Capítulo 13

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Eu chego perto do beco e respiro fundo, conto ate três e volto a andar, quando entro no beco lá está ele, sinto cócegas no estômago, quando ele me vê e sorri o meu coração bate mais forte, minha mãe diz que é porque estou apaixonado.
Eu me aproximo e ele me dá um beijo na testa e o meu copo de chocolate, ele faz a mesma coisa todos os dias.
- Preparado para o seu primeiro dia sozinho?
- Não.
- Não se preocupe, você vai se sair bem, eu garanto e qualquer coisa você pode me mandar uma mensagem que eu vou até você.
Eu sorrio, ele me encara e então suspira.
- Vamos entrar?
Eu vejo ele entrando e respiro fundo e falo.
- Você consegue, Nanon!
Entro e fico observando ele andar, queria ter a mesma confiança dele, por onde passamos as pessoas falam com ele e acenam para mim.
Pegamos os uniformes e vamos para o vestiário, eu me visto e saio, ele vai para trás de mim e arruma a minha faixa. Quando ele termina eu me viro e ele da um passo para trás, olho nos seus olhos e fico tentando ver, a minha mãe disse que eu saberia se ele gosta de mim pelos olhos, porque os olhos não mentem, mas eu não sei o que procurar, é o mesmo olhar que ele me olha desde o primeiro dia. Dou um passo na sua direção, ele da um passo para trás e sorri.
- Vamos ver como vai ficar a sua escala?
Eu concordo e o sigo.
Hoje eu completo uma semana, fiquei com ele todos os dias na semana passada, no sábado a governanta me avaliou e deu os parabéns, segundo ela normal um funcionário leva pelo menos duas semanas para aprender tudo, mas eu aprendi em menos de uma, o Ohm ficou tão contente quando eu contei que me beijou, mas fora isso ele não chega perto e nem me toca desde o dia do jantar. Eu queria cozinhar, mas como ele não ofereceu mais eu acho que ele não quer que eu vá lá.
Mesmo assim ele é o meu melhor amigo, é o primeiro amigo de verdade que eu tenho. Ele cuida de mim e se preocupa comigo, me manda sempre mensagens perguntando como eu estou e me leva para a pensão todo dia de moto, não deixa as pessoas mexerem comigo e me ajuda em tudo que eu preciso.
Olho para ele mais uma vez e suspiro, queria saber se ele gosta de mim. Ele me olha, sorri e diz.
- Quando entrar fica perto de mim, as segundas temos reunião com toda a equipe, então vai estar cheio.
Eu concordo e chego mais perto dele. Quando abre a porta eu vejo que realmente está cheio e barulhento, eu dou um passo para trás, mas ele segura a minha mão.
- Se concentra em mim.
Eu aceno e ele solta a minha mão, entra e eu entro atrás. Vamos para um canto, mas ainda tem muita gente e estão todos olhando para nós.
Ele se vira para mim e olha nos meus olhos e fala baixo.
- São só alguns minutos.
Olho em volta e depois pra ele, é melhor não olhar para os outros. Ele olha em volta e levanta a mão acenando para alguém, então o Chimon vem até nós desviando de várias pessoas. Ele cumprimenta o Ohm com aquele toque que faz um barulho alto, então o Ohm segura ele, vira de frente pra mim e para do lado dele, os dois fazem uma barreira e eu não consigo ver nada, eu sorrio para o Ohm.
- Tá tudo bem Fruto... Nanon?
Ainda me chamam por esse apelido, mas o Ohm fica muito bravo, então não fazem na frente dele, mas quando me encontram sozinho me chamam assim, eu não me importo, isso sempre lembra o nome que ele colocou no meu celular.
Eu aceno, mas lembro que o Ohm pediu para eu tentar falar ao invés de acenar quando forem outras pessoas.
- Eu estou bem, não gosto de lugares cheios.
- Logo você acostuma. Fiquei sabendo que já vai ficar sozinho, estão falando que é um recorde aqui no hotel.
- Ele teve um bom professor.
- Não se acha Ohm, você deve ter feito ele se matar de trabalhar.
- Não fez!
Eles me olham e o Ohm sorri.
- Não da bola pra ele.
Alguém chama a atenção na frente, é a mulher brava, os dois se viram mais continuam na minha frente.
- Silêncio, silêncio! Bom dia a todos! Começamos mais uma semana, a nova escala já está fixada no mural, lembrando que trocas não são permitidas. Essa semana daremos as boas vindas oficialmente ao nosso novo funcionário. Korapat?
Eu me assusto quando escuto o meu nome, as pessoas olham na nossa direção, mas o Ohm e o Chimon ainda estão na minha frente. O Ohm da um passo para o lado e encosta na parede, mas parte corpo ainda está na minha frente . Eu levanto a mão e aceno, quando abaixo sinto ele pegando ela, entrelaça os dedos nos meus e puxa a minha mão devagar para ficar perto dele ao lado da parede .
- Bom pessoal, esse é o Korapat, ele começou conosco há uma semana e como eu acredito que a maioria já deve saber, ele já foi avaliado e já vai começar a assumir postos sozinho.
Eles começam a aplaudir e eu me assusto, o Ohm aperta a minha mão e eu olho para baixo. Gosto da mão dele, ele nunca tinha segurado a minha mão assim, mas ... O Chimon me cutuca, olho para ele que sorri e aponta com a cabeça para frente, eu olho para frente e estão me olhando, o Chimon mais uma vez da um sorriso exagerado, então eu tento sorrir também.
- Tudo bem pessoal, vamos aos avisos.
O Chimon me olha e segue o meu braço, quando ele vê as nossas mãos balança a cabeça e vira para frente. O Ohm da um passo para o lado para ficar na minha frente de novo, mas não solta a minha mão.
Depois que a governanta encerra a reunião, as pessoas começam a ir para frente e depois sair. O Chimon se move, mas o Ohm pede para ele esperar, quando todos saem ele solta a minha mão e se vira.
- Vamos olhar a sua escala?
- Cara você tem que disfarçar melhor, vai acabar colocando ele em problemas.
- Eu sei.
Eu fico olhando sem entender do que eles estão falando. O Chimon me olha e brinca.
- Acho que eu devia ganhar um passe livre para te chamar de Fruto Proibido.
- Eu não me importo, todos chamam assim.
- Mas eu me importo e você devia se importar também.
- Mas isso me lembra você.
Ele mais uma vez fica me encarando até o Chimon bater no ombro dele.
- Problemas cara, problemas.

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