Capítulo Dez. - Coisas de irmãs.

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Revirei de um lado a outro da cama, mas nada do sono vir. A minha cabeça está lotada de pensamentos, e a minha mente não consegue relaxar. Odeio quando isso acontece. Desisti de tentar dormir. Calcei as minhas pantufas, e fui até o quarto da minha irmã. Dei três batidinhas na porta e ela liberou a minha entrada. É claro que Olívia não estava dormindo, ela passa a maior parte da noite estudando. Não sei como ela consegue.

— O que houve? — perguntou.

— Insônia. — me sentei em sua cama.

— Você só não consegue dormir quando algo te atormenta. — disse ao virar em minha direção na cadeira giratória de sua escrivaninha.

— Você está certa.

— Então, me conte o que aconteceu.

— Lembra da resenha que fui no sábado?

Ela balançou a cabeça em afirmação.

— Eu meio que...perdi o bv.

Pude notar o exato minuto em que ela arregalou os olhos. Eu não tinha tido coragem de ter a contado antes. O beijo foi uma merda, e subconsciente, eu estava com vergonha daquilo.

— Foi com o Brad? Ele finalmente notou você?

Fiz careta, e neguei com a cabeça.

— Então, com quem foi?

— Com o Gustavo.

— O cara chato da sua escola?

— Sim.

— Minha nossa — disse espantada. — E como foi?

— Uma merda, e ele ainda tentou me difamar.

— Que babaca!

— Pois é.

— Vou quebrar a cara dele!

— Não precisa, já fiz isso.

— Essa é a minha garota! — sorriu orgulhosa.

— O Dylan também bateu nele, pra me defender.

— Oh, ele voltou a falar com você?

— Infelizmente, não.

— Ele está muito estranho.

— E como. Queria ao menos saber o porquê de tudo isso.

— O tempo revela tudo.

— É verdade.

— Mas é só isso que te atormenta?

— Acho que não...

— Sou toda ouvidos.

— Quando estávamos voltando da escola, Brad me perguntou sobre o beijo. — mordi o lábio inferior. - Não sei se foi impressão minha, mas ele parecia incomodado.

— Isso é maravilhoso!

— Como assim?

— Ciúmes é o primeiro sinal que uma pessoa dá quando gosta da gente.

— Mas que tipo de gostar?

Olívia se levantou da cadeira, e sentou ao meu lado na cama.

— Isso varia de relação pra relação.

— Complexo.

Ela riu.

— Mas eu acho que ele pode estar começando a ter ver com outros olhos.

Só com essa pequena possibilidade o meu coração errou as batidas. Sempre quis que Brad me enxergasse mais que uma amiga. E só a pequena possibilidade de isso estar acontecendo, o meu corpo arde em alegria.

— Você acha? — tentei disfarçar a minha animação.

— Talvez, não tenho certeza.

— É uma pena.

— Uma pena é você não ter me contado que perdeu o bv.

— Mas eu acabei de contar.

— Era pra ter me contado no mesmo dia! Estou decepcionada.

— Foi mal, fiquei com vergonha.

— Não precisa ter vergonha. Sou sua irmã mais velha, estou aqui pra te apoiar e aconselhar. É pra você me contar tudo, entendeu?

— Sim.

— Com certeza a Eva soube na hora. — fez drama.

— Para com isso!— brinquei.

— Eu devia ter sido a primeira a saber. As primeiras vezes, fofocas, e acontecimentos do cotidiano, essas coisas você tem que me contar.

— Prometo nunca mais esquecer de te falar tudo.

— Muito bem! — sorriu de lado.

A abracei em agradecimento pelos conselhos. Eva também me aconselha sobre algumas coisas, mas os conselhos da minha irmã são os melhores.

— Tenho medo do dia que você sair de casa! — comentei.

— Ainda tenho esse ano e o outro na faculdade, não vai se livrar de mim nem tão cedo.

— Espero que você só se mude quando se casar.

— Não é uma má ideia. — rimos.

— Amo você, maninha.

— Também te amo, pirralha. — brincou.

Deitei em sua enorme cama de casal. É injustiça a cama dela ser maior do que a minha.

— Vou dormir aqui hoje. — avisei.

— Mas é uma folgada mesmo!

— E você vai ter que me aturar pro resto  da vida!

Não conseguimos conter a risada. Olívia  e eu sempre tivemos uma relação maravilhosa. Às vezes nós brigamos, é claro, mas isso é coisa de irmãs. Ela sempre está lá quando preciso, como um porto seguro. Não importa o que aconteça, sei que posso contar com ela. Além de irmã, ela também é a minha melhor amiga. Tenho a melhor irmã do mundo, e sou muito grata por isso.

Nos cobrimos com o cobertor de casal, e não demorou muito para que eu caísse no sono. Eu realmente só precisava desabar, botar tudo pra fora. Ficar com a mente mais leve é realmente maravilhoso.

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora