Capítulo Vinte e nove. - Obrigada por isso.

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Abri os olhos lentamente, me acostumando com a claridade. O lençol cobria perfeitamente todo o meu corpo, como se alguém tivesse me coberto. Demorei alguns segundos até me dar conta de que estava no meu quarto.

Como vim parar aqui?

Me sentei, tirando o pano de cima de mim. Ainda estou usando o vestido que fui pra festa.

Antes que o meu cérebro começasse a formular ainda mais perguntas, Olívia entrou no quarto.

— Bom dia, dorminhoca! Acho que alguém me deve algumas explicações...

— Eu já estou precisando de algumas, acredite.

Minha irmã riu, balançando a cabeça.

— Do que você se lembra?

— Me lembro de rever um conhecido na festa, de Eva ter me tirado do sério, e...— os flashes da noite passada começaram a surgir na minha mente. — Minha nossa, acho que falei muitas bobeiras pro Dylan. — coloquei a mão na boca, em choque com as coisas que estava me lembrando. — Como vim parar aqui?

— O seu melhor amigo te carregou até aqui.

— O quê?

— Vocês vinheram em um carro de aplicativo...

— Disso eu me lembro. — a interrompi.

— Eu estava esperando você me ligar pra ir te buscar quando ouvi batidas na porta. Ele contou o que aconteceu e te colocou na cama.

Tenho certeza de que a minha boca deve estar aberta agora.

É estranho o fato do novo Dylan ter feito tudo isso por mim. Isso é um sinal de que o antigo ele ainda existe, não é?

Quero enfiar a minha cabeça debaixo da terra!

Nunca mais vou beber.

— Eu tô chocada. — foi tudo o que  consegui dizer.

— Se você está, imagine eu. Nunca pensei que a minha irmãzinha gostasse tanto de beber  desse jeito!

— Ontem, foi um equivoco, tá bom?

— Espero.

— O papai e a mamãe sabem?

— Acordaram com o barulho. Eles têm sono leve, sabe disso.

— Merda.

— Vai tomar um banho, eles estão te esperando pra tomar o café da manhã. Se prepare para uma longa conversa!

— Eu quero morrer! — enfiei a cara no travesseiro.

— Sem exageros. Sei que você quer viver, e muito.

— Estou tão envergonhada!

— Não adianta chorar pelo leite derramado. Agora vá se arrumar!

Fiquei alguns minutos deitada até me levantar para tomar banho. Enrolei o máximo que pude no chuveiro, na esperança  de que os meus pais tomassem o café e saíssem pra resolver alguma coisa, e quando voltassem não se lembrariam do ocorrido.

A cada degrau que descia o meu coração  ficava acelerado. Nunca fui uma menina de aprontar em festas. Não estou acostumada a levar reclamação por coisas assim.

— Hannah?

— Oi, pai, bom dia!

— Estávamos te esperando pra comer. Senta aí.

Sorri de nervoso, e me juntei a eles na mesa.

— Não sabia que você e o Dylan tinham voltado a se falar, fico feliz! — minha mãe falou enquanto passava manteiga no pão.

— Ele me ajudou bastante ontem a noite.

— Ainda bem que ele estava lá quando sua pressão ficou baixa.

— O quê?

— Ele nos contou que você tomou algumas cervejas sem comer nada e acabou passando mal.

Olhei desconfiada para Olívia que me lançou um sorrisinho.

— Filha, nós já tivemos essa conversa. Você precisa se alimentar enquanto toma alguma bebida alcoólica.

— Desculpa, me empolguei tanto que acabei esquecendo.

— Levamos um susto quando vimos que você não voltou com Olívia. Ainda bem que Dylan estava lá!

— Ainda bem...

— Não cometa esse erro novamente, querida. Nem sempre vai ter alguém pra te ajudar.

A minha cabeça começou a latejar, beberiquei o café para disfarçar a careta.

Depois de alguns minutos a conversa mudou de rumo, e agradeci aos céus por  isso.

Ao fim da refeição os meus pais foram se arrumar para irem ao supermercado.
Olívia me entregou um comprimido para dor de cabeça junto com um copo de água.

— Obrigada.

— Por nada.

— Por que não me contou que tinham inventado uma história? Eu quase infartei!

— Eu devia ter contado a verdade pra eles, você não cumpriu com a promessa. Tem sorte de eu ter achado bonitinho o Dylan querer te encobrir.

— Ele que fez isso?

— Concerteza. Eu já ia te entregar, amorzinho.

— Acho que devo agradecer a ele...

— Tenho certeza que esse é o certo a se fazer.

Concordei.

Ficamos conversando por um tempo, até eu tomar coragem de falar com ele.

Subi as escadas e entrei no meu quarto. Abri a janela e vi que a de Dylan estava aberta. Este deve ser o momento certo para o agradecer, não é?

Chamei algumas vezes pelo o seu nome, mas ele não apareceu alí. Não me dando por vencida, fui até um jarro de planta da minha mãe e peguei algumas pedrinhas.

Isso é tão patético.

Joguei algumas pedrinhas na sua janela, para chamar a sua atenção, e parece que deu certo porque Dylan apareceu com uma cara confusa.

— Você que estava jogando isso? — pegou uma pedra que caiu no seu quarto.

Mordi o lábio inferior em constrangimento.

— Sim, fui eu. Desculpa, só queria chamar a sua atenção.

— Pra quê?

— Pra te agradecer por ontem. E por você me encobrir pros meus pais. Obrigada, de verdade. Significou muito pra mim.

— Sem problemas.


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Eu estava pensando... O que vocês acham de um pov dos meninos?🤔

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