Wanna Be Yours

Fim da terapia

Os dedos cruzados apoiados no joelho, enquanto a ponta de um dos pés bate constantemente no chão, esse sou eu ansioso Park Jimin, aguardando o psicólogo.
Olho para o chão e o movimento faz com que uma mecha do meu cabelo acabe soltando de trás da orelha. Suspiro irritado, nunca demorou tanto para o Doutor Joo me atender.

Levanto e ando até a recepção. Já estou a meia hora ou mais aguardando ser chamado para uma terapia que por mim não existiria, mas segundo a administração do hospital, pra que eu mantivesse meu emprego depois do "estresse" que passei com Max, precisava de uma avaliação psicológica por pelo menos um ano, e já fazia onze meses dessa agonia, o que me deixava ansioso pra terminar logo.

Com pouca paciência, chego perto do balcão e percebo um leve rolar de olhos da recepcionista ao me ver.

-Oi, com licença. Queria saber se vai demorar muito para o Doutor Joo chegar. - Minha voz é ridiculamente baixa.

-Senhor Park, correto? - ela pergunta de forma retórica, já que não aguarda minha resposta e digita algo no computador, típicas decepcionistas. - Sinto muito... Hm... Ele... houve um problema familiar e ele teve que ir - ela diz e dá um sorriso de desculpas.

-Hum. Mas... - Porra, ela nem se quer me avisou? Sabia que eu estava esperando - Tudo bem então. - Falo mesmo sentindo que não está tudo bem.

Suspiro, agora do lado de fora pensando que eu não precisaria estar nessa situação porque no hospital onde trabalho tem mais de um psicólogo. Além disso, não sinto que esteja tendo retorno positivo, tendo em vista que só de estar indo a essa terapia me faz lembrar o motivo de estar ali...

[...]

Chego no ponto de ônibus e já desanimo pois não tem um terminal de metrô, o que é um absurdo já que o consultório fica no centro da cidade.

"Honestamente preciso comprar um carro."

Penso, lembrando que tinha ideia de comprar um quando comecei a me interessar por assistência domiciliar, mas isso tem mais de dois anos no meu primeiro e último atendimento em casa, e não vai ser todo lugar que vai ter um metrô que além de seguro fica a uma rua da minha casa. Por isso aguardo o ônibus lendo o último romance que comprei, O Melhor de Mim - Nicholas Sparks.

[...]

Chego no hospital e ando até o balcão da recepção.
Preciso assinar uma folha de chegada porque não me deram o crachá ainda para controle deles, por isso sempre começo atrasado os plantões, e com a demora de Iasmin, acabo me atrasando um pouquinho mais.
Obviamente que isso é por simples desconfiança, acham que eu vou surtar a qualquer momento, então me monitoram e essa folha é só pra provar que eu estava indo trabalhar.

Rolo os olhos com o pensamento, e Iasmin me olha no mesmo momento. Ela cora e sorrir sem graça, me entregando a folha de chegada.
Talvez ela pense que seja pra ela, mas não tenho paciência de explicar, todos me olham com olhar de pena e isso me incomoda, principalmente quando tento explicar as coisas e me atrapalho simplesmente por não querer falar sobre.

Depois de toda luta pra entrar no hospital, assinando a folha e encarando o olhar desconfiado do segurança, todo dia tem um diferente, chego no vestiário e encontro Erina. Sentada, com o uniforme do hospital azul marinho, cabelo em um coque e com o celular na mão em um dos bancos no vestiário, ela tira os olhos do celular por um momento quando eu entro.

-Atrasado, meu bem?! - me encara por um tempo e volta os olhos para o celular. - Vou dedurar você.

Erina é o anjo que entrou na minha vida, por causa dela consegui sair vivo do cárcere do Max e hoje estou no hospital são Matheus.
Fez tudo que pôde por mim e hoje é mais que uma amiga é uma irmã. A única com quem eu fico a vontade de verdade.