Passamos o dia na lavanderia, ele me explicou todo o trabalho e eu achei bem tranquilo. Ele ficou sentado a maior parte do tempo me observando trabalhar, só ajudava quando tínhamos que passar os lençóis e cobertores.
O dia passou rápido, as pessoas vinham trazer as peças sujas e logo iam embora. O Ohm parece conhecer e se dar bem com todos, sempre faz perguntas pessoais como familiares, estudo, bichos de estimação, problemas, doenças. Da pra ver que ele se preocupa muito com todos a sua volta. As vezes eu percebo que ele se irrita quando algumas pessoas entram, ele não é rude, mas não trata da mesma forma que trata os outros. Todos que entram sempre me olham, alguns acenam, outros falam comigo de longe, mas ninguém tenta se aproximar.
Estou terminando de dobrar as toalhas de rosto que acabei de tirar das máquinas quando ele se aproxima e começa a me ajudar.
- Você é bem inteligente, aprende tudo muito rápido, já está fazendo tudo por aqui sozinho.
Eu olho para ele e apenas sorrio.
- Vamos terminar de dobrar isso, porque nos temos que deixar tudo organizado para o próximo turno.
Eu olho o relógio no meu pulso e realmente já está quase na hora de ir embora. Ele dobra três vezes mais toalhas que eu, é muito rápido fazendo isso. Depois que terminamos ele começa a andar juntando algumas toalhas e cobertores que estão espalhados.
- Lembra como estava aqui quando chegamos?
Eu penso um pouco e concordo.
- Todos os dias quando chegamos tem que estar daquele jeito e quando saímos temos que deixar igual, o que não der para lavar volta para aquele cesto grande, o que já lavamos e dobramos ficam nas prateleiras. A mesa tem que estar vazia, não pode ficar nada no chão ou espalhado, se for necessário varremos o chão também.
- Entendi, tudo bem.
Ele se aproxima, olha na minha cabeça e depois nos meus olhos.
- Posso te tocar?
Eu penso e aceno, ele levanta a mão com movimentos leves, arruma o meu cabelo na parte de trás da cabeça, depois tira o cabelo que está caindo nos meus olhos.
- Eu vou te tocar agora.
Ele coloca a mão no meu rosto e então passa o polegar na mesma área algumas vezes.
- Está sujo.
Ele passa o dedo mais algumas vezes e fica com a mão onde está.
- Você mora longe daqui?
- Não, eu levei uns 30 minutos para chegar aqui, mas não sabia onde era, então vim de vagar procurando.
- Consegue voltar sozinho? Eu posso te levar se você quiser.
- Não precisa, obrigado.
- Tudo bem. Me dá o seu celular.
Ele tira a mão do meu rosto que começa a formigar e da um passo para trás com a mão estendida. Pego o telefone do bolso e dou pra ele.
- E a senha?
- Não tem senha.
Ele mexe na tela e tem uma foto minha, ele passa o dedo pela tela e diz
- Já disseram que você tem covinhas fofas?
Eu fico envergonhado e olho para o chão.
Ele mexe no celular e depois me dá.
- Você só tem o número da sua mãe na agenda.
- Eu só converso com ela.
- Bom, agora você tem o meu número, pode conversar comigo também.
Eu olho no celular e realmente tem mais um contato ali, só que ele não colocou o seu nome, ele escreveu: DONO DO FRUTO PROIBIDO.
Eu olho para ele e sorrio, ele toca mais uma vez o meu rosto.
- São realmente covinhas muito lindas. Vamos lá, eu vou te mostrar onde fica a sala do P'Aof.
Os corredores começam a ficar mais familiares para mim, um tem uma cor mais escura que os outros e sei que é o corredor do dormitório, o que tem uma rachadura no canto é onde fica a lavanderia dos funcionários, tem um que no canto o carpete está solto e um pouco levantado, esse vai em direção ao refeitório.
Chegamos em um corredor com várias salas, o Ohm para em uma sala com a placa AOF e bate.
- Pode entrar.
Nós entramos e ele sorri.
- São vocês! Como foi o dia?
O Ohm me olha e espera eu responder.
- Foi tranquilo, eu aprendi muita coisa.
- Que bom. Entendeu como funcionam as nossas rotinas?
- Tudo que o Phi... Quer dizer, o Ohm, tudo que o Ohm me ensinou eu entendi sim.
- Ótimo. Ohm algum problema hoje?
Ele encara o Ohm e ele responde com a cara bem seria.
- Tudo normal Phi.
- Nanon, você pode nos dar licença por dois minutos?
Eu aceno, vou até a porta e saio. Olho no relógio e fico esperando.
Cinco, quatro, três, dois, um. Eu abro a porta e entro.
- Eu estou avisando, você vai se afastar dele!
Eu fico parado na porta assustado, os dois estão em pé no meio da sala e estão muito irritados.
- Já deu dois minutos...
O Ohm olha para mim e sorri e o Aof olha para ele e diz.
- Essa conversa não terminou. Agora vai embora.
Ele se senta e eu não sei o que dizer, então seu apenas me despeço e saio. Logo o Ohm está atrás de mim.
Andamos até o dormitório, pegamos as nossas bolsas e vamos para o vestiário.
- Onde você está o chuveiro e comunitário?
- É sim.
- Quer tomar banho aqui então? Ninguém vai te perturbar.
Eu olho para os chuveiros em dúvida, ele segura minha mão e começa a andar.
- Faz assim, você toma banho nesse do canto e eu fico cuidando para ninguém chegar perto. Depois eu tomo banho e você cuida de mim também. Fica bom para você assim?
- Mas as roupas?
- tira os sapatos aqui e entra, então tira o uniforme que eu deixo separado pra entregar na lavanderia, depois que tomar banho você vai para uma cabine seca e se veste.
Eu olho para ele e para as cabines e parece uma opção melhor do que a pensão. Então eu concordo e tiro os sapatos. Pego eles e deixo uma ao lado do outro perto da parede e entro na cabine.
Tiro a roupa fico só de cueca.
- Ohm?
- Estou aqui.
Eu abro a cortina só um pouco e passo a roupa para ele.
- Você vai tomar banho de cueca?
Fico envergonhado, fecho a cortina e tiro a cueca.
- Me passa a minha bolsa?
Ele demora um pouco então vejo a bolsa entrando quase sem a cortina se mexer.
Coloco a cueca dentro dela e devolvo.
Tomo um banho no meu tempo, não muito rápido nem demorado. Lavo os cabelos três vezes e me lavo três vezes também, quando termino desligo o chuveiro e antes mesmo de pedir vejo a toalha sendo passada por cima da cortina. Enrolo a toalha na cintura, crio coragem, conto até três e abro a cortina, ele está parado na minha frente, mas está de costas para mim. Eu entro na outra cabine e fecho a cortina.
- Vou aproveitar que você está se trocando e vou tomar banho, tudo bem Non?
- Claro.
Eu termino de colocar a roupa e me sento no banco para secar o cabelo, a porta abre e vejo o primeiro rapaz que veio se sentar com a gente hoje.
- E aí fruto proibido, está fazendo o que sozinho?
- Estou esperando o Ohm.
- Ele está tomando banho?
- Está sim.
Ele vem na minha direção e eu escuto a cortina se abrindo.
- Já falei que é pra parar com essa putaria de fruto proibido.
Eu fico com vergonha do que ele disse, o rapaz levanta as duas mãos e começa a andar para trás.
- Relaxa Ohm é só uma brincadeira, mas se você não gosta, não falo mais. Depois eu volto para me trocar.
Ele abre a porta e sai e o Ohm vem na minha direção e abre a sua bolsa que está ao meu lado. Fico olhando uma gota de água escorrendo pelo seu pescoço, ele se levanta e ela vai para o seu peito, eu vou seguindo ela, sempre que encontra com outra gota ela fica maior e escorre mais rápido até ficar pequena, então volta descer lentamente. Ela passa ao lado do umbigo e então encontra a toalha. Eu suspiro, que pena que ela se foi. Olho para cima e ele está me encarando. Eu apenas sorrio e ele passa a mão pelo cabelo, pega a bolsa e vai para uma cabine e fecha a cortina.
Depois que deixamos as roupas na lavanderia ele me leva até a entrada de serviço para eu saber onde encontrar com ele amanhã, ela da para um beco atrás do hotel.
- Tem certeza que não quer que eu te leve?
- Não precisa mesmo.
- Tudo bem então. Non, posso te tocar de novo?
Eu concordo e ele se aproxima, acho que ele vai me tocar com a mão de novo, mas ele continua aproximando o rosto, sempre sem tirar os olhos dos meus, quando os nossos narizes se tocam ele desvia, beija o meu rosto e fala no meu ouvido.
- Me manda mensagem quando chegar em casa?
Eu aceno concordando.
Ele abaixa e cheira o meu ombro.
- O sabonete não muda o seu cheiro, que bom!
Ele se afasta e sorri.
- Até amanhã então.
- Até amanhã.
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Hotel 68
FanfictionNanon está sozinho em Bangkok pela primeira vez na sua vida, uma cidade onde tudo é novo e diferente de onde ele morava, os lugares, a poluição, o barulho, as pessoas... Ele começa a trabalhar em um hotel como camareiro e vê a sua vida mudando de re...