que suspira e fala.
- Pode falar, o que aconteceu?
- Ligaram para contar que a sua mãe foi presa.
Eu fico surpreso com isso, depois que fomos no velório da irmã do Ohm, ele voltou a trabalhar em casa e eu não ouvi mais nada sobre as investigações.
- Eles encontraram provas?
- O detetive disse que o Drake fez um acordo e confessou na parte da manhã e entregou ela. Ele contou onde eles se encontraram para o pagamento e a polícia conseguiu filmagens do local.
Eu continuo olhando para o Ohm, mas ele não parece nem um pouco surpreso.
- E o homem?
- Ele disse que nunca viu nenhum homem, só a sua mãe.
- Teve alguma notícia do meu pai?
- Não, mas se você quiser posso falar com o Jimmy.
- Fala com ele, por favor.
O Perth sai e o Chimon vai junto, então o Ohm segura a minha mão e me beija.
- Eu vou até a delegacia para acompanhar o caso de perto tudo bem?
- Eu posso ir junto?
- É melhor não, as coisas podem ficar agitadas, pessoas gritando ou brigando.
- Entendi.
- Prometo que eu volto assim que eu puder.
- Você está bem? É a sua mãe...
- Ela não é a minha mãe e eu tinha quase certeza de que era ela. Depois do que ela fez com você por mim ela pode apodrecer na prisão que eu não vou me importar.
Não sei o que pensar sobre isso, as vezes ele comenta sobre o que ela fez comigo, mas como eu não me lembro então não sei como deveria me sentir.
- Vamos lá em cima pra eu te colocar para dormir?
O meu rosto começa a formigar como sempre e ele dá risada, acho que é a primeira vez que ele dá risada desde que a irmã dele morreu há duas semanas.
- Você as vezes tem uma mente muito safada Non, eu vou te colocar na cama mesmo, bem que eu queria fazer outra coisa, mas agora não dá.
- Então eu vou ficar aqui embaixo mesmo, eu espero você para dormir.
- Tudo bem então.
Ele me beija mais uma vez e me deita no sofá, começa a beijar o meu pescoço e levantar a minha camiseta.
- Com uma casa desse tamanho vocês têm mesmo que fazer isso aqui?
O Ohm puxa a minha camiseta para baixo e me beija mais uma vez, então sai de cima de mim.
- As vezes eu sinto falta de quando éramos só nós dois aqui.
- Mas o Nanon não, ele me adora.
O Ohm faz uma cara irritada e o Chimon ri.
- Ok, eu vou ver se a mãe precisa de ajuda.
O Ohm se levanta e me puxa junto.
- Eu vou indo também, eu te amo!
- Eu também te amo!
Vejo eles indo para a porta e vou para a cozinha.
- Nanon, o que você acha de aproveitar agora as coisas estão calmas e ir no mercado comigo? Faz tempo que você não sai de casa, andar fora do condomínio um pouco vai ser bom pra você.
Eu ainda fico um pouco nervoso de sair, mas resolvo ir, subo e me troco, quando desço a minha mãe está me esperando para ir até a porta comigo.
- Se precisar liga para o Ohm ou me liga. Fica tranquilo e se divirta.
- Nós só vamos fazer compras mãe, não é pra ser divertido.
- Já fez compras com o Ohm? Ele sabe se divertir.
Eu dou risada, os dois realmente adoram sair para fazer compras juntos. Me assusto com o Chimon buzinando e a minha mãe me abraça e me empurra. Eu entro no carro e ele sorri.
- Quer dirigir?
- O Ohm falou para eu não dirigir fora daqui sem habilitação.
Ele revira os olhos enquanto o carro começa a andar.
- Maridinho perfeito!

Não sei como a minha mãe estava fazendo com as coisas que o Chimon estava comprando para ela, ele não conhece os ingredientes então escolhe pelo preço, porque segundo ele se é mais caro é melhor. Eu aproveito e compro várias coisas que precisamos no apartamento, o Ohm gosta de ir lá para ficarmos sozinhos, mas quando nos mudamos levamos tudo, então nem café para ele beber tem. Depois que pegamos tudo nós vamos para a fila, o mercado está cheio, então eu fico empurrando o carrinho para ninguém encostar em mim, o Chimon vai mudando de um lado para o outro conforme as pessoas vão se aproximando para elas não chegarem perto também.
Chegamos na fila que tem menos pessoas aguardando, mas mesmo assim ainda tem oito pessoas na nossa frente, o Chimon suspira e olha pra mim.
- Os autistas não tem direito a atendimento preferencial ou algo assim?
- Não sei como funciona, acho que tem que apresentar um documento provando que é autista.
Ele me olha de cima a baixo e suspira mais uma vez.
- Acho que ninguém vai acreditar só na nossa palavra.
A pessoa que estava no caixa sai e a próxima é atendida, então andamos um pouco.
- O que você acha de passar no hotel antes de ir para casa?
- Não sei...
- Ei, aquela louca já foi presa, tá tranquilo agora, prometo que não saio do seu lado.
- Tudo bem.
Ele fica em silêncio um pouco, mas logo volta a falar.
- Já tentou jogar futebol?
- Não, as pessoas se tocam com muita frequência.
- E se for no gol?
- As vezes acontece também, sem contar que tem horas que várias pessoas se juntam perto do gol.
- Tem razão, queria fazer alguma coisa diferente com você.
A fila anda mais uma vez e eu me assusto quando ele quase grita.
- Já sei! Eu vou te ensinar a jogar sinuca, o que você acha?
- Em um bar?
- Ah, vamos lá cara, tá na hora de se arriscar um pouco, nós podemos procurar um bar falido que vá pouca gente.
Eu penso nisso e então concordo.
- Nanon?
Eu olho para a direção que me chamaram e um homem se aproxima, o Chimon se mexe um pouco ficando quase na minha frente.
- Você é o Nanon não é? O namorado do Ohm?
- Marido.
Eu corrijo sem pensar e o Chimon ri.
- Isso, marido. Não está lembrado de mim? Eu sou o Burin, cunhado do Ohm, marido da Lew, nós nos conhecemos no velório.
- Ah sim, me desculpe, sinto muito pela sua perda.
Ele olha para trás e eu sigo o seu olhar, um menino está segurando a sua mão se escondendo atrás dele, deve ser o Dew.
- Nanon, desculpe pedir isso, mas eu tive que comprar algumas coisas e o Dew não quer soltar a minha mão, está difícil empurrar o carrinho, você pode me ajudar a chegar no estacionamento?
- Eu vou com você.
O Chimon da um passo, mas outro carrinho chega atrás de nós com vários jovens conversando, ele olha para eles e para mim.
- Eu posso chamar um segurança para te ajudar .
Eu olho para o menino que está assustado com as pessoas que chegaram.
- Tudo bem Chimon, eu vou, me dá a chave que eu te espero no carro pra não precisar voltar aqui
- Tem certeza?
Eu aceno, ele me dá a chave e eu pego o carrinho e começo a empurrar, quando chegamos no estacionamento eu ajudo a guardar as compras e fecho a mala. Quando percebo ele está muito perto de mim, eu sinto alguma coisa na minha barriga, olho para baixo e é uma arma.
- Agora continue sendo legal e entre no carro em silêncio. Ah, sem crises, já tenho que lidar com um retardado, não preciso de outro.
Eu entro no carro e ele empurra a criança para dentro ela cai em cima de mim e se assusta, coloca as pernas em cima do banco abraça elas e olha para frente com medo. Então eu percebo, talvez ele não estivesse assustado na fila por causa das pessoas que chegaram.
- Me da o seu telefone.
Eu me assusto e entrego o meu telefone para ele que joga pela janela, liga o carro e sai fazendo uma curva jogando nós dois para o lado.

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