Capítulo treze. - Jogo bobo

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Flashback:

Quando tínhamos treze anos eu e os meninos ficamos viciados em jogar verdade ou desafio. Eu tinha instalado o aplicativo no tablet. Nós não fazíamos as perguntas e os desafios, quem fazia era o aplicativo. Nos conhecíamos bem demais para ter o que perguntar um ao outro. Não haviam segredos entre nós. Apenas um, mas só Brad não sabia, porque o que eu sentia por ele era o segredo.

— Minha vez de girar! -— Brad disse alegre. Ele girou a garrafa virtual e o meu nome apareceu na tela.

— Escolha, Nana, escolha. — Dylan se animou.

— Escolho verdade.

Os olhos de Brad se arregalaram ao ler a pergunta, mas quando ele disse o que era fiz a mesma expressão.

— Com qual pessoa da roda você se casaria?

Minha nossa.

Devo dizer a verdade?

Mas e se Brad não gostar do que eu sinto por ele?

E se ele só quiser ser meu amigo?

Dylan sabe de quem eu realmente gosto, acho que ele não se importaria se eu o usasse pra esconder isso, não é?

Essas eram as perguntas que rondavam a minha cabeça naquele momento. E acho que foram elas que me levaram a dizer:

— Com o Dylan.

Pude ver o choque no olhar de ambos. Nenhum dos dois esperava por isso, tenho certeza.

— Por quê? — Brad perguntou confuso.

— N-Não sei.

Tenho certeza de que fiquei corada.

— V-Vou girar agora. — Dylan se atrapalhou nas palavras, assim como eu tinha.

E mais uma vez a garrafa virtual parou e o nome de Dylan preencheu a tela.

— Desafio. — ele disse sem delongas.

Brad pegou o tablet, para ter mais suspense, e leu o desafio em voz alto.

— Dê um beijo na bochecha da pessoa a sua esquerda.

Era eu. Eu estava à sua esquerda.

Dylan deu um sorriso meigo antes de colocar os seus lábios na minha pele por alguns míseros segundos. Brad forçou a garganta.

— É, parece que esse jogo gosta de juntar vocês. — Ele parecia chateado.

— É só um jogo bobo. — Falei.

Ele me ignorou, mas segundos depois disse:

— Sua vez de girar.

Peguei o aparelho de suas mãos e girei a garrafa. O nome de Brad encheu a tela.

— Finalmente eu! — festejou. — Escolho desafio.

— Boa, cara.

Cliquei na opção "desafio" e para a minha decepção não apareceu nada de empolgante.

— Cheire o pé de Dylan. — li em voz alta.

Brad abriu a boca em um perfeito " O ".

— Eu só me ferro nesse jogo!

— Cheire o meu pezinho. — Dylan disse em um tom zombeteiro enquanto balançava os dedos do pé.

Brad fez uma careta, mas logo cumpriu o desafio.

— Sou cheiroso, não tenho chulé! — sorriu de lado.

— Pelo menos tive essa sorte! — Brad disse aliviado.

— Ei, eu também sou cheirosa! —Fiz drama.

— Não foi isso o que eu quis dizer...

— Espero.

Jogamos por mais um tempo, mas logo tivemos que parar, já estava tarde da noite e no dia seguinte teríamos aula.

Naquele dia Dylan foi o primeiro a ir pra casa, e Brad aproveitou a oportunidade para para perguntar algo que realmente ne pegou desprevenida.

— Você realmente se casaria com o Dylan?

— Aquilo só foi um jogo.

— Então, por que não disse o meu nome?

O que eu diria a ele?

Que só não disse o seu nome porque tive medo da sua reação?

 O nome dele foi o primeiro que me veio à cabeça. — menti.

— Você já pensou na possibilidade de estar gostando dele?

Arregalei os meus olhos imediatamente. Eu e Dylan? Eu nunca tinha pensando nisso antes. Nunca havia pensado nele como algo a mais do que o meu melhor amigo.

— Eu não estou.

— Pode me contar, não vou dizer a ele. — Insistiu.

— Não gosto dele dessa forma.

— Tem certeza?

— Eu gosto de outra pessoa. — acabei soltando sem querer.

— De quem? — ele realmente parecia curioso.

— Não posso dizer.

— Por quê?

— É algo meu.

— Achei que não guardávamos segredos.

— E não guardamos, só não quero dizer agora.

Ele não insistiu mais naquele momento, mas sempre que tinha a oportunidade me perguntava quem era essa pessoa misteriosa. Ele nem desconfiava de que era ele, que era dele o meu coração. Eu me sentia aliviada por isso. Com o tempo consegui o enrolar, e ele pareceu esquecer este assunto.

Uma parte de mim sempre quis que ele soubesse dos meus sentimentos, mas a outra sempre teve medo da sua reação.

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora