Capítulo Quarenta e sete. - De volta à realidade.

32 4 1
                                    

Resolvi desfazer as malas no mesmo instante em  que entrei no quarto. É boa a sensação de estar em casa, de poder deitar na minha própria cama. Mas o medo está me consumindo; todos os meus problemas estão de volta. Acho que eles nunca sumiram. Notei que as luzes da casa de Brad estão acesas, ou seja, ele está de volta. Ele ainda não sabe da minha decisão, e me machuca muito saber que terei que decepcioná-lo. Brad não merece isso.

Me joguei na cama, sentindo-me derrotada. Tenho certeza de que estraguei tudo; Brad não quererá nem mais olhar no meu rosto. E se eu tiver sorte, terei Dylan ao meu lado. Estou com uma sensação estranha no peito, é como se tudo fosse desmoronar, criando uma enorme confusão. Isso me assusta. Queria poder voltar a ter os dois na minha vida. Queria poder voltar para a nossa infância, onde tudo era mais fácil e eu não tinha que escolher. Eu já tive os dois, mas já faz muito tempo.

Escutei um barulho vindo da janela. Olhei para as duas, em busca da qual estava vindo o som. Dylan estava com algumas pedrinhas na mão, debruçado no peitoril da sua janela. Foi inevitável não sorrir; estava morrendo de saudades desse garoto.

— Achei que estivesse dormindo. — falei ao me debruçar na janela.

— Eu não dormiria em paz sem te ver, ainda mais sabendo que só estamos a alguns metros de distância.

— Bom, ainda bem que tomou a iniciativa, estava morrendo de saudades.

— Não mais do que eu.

— Tenho minhas duvidas.

Ele jogou o resto das pedrinhas na divisória existente entre nossas casas. Por um momento, Dylan ficou pensativo, mudando completamente de expressão.

— O que houve? Mudasse de humor tão de repente.

— Você já viu o Brad?

Então é isso o que o incomoda, a incerteza, a insegurança, o medo de não ser mais o escolhido. Deve ser horrível se sentir assim, e me culpo por causá-lo esta dor.

— Ainda não.

— O que vai fazer quando vê-lo?

— Sinceramente, não faço a mínima ideia.

— Me prometa uma coisa.

— O quê?

— Se sentir algo quando o ver novamente, nem que seja uma pequena pontada de afeição, por favor, me conte.

— Dylan...

— Promete?

— Eu prometo.

— Preciso entrar agora, amanhã tem aula e não tenho nada pronto.

— Também preciso arrumar as minhas coisas.

— Até amanhã, Nana.

— Até, Dylan.

Ele deu um sorriso fraco e se afastou da janela, fechando a cortina. É incrível como o seu humor muda completamente quando o assunto é Brad. Isso continuará a ser um gatilho até que eu resolva este problema. Resolver quer dizer que vou escolher um e perder o outro. Uma história de amor e uma despedida. Por que o final não me parece ser tão feliz assim? Por que não posso ter os dois na minha vida? Eu os amo, independentemente de uma forma romântica. Eu os amo como pessoas, pessoas que quero ter pra sempre na minha vida.

Lembro de todos os momentos felizes que tivemos juntos. Nós três erámos inseparáveis. Sinto falta do passado. Sinto falta do que erámos. Me dói a despedida, não queria que a nossa amizade tivesse um fim. A Hannah do passado me acharia uma louca, ela não aceitaria o rumo que as nossas vidas estão tomando. Ela não aceitaria ter que dizer adeus.

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora