Parte 2 - Capítulo 7

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Sirvo café para o Ohm e vou preparar omeletes para o café da manhã. A campainha toca, ele suspira e levanta, quando volta o Perth e o Chimon estão com ele.
- Bom dia!
Eu sorrio e aceno.
- Bom dia! Café da manhã, Chimon?
- Por favor, eu estou morrendo de fome!
Eu pego bolo e pão e coloco na mesa, sirvo café para eles e volto a fazer omeletes do Ohm, a porta da cozinha abre e o Dew entra.
- Morning!
Ele senta ao lado do Chimon e eu dou um pedaço de bolo pra ele.
- Como você está filho?
- Tranquilo!
Eu sorrio e o Ohm pergunta.
- E a faculdade?
- Tá chato! Eles falam sobre muita coisa que eu já sei.
- Mesmo assim você pode aprender muita coisa mesmo com o que já sabe, muitos detalhes acabam não sendo ensinados quando se aprende na prática.
- Eu sei pai.
- E a Becky?
Ele olha assustado pro Chimon.
- O que tem ela?
- Ela está bem? Está se adaptando a faculdade e ao dormitório?
- Está! Pai, eu também quero omelete, eu vou ter que ir almoçar com o senhor de vez em quando, a comida do refeitório não chega nem aos pés que sua! Acredita que eles servem uma massa que não dá nem pra separar, nós temos que cortar pra comer? E a carne deles é muito dura, o pão então eu nem vou comentar.
Ele continua falando e eu sirvo o Ohm e começo a preparar a omelete do Dew.
Depois que come o Ohm vai levar as coisas do Dew na lavanderia, volta e senta ao meu lado e fica me observando. O Dew lava a louça e quando todos terminamos de comer nos preparamos para sair.
O Perth e o Chimon vão na frente para ir na casa deles buscar o carro, quando a porta fecha o Ohm levanta sério e bate na mesa, fico tentando entender o que aconteceu, ele fica encarando o Dew que levanta nervoso.
- Eu vou pegar uma coisa no meu quarto.
- Senta!
Ele se assusta e senta.
- Você tem alguma coisa pra contar?
- Não!
Ele responde rápido demais, até eu percebi agora que tem coisa errada.
- Dew, eu vou te dar mais uma chance de contar o que está acontecendo. Porque você ficou tão nervoso quando o Chimon perguntou sobre a Becca?
- Eu não...
Ele abaixa a cabeça e fala baixo.
- Ela está ficando no meu dormitório.
- O QUE?
Ele grita e nós dois nos assustamos, eu seguro o seu braço pra ele se acalmar.
- Vocês estão transando, Dew?
Ele fica vermelho e acena, eu aperto o braço do Ohm que fecha os olhos e abre e fecha a mão.
- Vocês estão usando camisinha?
Ele acena mais uma vez.
O Ohm fica encarando e ele continua com a cabeça abaixada.
- Como assim ela está ficando no seu quarto?
O Dew começa a se mexer no lugar, mas está tentando controlar o impulso, eu suspiro e aperto o braço do Ohm mais uma vez.
- Dew, você pode ir para o seu quarto um pouco?
- Sim, pai!
Ele levanta e sai correndo.
- Ohm...
- Eu disse que ele não devia ter saído de casa, Non! Ele está transando por aí!
Eu seguro o seu rosto e viro para mim.
- Você fala sobre sexo com ele desde que ele tinha dezesseis anos, porque está tão nervoso com isso?
- É o nosso filho, Non...
Eu tento entender, mas não consigo, ele suspira e encosta a testa na minha.
- É só que...
Ele suspira mais uma vez.
- Ele é o nosso garotinho...
Eu sorrio e abraço ele.
- O nosso garotinho cresceu. Com quantos anos você fez sexo pela primeira vez?
- É diferente, ele não é como eu, ele é puro como você, devia esperar mais.
- Então se você me conhecesse quando eu tinha dezoito anos você não ia querer fazer sexo comigo?
Ele me olha e sorri.
- Eu ia tentar muito não fazer, mas entendi o seu ponto.
Ele segura o meu rosto e me beija.
- Vai lá falar com ele, você nos assustou, ele deve estar nervoso ainda.
Ele concorda, me beija e sai, quando volta o Dew está muito vermelho, mas está sorrindo, o Ohm vem até mim, me abraça e me beija.
- Vamos ver a nossa princesinha?
Eu aceno, ele segura a minha mão e nós vamos para a garagem.
Chegamos no orfanato e o carro do Perth já está estacionado, vamos até a entrada e a assistente social vem nos receber.
- Bom dia!
- Bom dia!
Ela olha para o Dew e sorri.
- Quem é esse rapazinho?
O Ohm que apresenta.
- Esse é o nosso filho, Dew, ele veio conhecer a irmã.
- Seja bem vindo, Dew.
Ela estende a mão, ele se assusta e da um passo para trás, ela olha surpresa e depois para mim.
- Me desculpe, eu esqueci que o filho de vocês também é autista.
- Está tudo bem, mesmo sendo autista, nem todos têm problemas com contato, então é normal as pessoas tentarem.
Ela sorri e concorda.
- Vamos entrar para conhecer a sua irmã, Dew?
Ele acena e a assistente entra, eu espero o Ohm entrar e abraço ele, fico assim até ele se acalmar.
- Obrigado, pai!
- Se você não quiser entrar não precisa.
- O que? Ah, não! Eu estou bem, é só que eu me assustei mais cedo com o pai e agora com ela, ficou mais difícil controlar.
- Sinto muito.
- Está tudo bem.
- Vamos entrar então?
Ele concorda e segura o meu dedo, ele só faz isso quando está ansioso, eu não digo nada, apenas entro com ele.

DEW

O meu pai me leva por um corredor até um quarto, quando entramos eu vejo quatro berços, o meu pai e a mulher que nos recebeu está na frente de um e o tio Perth e o tio Chimon estão na frente do outro.
- Dew, vem aqui conhecer o Sailom.
O tio Chimon vira e eu consigo ver o bebê, solto a mão do meu pai que não tinha percebido que estava segurando e vou até eles.
- Filhão, esse é o Dew, como você não vai ter outros irmãos ele vai cuidar de você como um irmão mais velho,  não vai Dew?
Eu sorrio e concordo, mas quando ele dá um passo na minha direção eu me assusto e vou para trás.
- Desculpe tio, eu...
- Não tem problema, você vai ficar de babá muitas vezes, vai poder segurar muito ele.
Eu reviro os olhos e me afasto, claro que o tio Chimon já está pensando em um jeito de me colocar pra trabalhar pra ele. Eu vou até os meus pais e o pai Ohm está com uma bebê nos braços. Ele segura ela só com uma mão, vem até mim e pega o meu braço e dobra , antes de eu conseguir entender o que está fazendo ele coloca a bebê nos meus braços.
- Dew, essa é a sua irmã Sophie.
Eu olho para a bebê que parece mais uma boneca de tão pequena que é, ela abre os olhos e sorri pra mim, estica o bracinho que é pequeno demais, eu me abaixo até a mão dela tocar o meu rosto e ela sorri mais uma vez, eu sorrio pra ela também, ela é muito fofa.
- Oi irmãzinha.

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