Prólogo

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Ouvi um barulho de caminhão vindo do lado de fora da casa e corri para a janela, debruçando-me sobre o parapeito. Alguns homens descarregavam móveis do veículo e os levavam para dentro da casa em frente à minha.

Novos vizinhos, pensei com entusiasmo.

Meus olhos se encheram de alegria ao avistar um garotinho ao lado de uma mulher – que supus ser sua mãe. Ele aparentava ter a mesma idade que eu e Dylan, meu melhor amigo, que tem oito anos, assim como eu. Agora teríamos mais um companheiro para brincar. Adoro as nossas aventuras, mas ter um novo integrante na nossa "equipe" não me parecia nada mal.

Saí de casa e corri até a residência ao lado, onde morava o Dylan. Bati alegremente na porta, e não demorou muito para que ele a abrisse. Ele me deu passagem e entrei no imóvel.

— O que faz aqui, Nana? – disse ele, usando o apelido que tanto gosto.

— Você não viu? Vamos ter um novo amiguinho! – exclamei animada.

— Pra mim, você já é o suficiente!

— Você também é para mim, mas acho que podemos ter mais do que o suficiente!

— E isso é possível?

— Acredito que sim.

— Tudo bem... acho que podemos ser amigos de mais alguém. – ele se deu por vencido.

— Eba! – comemorei.

Pedimos ajuda à mãe de Dylan para atravessarmos a rua, já que a casa do nosso futuro amiguinho ficava do outro lado. Eu estava tão eufórica que mal via a hora de começarmos essa nova amizade. Já podia imaginar o quanto nossas brincadeiras seriam incríveis.

Tia Valquíria tocou a campainha, e logo a moça que eu vira mais cedo apareceu com o garotinho ao seu lado. Ele se escondia atrás das pernas dela, parecendo envergonhado.

— Você não vai me trocar por ele, não é? – Dylan sussurrou no meu ouvido.

— Jamais.

Tia Valquíria conversava com a mãe daquele menino, mas ele ainda não tinha saído de trás das pernas dela. Até que ela reparou na timidez do pequeno e o mandou vir até nós. Quando nossos olhos se encontraram, senti o meu pobre coração acelerar, como jamais havia acelerado antes.

— Oi, o meu nome é Brad. - disse envergonhado.

— O meu é Dylan.

— O meu é...é Hannah. — disse enrolada.

— É um belo nome! — disse ao dar um pequeno sorriso. E pude jurar que estava hipnotizada.

— É, o nome dela é bonito mesmo. — Dylan disse irritado. Mas porquê ele estava assim?

E desde daquele dia nós viramos amigos. Todas as tardes nós brincávamos juntos. Ao contrário de mim e Dylan, Brad era filho único. O que o fez passar ainda mais tempo com a gente. Dylan e Brad às vezes brigavam, mas sempre faziam as pazes.

Com o tempo descobri que o que eu sentia por Brad era paixão, eu estava apaixonada por ele. Acho que por isso nunca o vi apenas como amigo, e sempre ficava nervosa ao seu lado. Mas com Dylan as coisas sempre foram mais fáceis, afinal, ele era o meu melhor amigo, e nada mudaria isso.

Bom... ao menos era o que eu pensava.

Dois dias depois do meu aniversário de quinze anos Dylan teve que se mudar com a sua família para outro estado. O pai de Dylan havia recebido uma proposta de emprego irrecusável, então, eles alugaram a casa e partiram.

Eu não fiz festa de quinze anos, preferi passar o dia com os meus amigos em um clube de piscina. Me lembro de ter passado os dias antes de sua partida chorando, não imaginava a minha vida sem Dylan. As coisas nem sempre são do jeito que a gente quer, e eu não queria ficar longe dele. Mas nós não perdemos o contato, nós nos falávamos sempre. Até quando deu.

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora