Capítulo Quatro. - Coração adolescente.

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Flashback:

Um dia depois da partida de Dylan, Brad decidiu passar o dia comigo. Eu sabia que ele também se sentia mal pela partida do amigo, mas estava escondendo isso de mim, para que eu me sentisse melhor. Naquele dia o achei o garoto mais nobre do planeta. Certamente eu havia exagerado, mas o que se podia esperar do coração de uma garota de quinze anos?

Meus olhos estavam inchados de tanto chorar, e aquilo fazia-me sentir feia; não queria que Brad me visse daquela maneira. Mas não consegui recusar o seu pedido de termos uma tarde de filmes. Antes de ir para a minha casa, Brad tinha ido ao dentista, e lá acabou colocando aparelhos. Ele não podia comer pipoca, mas insistiu para que eu comesse por nós dois.

— Tem certeza de que não vai ser uma tortura para você? — Me referi a pipoca.

— Tenho, pode comer.

Ele colocou o filme no aparelho de DVD e voltou para o sofá. Nós tínhamos decidido assistir Titanic. Nada melhor do que uma história triste para esquecer os problemas da realidade; ao menos era assim que nós pensávamos. No meio do filme, Brad olhou pra mim, parecendo estar pensativo. Naquela época, eu ainda ficava muito nervosa ao seu lado, mas fazia de tudo para disfarçar. Mas dentro de mim, podia sentir o meu coração acelerar.

— Você acha que estou muito feio com esse aparelho? — perguntou cabisbaixo.

Queria dizer que ele nunca seria feio, mesmo se ele quisesse. Brad e a palavra feio não cabiam na mesma frase. Só que eu não podia me entregar de tal maneira, por isso eu só disse:

— Não, você está normal para mim.

— Não precisa mentir, sei que estou feio.

— Não está.

— Estou passando pela puberdade, e agora tenho que usar esse aparelho. Não consigo me achar bonito.

— Você é bobo.

— Por quê?

— Você é um dos garotos mais bonitos que eu já vi, como pode ter a autoestima tão baixa? — Senti as minhas bochechas queimarem após terminar àquela frase. Brad deu um largo sorriso como resposta. O sorriso dele conseguia ser hipnotizante até com o aparelho.

— Você também é uma das garotas mais bonitas que eu já vi.

Naquele momento eu tive certeza de que estava muito corada. Ele tinha feito o meu pobre coração de uma recém-adolescente errar as batidas. Nunca imaginei que diria aquilo.

— As suas ex namoradas são mais bonitas do que eu.

—  Eu duvido.

— Não diga bobagens.

— Não estou dizendo.

— Você só está querendo me agradar!

— Estou dizendo a verdade.

Dei um sorrisinho em resposta. Nós voltamos a prestar atenção no filme, mas na minha cabeça existia apenas uma incógnita. "Se Brad me acha mais bonita, então porquê ele as escolheu? Por que ele não havia escolhido a mim?"

— Você se arrepende de ter namorado alguma daquelas garotas? — Quebrei o silêncio.

— Não, acho que tudo são fazes na vida, e aprendemos com tudo o que vivemos.

— Acha que um dia você vai durar com alguém?

— Quando eu encontrar a pessoa certa, sim.

Eu queria poder dizer que a pessoa certa era eu. Mas eu não sabia onde aquela conversa iria parar, e  Dylan não estava mais ao meu lado, para me consolar se algo desse errado. Eu sabia que Brad não me daria um fora ou algo do tipo, mas tinha medo de levar um não como resposta. 

— O que foi? Por que ficou tão pensativa de repente?

— Não é nada. — Menti.

— Se precisar conversar, saiba que eu estou aqui! — Disse ao segurar minha mão, em forma de apoio.

— Obrigada.

Brad não sabia, mas naquele dia, ele havia me conquistado ainda mais. Ele não sabia que tinha, mas o meu pobre coração adolescente era dele, todo dele. Nunca me arrependi de ter me apaixonado por ele, e eu sentia que em algum momento ele também se apaixonaria por mim. Era apenas questão de tempo.

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora