Sento na cama e ligo a TV para assistir a entrevista do Ohm, ele me levou de manhã para assinar alguns documentos, explicou que são sobre a exigência para eu permanecer no hotel por tempo indeterminado, ainda não acho certo, mas ele não aceita nem falar sobre isso.
Passam várias notícias no jornal, a maioria sobre celebridades, as vezes parece que o país não tem problemas reais.
Eles anunciam a coletiva e aparece uma legenda: Famoso hotel acusado de agressões a funcionários com deficiência.
Na tela aparece uma espécie de balcão cheio de microfones e da para escutar várias pessoas falando. O Ohm se aproxima e mexe no microfone, eu já tinha visto como ele está vestido, estava com ele quando a equipe de relações públicas insistiu em arrumar ele. Depois de trocar de roupa, passar maquiagem e fazer um penteado, ele ficou... Não sei como explicar... Mas mesmo assim sinto aquela coisa lá embaixo.
- Boa tarde a todos!
Ele começa a falar e eu tento me concentrar, não quero me distrair e perder o que ele vai falar. As pessoas também vão parando de falar e ele fica esperando pacientemente até todos ficarem em silêncio. Ele dá um sorriso lindo como se estivesse agradecendo, então fica sério.
- Boa tarde a todos! Meu nome é Pawat Chittsawangdee, estou hoje aqui como representante do Grupo Chittsawangdee e também como parte envolvida no incidente que aconteceu entre um dos nossos funcionários e um membro da nossa diretoria. Sobre o ocorrido nós queremos informar que todas as medidas cabíveis foram tomadas afim de proteger a vítima e afastar o agressor. Nós do Grupo Chittsawangdee lamentamos profundamente por esse episódio infeliz e viemos a público repudiar toda e qualquer ação de violência dentro e fora das nossas instalações, incluindo o meu próprio ato que foi impensado e totalmente inapropriado, por isso eu peço desculpa a todos.
Ele se afasta do balcão e se curva, então retorna.
- Senhor Pawat, qual a sua relação com o Grupo Chittsawangdee?
- Eu faço parte da diretoria.
- No dia do incidente o senhor estava vestido como um dos funcionários, pode nos dizer porque?
- Porque atualmente eu trabalho como camareiro no hotel localizado na região central de Bangkok.
- Posso perguntar o porquê?
- Porque eu acredito que uma gestão de qualidade requer conhecimento e a melhor forma de adquirir conhecimento é na prática.
- Mas porque como camareiro?
- Porque não? É uma função tão digna como qualquer outra.
- Sobre o incidente, o senhor pode me explicar o que aconteceu?
- Eu não estava presente no momento, então vou explicar o ocorrido segundo o testemunho do nosso funcionário. Ele foi abordado com um pedido que não fazia parte das suas funções e como orientado ele se recusou a atender o pedido, a recusa não foi bem aceita e assim iniciou a briga.
- Qual é a deficiência do funcionário?
- Ele é autista.
- Quando o diretor o agrediu, ele sabia sobre a sua condição?
- Não, na verdade até o episódio em questão apenas eu e um gerente tínhamos conhecimento sobre isso.
- Mas e os outros funcionários?
- Como eu disse, ninguém mais sabia.
- Você pode explicar o que você fez com o funcionário quando você chegou?
- Sinceramente eu prefiro que vocês conversem com um especialista sobre isso, para evitar informações equivocadas que podem prejudicar muito mais do que ajudar.
- Mas você sabia o que fazer, já aconteceu antes?
- Eu já tinha experiências anteriores com outra pessoa autista próxima a mim e sim, na aconteceu antes, por isso eu sabia o que fazer.
- Os outros funcionários não presenciaram quando aconteceu?
- Não, foi durante o período de treinamento dele, estávamos em um dos quartos e teve um acidente com um aspirador de pó.
- O homem que foi visto com você durante várias ocasiões nessa última semana é o mesmo dos vídeos?
- Antes de responder essa pergunta eu quero deixar claro que o nosso funcionário não é uma pessoa pública e que qualquer informação pessoal ou imagens que forem divulgadas sem o consentimento dele serão consideradas uma violação aos seus direitos de imagem e privacidade e serão tratadas legalmente. Sobre a pergunta, sim ele é a pessoa do vídeo.
- Qual a sua relação com ele?
- Nos somos amigos próximos e também colegas de trabalho.
- Vocês foram vistos também em Chiang Mai, porque vocês foram para lá?
- Eu estava a frente de um projeto de expansão do nosso resort na região e como ele não estava trabalhando para preservar a sua segurança, ele me acompanhou como meu assistente, assim não foi necessário o seu afastamento.
- Ele vai continuar trabalhando como seu assistente?
- Não, ele vai voltar para as suas funções normais.O Ohm continua respondendo a perguntas que vem de todos os lados, sobre o seu trabalho na diretoria, as medidas que foram tomadas no incidente, sobre a nossa relação, está muito tranquilo como se nada pudesse afetar. Ele encerra a entrevista pedindo descupas novamente e a imagem volta para os apresentadores. Eu fico olhando a TV e nossa, isso foi impressionante. Me assusto com o telefone tocando, é ele ligando.
- Oi amor, já almoçou?
- Ainda não.
- Quer que eu leve alguma coisa para comermos? Eles não vão precisar mais de mim aqui hoje.
- Não, tudo bem, eu faço o almoço.
- Já chego então.Depois do almoço nos tentamos assistir um filme, mas o telefone dele não para de tocar, quando percebe que o filme acabou sem ele conseguir assistir liga para o secretário do pai dele e avisa que vai direcionar as chamadas para ele, desliga o celular e se deita ao meu lado.
- Desculpe por isso, vamos colocar outro filme que agora eu sou só seu.
- Se você é só meu, então eu não quero ver outro filme.
Ele levanta a cabeça e me olha surpreso, sinto o meu rosto inteiro formigando e cubro a cabeça com o cobertor, ele tira o cobertor devagar e se aproxima.
- O que você quer Non?
Eu fecho os olhos e escuto ele perguntar de novo.
- O que você quer Non?
Eu fico em silêncio, não devia ter dito aquilo, ele se aproxima o meu ouvido e fala baixo.
- Você quer que eu te masturbe?
Eu nego.
- Você quer fazer sexo oral?
Eu não respondo dessa vez.
- Você quer eu faça em você ou quer fazer em mim?
Eu fico em silêncio, mas dessa vez ele fica esperando, então eu respiro fundo e olho para ele.
- Os dois.
Ele sorri e pega a minha mão.
- Então acho que hoje eu vou te ensinar um coisa nova.
Fico olhando sem entender, ele já me ensinou a fazer isso. Ele toca o meu rosto e depois o meu lábio, se aproxima e morde. Quando se afasta percebo que ele está muito animado.
- Hoje eu vou te ensinar a fazer um 69.
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Hotel 68
FanfictionNanon está sozinho em Bangkok pela primeira vez na sua vida, uma cidade onde tudo é novo e diferente de onde ele morava, os lugares, a poluição, o barulho, as pessoas... Ele começa a trabalhar em um hotel como camareiro e vê a sua vida mudando de re...