Parte 2 - Capitulo 6

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Fico sentado na nova poltrona olhando o Ohm montando o berço, pelo menos é o que ele está tentando fazer, porque não está parecendo um berço. Ele para e se afasta um pouco e olha pra mim e da risada, eu levanto e pego o manual e dou para ele.
- Eu falei que seguir o manual era melhor.
- Fico feliz que esteja se divertindo.
Ele coloca a mão no meu rosto e toca os meus lábios.
- Fico muito feliz que esteja se divertindo. Agora senta antes que eu desista de fazer isso para fazer outra coisa.
Sinto o meu rosto formigando, sorrio e me afasto.

- Non, acorda!
Eu me mexo e sinto o meu pescoço doer. Abro os olhos e o Ohm está ajoelhado na minha frente me olhando.
- Oi...
- Oi! Está pronto.
Ele segura a minha mão e me ajuda a levantar, olho em volta e ele fez tudo, os móveis, os brinquedos , o balanço, tudo está exatamente onde ele disse que colocaria.
Ele me abraça e beija o meu rosto.
- O que você acha?
- Ficou ótimo!
- Não vejo a hora de ter a nossa princesinha aqui.
Eu olho para ele e sorrio.
- Ela vai ter sorte de ter você.
- Ela vai ter sorte de ter nós, eu nunca conseguiria criar o Dew sem você, ou no mínimo ele viveria dentro de casa e nem conversar conseguiria. Você é um pai muito melhor do que eu e ela vai precisar tanto da sua paciência e cuidado quanto da minha proteção, assim como foi com o nosso filho.
Ele segura o meu rosto e me beija.
- Ela vai ter sorte por ter nós, porque somos o equilíbrio perfeito.
Eu concordo e ele me beija mais uma vez.
- Está tarde, quer que eu peça alguma coisa hoje para você não precisar cozinhar?
- Não, tudo bem, eu faço o jantar.
- Então vamos descer, antes que você vire o jantar.
O meu rosto  começa a formigar e ele me beija.

Separo os ingredientes para começar a preparar o jantar, o Ohm senta na minha frente com o seu iPad, coloca os óculos e começa a ler, de tempos em tempos eu olho para ele concentrado, quando ele tira os óculos e esfrega os olhos eu fico preocupado.
- Problemas no trabalho?
Ele olha para mim e sorri.
- Eu estou lendo sobre síndrome de down, quero saber quais os melhores especialistas e tratamentos que podem ajudar ela a ter uma vida normal, não quero que ela passe pelas mesmas dificuldades que você e o Dew tiveram na infância por não terem feito o tratamento adequado.
Eu sorrio e aceno, ele está certo, temos que fazer de tudo para que ela tenha uma vida normal.
Eu volto a cortar as batatas, ele se aproxima e me abraça.
- O que você quer de sobremesa?
Eu viro para ele e sorrio.
- Um sorvete com calda de chocolate e tudo o que tenho direito.
Eu dou um beijo rápido nele, mas ele segura o meu rosto e me beija, o meu beijo com calda de chocolate e tudo o que eu tenho direito, empurra a tigela com as batatas, me segura pela cintura e me senta no balcão, começa a abrir a minha camisa e fala baixo no meu ouvido.
- Acho que vou ser generoso e te dar uma fábrica inteira de sorvetes.
Ele beija o meu pescoço e abre a minha calça, quando se abaixa eu fecho os olhos e tento não gemer, então lembro que estamos sozinhos em casa agora, relaxo e aproveito.

Depois do jantar nós vamos para o quarto e o Ohm continua com a pesquisa dele, eu pego o meu livro sobre a história da culinária chinesa, ele fala sobre a culinária esquecida, tem algumas receitas interessantes que eu quero testar para colocar no cardápio do bistrô.
Depois de um tempo o Ohm para de ler e coloca o iPad no criado mudo, deita, vira para mim e fica em silêncio, eu termino o capítulo e marco a página, guardo o livro e me deito de frente para ele.
- Sabe se o Dew vem para casa final de semana?
- Ele vem para trazer as roupas para lavar, porque?
- Nós podemos levar ele para conhecer a Sophie.
Eu sorrio e concordo.
- É uma boa ideia, eu vou falar com ele.
- Será que ele vai gostar dela?
- Porque?
Ele suspira e toca no meu rosto.
- Ele pode pensar que estamos tentando substituir ele.
- Ele não vai pensar isso, Ohm, ele sabe que nós o amamos.
- Eu sei, só não quero que ele se sinta mal por causa dela.
- Ele não vai, nós o criamos bem, tenho certeza que ele vai amar ela como nós amamos.
-  Você está certo como sempre, Non!
Eu sorrio e ele me beija.
- Agora chega de falar dos nossos filhos, eu adorei ouvir você na cozinha, vamos fazer de novo?
Eu sinto o meu rosto formigando e cubro a cabeça, ele segura a minha mão e puxa para baixo devagar.
- Confia em mim?
Eu aceno e ele deita sobre mim.
- Então se prepara, eu vou fazer você gritar bem alto hoje.

DEW

Saio da aula e vou para o refeitório, pego uma bandeja e vou para a fila, me assusto quando alguém me toca, mas quando ela me abraça eu sei que é a Becca.
Nós pegamos os lanches todos na minha bandeja e vamos nos sentar com os nossos amigos. Percebo que o Josh não está por perto.
Fico escutando eles falando sobre as aulas, é tudo novidade, então estão todos animados.
- E você Dew, já desistiu de estudar administração?
- Não e nem vou, eu cresci em um escritório, ao contrário de você eu sei o que quero, Dick.
- Gostava mais quando você falava menos.
Eu dou de ombros e sorrio, olho para a Becca que está sorrindo para mim.
- O que?
Ela se aproxima e beija o meu rosto.
- Depois eu te conto, Gatinho.
Nós continuamos falando sobre as nossas aulas, comparamos os nossos horários para descobrir se tem alguma aula que fazemos juntos, a Becca combina com as meninas de irem no shopping comprar mais algumas coisas para o dormitório, de repente ela fica séria, eu olho na mesma direção que ela e vejo o Josh se aproximando.
- E aí pessoal... Dew... Hum... Será que podemos conversar?
- Claro.
Eu levanto e a Becca segura a minha mão.
- Se alguma coisa acontecer com ele, eu te mato!
Ela está realmente brava com ele. Quando solta o meu braço e eu me levanto, o Josh começa a andar e eu vou atrás, ele sai do refeitório e vai para as mesas de estudos que tem espalhadas no campus, acho que ele vai sentar, mas ele continua andando até chegar em um chafariz, para na frente dele e fica em silêncio, eu paro ao seu lado e fico olhando os peixes.
- Você está bem, Dew?
Eu olho para ele e aceno.
- Estou.
- Eu nunca vi você daquele jeito.
- É o que acontece quando me tocam.
- Mas não é assim com a Becca.
- Não, com ela é diferente.
- É por isso que você está com ela, porque ela pode te tocar?
Eu penso sobre isso por um longo tempo.
- Não é por isso. Eu estou com a Becca porque amo ela, se ela não pudesse me tocar eu daria um jeito de superar isso.
Ele não olha para mim nenhuma vez, só fica observando a água caindo de uma estátua.
- Eu gosto de você, Dew.
Eu sorrio e aceno.
- Também gosto de você, você é o meu melhor amigo.
Ele suspira e vira para mim.
- Não desse jeito, eu gosto de você do mesmo jeito que você gosta da Becca.
- Mas a Becca é minha namorada...
Assim que eu digo isso acho que entendo o que ele quer dizer e não sei o que fazer.
- Eu ia te contar, naquela festa, foi por isso que eu te convidei aquela vez, mas do nada você apareceu com uma garota que eu nunca vi na vida, parecia surpreso, mas estranhamente a vontade com ela, eu acabei desistindo e decidi esperar, então vocês começaram a namorar e agora estão morando juntos.
- Nós não estamos morando juntos.
Ele fica primeiro surpreso e depois sorri, isso não parece bom.
- Mas isso não muda nada, Josh, eu amo ela, amo desde aquela festa, não, acho que eu amo ela desde que eu era uma criança esquisita e mesmo assim uma garota linda se aproximou e enfiou uma bala de goma suja na minha cara e me chamou para pegar conchinhas, eu a amo a mais tempo do que te conheço e sempre vou amar.
Ele fica triste e eu não sei o que mais dizer.
- E nós?
- Você é meu melhor amigo, isso não mudou para mim, não precisa mudar para você.
Ele olha para o lado e pisca algumas vezes.
- Eu vou pensar sobre isso, agora vai lá antes que a Becca arranque as minha bolas.
Ele sorri, mas não olha para mim, apenas vira e vai embora.
Volto para o refeitório e a Becca me olha preocupada.
- Esta tudo bem?
- Está sim.
Ela não parece convencida, mas sorri e beija o meu rosto.
- Que tal matarmos a próxima aula gatinho?
Ela se aproxima e fala no meu ouvido.
- Podemos tomar banho de novo.
Eu sinto o meu rosto esquentando e todos começam a gritar.

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