Ele abre a porta de uma sala bem grande e faz sinal para entrar, parece um estoque.
- Nós trabalhamos com três tipos de carrinhos aqui, esse é para arrumar os quartos, esse para transportar alimentos e esse bagagens, nós somos camareiros, então não carregamos bagagens, para isso existem os mensageiros, mas como eu disse na área VIP nós fazemos de tudo, então especificamente para os hóspedes VIPs não são os mensageiros que fazem o transporte, mas o camareiro exclusivo, que somos nós.
- Entendi.
- Nós vamos ficar em um dos quartos, só tem um VIP hoje, então vai ser tranquilo. Pega o carrinho de limpeza que eu pego o de bagagem.
Eu pego o carrinho e sigo ele. Andamos por alguns corredores até chegar a um balcão.
- Bom dia Lee, VIP.
Tem um rapaz está sentado atrás do balcão, quando escuta o Ohm levanta a cabeça.
- E aí Pawat!
O Ohm da a volta no balcão, eles batem as mãos com um barulho alto e batem os ombros. Ele me olha e sorri.
- Então esse é o famoso fruto proibido? Bonitinho ele.
Eu fico com vergonha e olho para o chão.
- Ahh... Ele é fofo também!
- Cala a boca, não mexe com ele. Me dá o kit do VIP.
- Cara, fala sério, é verdade então o que estão falando?
- O kit Lee!
- Ok cara, foi mal.
- Me dá dois.
- Mas só tem um VIP.
- Só me dá os Kits.
Ele pega dois sacos grandes e coloca no carrinho dele.
- Isso aí normalmente vai no carrinho de camareiro e não no de bagagem.
- Cuida do seu trabalho Lee.
- Foi mal! Cara, vamos sair tomar uma cerveja qualquer dia?
- Vamos sim, me manda uma mensagem.
- Você pode ir também fruto proibido.
Eu sorrio e aceno, não sei o que responder.
- Vamos?
Eu olho para o Ohm e concordo. Ele começa a andar e eu o sigo.
- O seu carrinho normalmente já é armazenado com tudo que você precisa para a limpeza, então a única coisa que você precisa e pegar a roupa de cama limpa aqui na rouparia.
Vamos até o elevador e ele aperta o botão, nós vamos até o último andar e entramos no quarto,é bem diferente do que eu imaginei, eu achava seria um quarto grande, mas está mais para um apartamento, tem sala, cozinha, quarto em ambientes separados.
- Como eu disse nos temos quatro quartos vips, dois deles com apenas um quarto e os outros com dois conjugados, que normalmente sao para famílias. Esse quarto nos não precisamos inspecionar porque não estava em uso.
Ele fecha a porta e vai até uma mesa, tem uma taça grande no meio cheia de chocolates. Ele pega um, morde um pedaço e vem na minha direção, quando ele levanta a mão eu abro a boca e ele sorri, me dá o chocolate e se afasta.
- Lembra como troca lençol?
Eu aceno, ele aponta para a cama que está sem nada e senta cruzando as pernas. Gosto de como ele se move, são sempre movimentos firmes e fluidos, confiantes.
- Non?
- Sim, me desculpe, eu vou fazer.
Pego um dos pacotes, coloco em cima do meu carrinho e abro, tem dois lençóis iguais, um cobertor dourado, um bege, quatro fronhas, duas capas de travesseiro e algumas toalhas.
Pego um lençol e estendo, depois que termino olho para ele que sorri e diz.
- De novo.
Faço isso várias vezes até o telefone dele tocar.
- Bom dia phi! - ele faz uma pausa - nós estamos no VIP 3. Tudo bem.
Ele desliga, não parece muito feliz, mas olha para mim e sorri.
- Mais uma vez.
Tiro o lençol da cama e coloco de novo mais duas vezes e a campainha toca. O Ohm vai até a sala abrir a porta e o senhor Noppharnach entra, ele vê o que estou fazendo e cumprimenta.
- Você está bem hoje Nanon?
- Bom dia! Estou sim senhor.
- Bom, eu vim te buscar, vou te deixar como apoio de outra pessoa.
- Phi!
- Isso não é com você Pawat.
O Ohm para e passa a mão pelos cabelos, eu olho para os dois.
- Eu posso escolher não ir?
- Porque você faria isso?
- Porque eu me sinto a vontade com ele, mas não com outros e ele ensina de um jeito que eu consigo acompanhar e aprender.
Ele me olha sério e depois para o Ohm.
- Nanon, você pode sair por um momento? Não fica no corredor, vai para o banheiro, espera até alguém te chamar, tudo bem?
Eu concordo e saio, fecho a porta, mas ainda consigo ouvir eles conversando.
- Porque isso Phi?
- Você beijou ele? Você beijou Pawat?
Eles ficam em silêncio.
- Quando vieram me contar eu não acreditei, que droga você acha que está fazendo?
- Quem te contou?
- Isso não importa, a pessoa disse que viu você entrando com ele no chuveiro e mandando ele fechar os olhos, então saiu. Acho que não precisa ser muito esperto para imaginar o resto. Eu poderia te demitir por conduta inapropriada.
- Não entendo porque, nós não estávamos trabalhando, não era um local público e a pessoa não viu nada, só deduziu o que estava acontecendo com base em três palavras.
- Não é esse o problema aqui Pawat, eu avisei ontem para você se afastar.
- E porque eu faria isso?
- Pawat, ele é um autista, é praticamente uma criança.
- Não, ele é um homem adulto, que mora sozinho, trabalha e toma as próprias decisões.
- Você não pode estar falando sério!
- Mas é claro que eu estou falando sério.
Eles começam a gritar um com o outro e eu não consigo ouvir mais, coloco as mãos no ouvido e sento no chão. Depois de um tempo a porta abre e o Ohm entra, se abaixa e pega as minhas mãos.
- Você está bem?
Eu vejo o senhor Noppharnach na porta também.
- Eu vou ter que ficar com outra pessoa?
Ele olha para a minha mão, que o Ohm está segurando.
- Você tem certeza que quer aprender com ele?
Eu aceno concordando.
- Você pode ficar, mas eu vou ter que conversar com a sua mãe sobre isso.
Eu concordo mais uma vez e ele sai.
- Ei, está tudo bem, porque você está tremendo?
- Os gritos...
- Entendi, me desculpe.
Ele se aproxima e me abraça.
- Eu te coloquei em problemas, não foi?
- Não se preocupe com isso, mas eu acho melhor você falar com a sua mãe antes que ele fale, é melhor ela escutar a sua versão da história.
- Eu não entendo, porque ele estava tão bravo?
- Porque o que eu fiz foi errado.
- Mas fui eu que pedi.
- Não deixa de ser errado.
Ele toca no meu rosto.
- Non, ele está certo, talvez seja melhor você ficar com outra pessoa.
- Mas eu quero ficar com você.
- Você só me conhece a um dia, vai se adaptar a outra pessoa também.
- Não, eu não vou, eu sei que não vou, não assim.
- Tudo bem, primeiro se acalma. Vamos sair do chão?
Ele me ajuda a levantar, segura a minha mão e me leva para o quarto, solta a minha mão e deita na cama. Eu fico olhando para ele deitado, então ele sorri.
- Deita aqui um pouco.
Eu me sento na cama, ele bate no travesseiro ao seu lado e eu me deito. Ficamos nos olhando em silêncio, aquele silêncio confortável e eu começo a relaxar.
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Hotel 68
FanfictionNanon está sozinho em Bangkok pela primeira vez na sua vida, uma cidade onde tudo é novo e diferente de onde ele morava, os lugares, a poluição, o barulho, as pessoas... Ele começa a trabalhar em um hotel como camareiro e vê a sua vida mudando de re...