NÃO ERA VOCÊ

Capítulo Dois. - Era pra ter sido eu.

Flashback:

Eu tinha quase catorze anos quando Brad teve a sua primeira namorada. Quando ele nos contou a novidade, senti meu coração se partir em mil pedacinhos. Sempre achei que iria ser a sua primeira namorada, e que ficaríamos juntos pelo resto da vida. Essa era a bela história que eu desejava contar aos nossos netos. Mas eu não era a primeira namorada de Brad, e muito menos a sua primeira paixão.

Dylan sabia que eu gostava de Brad, eu havia tentado esconder isso por um bom tempo, mas não consigo esconder nada do meu melhor amigo. Dylan não havia gostado dos meus sentimentos por Brad, ele era um amigo bastante ciumento. Todos os meus amigos homens nunca prestavam para ele, o único que ele aceitava, um pouco, era Brad, isso porque eles também eram amigos.

Na primeira semana do namoro de Brad, eu sofria escutando Taylor Swift, e tomando um pote de sorvete. Eva não aguentava essa minha versão de "coração partido" e fazia de tudo para me animar. Mas naquele momento eu só queria viver o meu sofrimento. A única pessoa que me entendia de verdade era Dylan, ele sempre sabia tudo sobre mim, às vezes até mais do que eu mesma.

— O Brad não merece o seu sofrimento! — Aconselhou Dylan.

— Mas eu queria ser a primeira e última namorada dele. — Choraminguei.

— Mas ele não quis que fosse você!

— Não seja cruel!

— Só quero o melhor para você, e no momento não é o Brad.

— Não importa!

— Ainda somos muito jovens, Nana, temos a vida toda pela frente!

— Eu sei, mas a primeira namorada dele devia ter sido eu!

— Talvez ele não seja o cara certo pra você...

— E quem mais seria?!

Dylan pareceu pensar. Ele me olhou por alguns segundos, mas não disse nada. Demorou um tempo para que ele se pronunciasse novamente.

— Não sei quem seria o cara certo para você, mas espero que o encontre.

— Mas eu já encontrei.

— Como pode ter tanta certeza?

— Analise os fatos.

— Se for pelo tempo que vocês se conhecem, eu te conheço desde sempre!

As nossas mães se mudaram pra cá na mesma época enquanto estavam grávidas. Dylan é apenas dois meses mais novo do que eu. Nossas mães não haviam se conhecido antes, o que torna tudo uma obra do destino. Eu e Dylan estávamos destinados a sermos melhores amigos. Por isso, ele sempre esteve na minha vida. Ele sempre esteve ao meu lado, independente de tudo.

— Não é apenas sobre questão de tempo.

— E o que é?

— Você não entenderia.

— Eu te entendo muito bem.

— Mas você nunca se apaixonou.

Ele ficou em silêncio, e essa atitude me deixou na dúvida. Dylan já havia se apaixonado? Se sim, ele me contaria, não é? Nós nunca tivemos segredos.

— Você me contaria se estivesse apaixonado, não é? - perguntei.

— S-sim.

— Você está apaixonado?

— Não.

Por alguma razão um alívio surgiu em meu peito. Acho que eu tinha medo de que Dylan me esquecesse quando começasse a namorar.

— Me promete uma coisa? — pedi.

— Diga.

— Quando você se apaixonar por alguém, não se esqueça de mim, por favor. Não sei como seria a minha vida sem você.

— Eu nunca vou te esquecer, Nana!

Sorri de lado e o abracei. Naquele momento tive certeza que seríamos o suficiente um pro outro, não importava o que acontecesse. Brad poderia partir o meu coração milhões de vezes, mas eu sempre teria o Dylan pra me consolar. Ele sempre estaria ali pra mim. Pelo menos era assim que eu pensava.

— Você sempre será o suficiente pra mim, Nana.

— E você pra mim.

Ele colocou a sua cabeça na curva do meu pescoço, e nós ficamos alí, abraçados. Naquele momento percebi como Dylan havia crescido, e me perguntei se aquela posição não seria desagradável pra ele. Mas deixei isso de lado e aproveitei o abraço.

Não demorou muito para que Brad terminasse com aquela garota, mas logo depois veio a Paloma, depois a Camilla, e depois a Stephanie. Enfim, muitas outras. Ele não durava com ninguém, porque ainda não havia encontrado a garota certa, mesmo ela estando ao seu lado. Mas um dia ele iria descobrir isso, eu tinha a mais pura certeza.