NÃO ERA VOCÊ

Capítulo Vinte e cinco. - O que é o óbvio?

Sai do banheiro enrolada na toalha. Olívia está me obrigando a contar o que aconteceu no shopping, mas consegui a enrolar no caminho até aqui, dizendo que precisava tomar um banho primeiro. E eu realmente precisava, principalmente para esfriar a cabeça.

Abri a porta do quarto, dando de cara com a minha irmã.

--- Você realmente está ansiosa, não é?

--- Sabe que tenho que saber de todos os acontecimentos da sua vida.

--- É, eu sei.

Peguei uma camisola no armário, a vestindo. Olívia estava deitada na minha cama, por isso decidi desembaraçar o cabelo na cadeira da minha escrivaninha.

--- Eu o segui no shopping.

--- Isso eu já sei! Quero saber sobre o que vocês conversaram.

--- Perguntei a razão de ele ter se afastado, e se eu tinha feito algo de errado.

--- O que ele respondeu?

--- Que não adiantaria me dizer porque não mudaria o que eu sinto.

--- Prossiga...

--- Depois eu pedi para que ele não se afastasse. - fechei os olhos ao lembrar de suas palavras.

--- E o que ele disse?

--- Que o machucava ficar do meu lado. Que o machucava não ser o que eu preciso. Que o machucava não ser o suficiente pra mim...

--- Você disse que ele estava enganado?

Afirmei.

--- Mas não consegui falar tudo, Thalita apareceu estragando o momento.

--- E só foi isso o que aconteceu?

--- Ele também disse que eu tenho dificuldade em enxergar o óbvio. Não sei o que ele quis dizer com isso... é uma grande incógnita no meu cérebro.

Olívia suspirou.

--- Você é tão esperta pra algumas coisas, e tão lerda pra outras...

--- O que você quer dizer?

--- Eu queria que você percebesse isso sozinha, mas já estou vendo que não vai rolar.

--- Fala logo, Olívia.

--- O Dylan sempre foi apaixonado por você, irmãzinha.

--- O quê?!

Essa possibilidade agitou todo o meu corpo. Isso é impossível, não é?

Sempre fomos melhores amigos, nada além disso. E ele sempre me ajudou em relação a Brad.

--- Isso é impossível. - balancei a cabeça negativamente.

--- Claro que não é. Os sentimentos dele por você sempre foram explícitos.

--- Ele me amava como amiga.

--- Você acha que ele seria tão carinhoso com uma amiga?

--- Com a melhor amiga, sim.

--- Como você é teimosa! - bufou.

De repente a teoria louca de Olívia fez sentido quando me lembrei do que encontrei no quarto de Dylan, o meu livro preferido com as minhas fotos sendo usadas como marca páginas. Aquilo foi realmente estranho.
E com isso, todo o falatório de Dylan pareceu ter sentido.

Ele realmente gostava de mim?

Isso parece ser algo tão irreal.

Como não percebi isso antes?

--- Acho que a sua paixão pelo Brad te cegou. - minha irmã falou, parecendo ler os meus pensamentos. - Imagina o quanto deve ter sido dolorido pro Dylan te ver apaixonada por outra pessoa, por anos.

Eu não conseguia falar, o choque era tão grande que a minha capacidade de assimilar as coisas havia diminuído.

--- Acho que nesse tempo em que ele ficou fora imaginou que já havia te perdido de vez. Que você já havia o trocado por Brad.

--- Eu jamais faria isso...

--- Talvez ele não pense dessa forma.

--- Ele devia ter me contado o que sentia. - meus olhos começaram a lacrimejar. - Nós podíamos ter resolvido as coisas...

--- Você corresponderia o que ele sente?

--- O que?

--- Seja sincera, você o corresponderia?

--- Não dá pra ser apaixonada por duas pessoas, Olívia!

--- Mas você escolheria ser apaixonada por ele?

--- Isso não se escolhe!

--- Então, ele não era o suficiente pra você.

--- Você não sabe do que está falando!

--- Sabe, Hannah, não acho que você seja completamente nula aos sentimentos dele. Acho que você só tem medo de adimitir pra si mesma que também sente algo a mais por Dylan.

--- Está insinuado que gosto dos dois, é isso?

--- Estou insinuado que você pode ter medo do que sente, medo de estragar tudo. Ouça o seu coração, maninha, é só o que eu te peço. - se levantou da cama, indo em direção a porta. - Vou te deixar um pouco sozinha, para ligar os pontos e ver que os sentimentos dele sempre estiveram alí.

Ela me desejou uma "boa noite" antes de sair pela porta.

Me sinto perdida e frustrada. A minha vida toda parece uma mentira agora. Como não percebi o que ele sentia?

Como não percebi algo na pessoa em que eu mais conhecia no mundo?!

É tudo culpa minha... eu o fiz sofrer.

Fiz o meu melhor amigo privar os seus sentimentos. O fiz se sentir trocado.

Devo ser uma pessoa horrível.

Como fui partir o coração de uma pessoa incrível como Dylan?