Capítulo 10

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Eu abro os olhos, olho para os lados e me assusto, demoro alguns segundos para lembrar onde estou, olho em volta e estou sozinho no quarto. Me levanto vou até a sala e o Ohm não está lá, pego o meu celular e mando uma mensagem.

N: Oi, é o Nanon.

Fico esperando, mas ele não responde. Ando pelo quarto olhando como ele é, acho que ia gostar de morar em um lugar assim. Vou para a sala e então lembro da cozinha. Entro e olho tudo, ela é simples, mas tem tudo que alguém precisa pra fazer uma refeição simples, tem até um forno elétrico, abro ele e olho dentro.
- Queria fazer alguma coisa aqui.
- Você quer cozinhar?
Eu levo um susto e prendo a mão quando fecho a porta do forno. Ele vem na minha direção e segura a minha mão.
- Machucou muito? Desculpe, não queria te assustar. Tá doendo?
- Está.
Ele começa a massagear a minha mão.
- Se você quiser cozinhar pode ir no meu apartamento.
- Posso mesmo?
- Claro, eu não falei ontem que era só pedir?
- Mas eu achei que você não queria mais ficar comigo, você falou pra eu ficar com outra pessoa.
- Eu falei que era melhor você ficar com outra pessoa, nunca disse que não queria ficar com você.
- Não entendo, qual a diferença?
- A diferença é sobre o que é melhor para você.
- E eu não deveria decidir isso então?
Ele fica me encarando sério. Será que eu falei algo errado?
- Você está certo, não posso decidir isso por você, mas posso dar a minha opinião sobre o assunto.
- E você acha que eu devo trabalhar com outra pessoa?
- Eu acho que não sou a pessoa certa para te dar conselhos sobre isso.
- Mas você acabou de dizer...
- Eu disse o que era certo, não o que eu acho certo.
- Está me deixando confuso de novo.
- Você vai conversar com a sua mãe sobre a história do beijo?
- Vou.
- Então conversa com ela e pede a opinião dela sobre isso.
- E se ela falar pra eu mudar?
Ele passa a mão pelo meu rosto e fica me olhando.
- Então acho melhor eu fazer isso agora.
Ele se aproxima e me beija, primeiro apenas encostando os lábios, então sinto ele prendendo o meu lábio inferior e puxando. Sinto mais uma vez cócegas no estômago, fecho os olhos e tento lembrar como era os beijos que eu já vi na tv, inclino a cabeça e abro a boca um pouco, ele inclina a cabeça também e vai me beijando de vagar e seguindo o movimento dos meus lábios.
Agora eu entendo porque as pessoas gostam, isso é tão bom. Eu tento colocar a língua na boca dele como vi algumas vezes, mas ele para e se afasta, abro os olhos e ele está com aquele olhar surpreso eu sorrio e me aproximo, fecho os olhos e beijo ele de novo. Coloco a minha língua mais uma vez, quero saber qual e a sensação, sinto a língua dele na minha e é muito bom também, tento mexer ela, mas não sei o que fazer. Ele se afasta um pouco.
- Faz assim.
Ele coloca a língua na minha boca e parece que ele está lambendo e ao mesmo tempo explorando e é.... Não sei, como comer sorvete com calda de chocolate e muitos confetes, só que melhor!
Quando ele se afasta novamente, sei que acabou, ele beija a minha testa e da dois passos para trás. Eu toco os meus lábios que estão formigando e sorrio.
- Eu já estou pronto?
- Não, mas talvez eu não tenha outra chance.
- Pode fazer de novo?
- É melhor não, eu nem deveria ter feito para começar.
Ele me olha e sorri.
- Você gostou?
Eu aceno várias vezes, foi realmente muito bom. Ele se aproxima e beija a minha testa novamente.
- Anota isso no seu bloquinho.
Eu coloco a mão no bolso.
- Eu estou brincando. Vamos almoçar?
- Vamos, eu estou com fome.

Quando entramos no refeitório vejo que vários pessoas olham para nós e fico nervoso, ele me olha e sorri.
- Se concentra em mim, ok?
Eu concordo e fico olhando para ele. Nós sentamos na mesma mesa no canto, depois de alguns minutos o amigo dele, aquele sem maldade se junta a nós.
- Oi Ohm, oi Fruto Proibido! Aconteceu alguma coisa?
Como ele sabe que aconteceu alguma coisa? Sinto o meu rosto formigar e abaixo a cabeça para comer.
- Não aconteceu nada, porque?
- O P'Aof me pediu mais cedo para ficar com o Fruto Proibido hoje.
Eu olho para o Ohm e ele responde.
- Ele está preocupado por causa dos boatos, mas já resolvemos isso.
- Então foi isso.... Você está bem?
Eu olho para ele e percebo que a pergunta foi pra mim.
- Estou bem, obrigado.
- Se quiser se livrar desse mala saiba que eu sou a sua segunda opção.
- É bom saber.
- E então, ele está te ensinando tudo direito?
Eu olho para o Ohm e lembro que ele acabou de me ensinar a beijar, sinto meu rosto formigar, aceno e abaixo a cabeça de novo para comer. Ficamos em silêncio até ele voltar a falar.
- O que você fazia em Chiang Mai?
- Trabalhava no restaurante da minha mãe.
- Sabe cozinhar?
- Sei.
- Você estudava?
- Parei no ensino médio.
- Vai tentar fazer faculdade agora que está aqui?
Eu levanto a cabeça e olho para ele, eu não tinha pensado nisso. O Ohm me cutuca e fala.
- Você deveria, se é algo que quer.
- Eu nunca pensei sobre isso.
- Conversa com a sua mãe sobre isso também.
Eu concordo e volto a comer.
- Você tinha muitos amigos lá?
- Não.
- Parentes?
- Só a minha mãe.
- Porque você veio para cá?
Eu levanto mais uma vez a cabeca.
- Você gosta de fazer perguntas.
- Desculpe, é um mal hábito.
Comemos em silêncio até alguém se aproximar. Eu levanto olho e é aquela moça bonita com cara de nojo de ontem. Ela olha para mim e depois para ele.
- Fiquei sabendo que vocês foram pagos se beijando no banheiro.
Escuto o amigo dele engasgando.
- Não sabia que você gostava de fofocas Ruby.
- É verdade?
- Não e mesmo que fosse não é da sua conta.
Ela olha pra mim e sorri.
- Então vocês não foram pegos se beijando?
- Não.
Eu respondo, ela olha para o Ohm e para mim mais uma vez e sai. Eu olho para ele e falo baixo.
- Tecnicamente é verdade, ninguém nos pegou.
Escuto o amigo dele engasgando mais uma vez e tossindo sem parar.
- Vocês... Vocês...
- Aqui não Chimon.

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