Capítulo Quarenta e oito. - Intrigados.

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Resolvi vir mais cedo para a escola, para não correr o risco de esbarrar com Brad, ou até mesmo com Dylan, durante o caminho. Não quero nem imaginar o que aconteceria se nós três nos encontrássemos no percurso até aqui. Acho que essa é a primeira vez que prefiro que eles não fiquem juntos.

Implorei para que Eva chegasse mais cedo também, e por um milagre, ela atendeu ao meu pedido. Colocamos as nossas mochilas na sala e viemos para quadra, para queimar o tempo extra.

— Me diz, por que fugiu do Brad? Você nunca recusou vir andando com ele.

— Você ainda pergunta? A resposta é óbvia.

— Seria se você me atualizasse das coisas, mas isso raramente acontece.

— Eu decidi ficar com o Dylan.

Minha amiga se engasgou com a água que estava bebendo. Os seus olhos estavam arregalados, o choque predominava toda a sua face. Não a julgo. Se me dissessem a tempos atrás que eu preferiria namorar outro garoto do que a Brad, provavelmente chamaria essa pessoa de lunática, e diria que essa nunca seria a realidade. Mas a Hannah de hoje não acha isso tão absurdo assim.

— Nunca achei que fosse desistir dele, você era obcecada pelo garoto!

— Eu sei, é tudo muito louco.

— Mas eu sempre desconfiei que você tinha uma queda pelo Dylan. 

— Me lembro de ouvir as suas provocações. — debochei.

— Provocações que tinham um fundo de verdade. — Se gabou.

— Tá, eu admito.

Um sorriso sapeca tomou conta de seus lábios, com certeza ela deve estar se achando.

— Mas você conseguiu parar de gostar do Brad?

— É complicado... ninguém consegue esquecer o primeiro amor assim.

— O tempo cura tudo, amiga.

— Espero que esteja certa.

O sinal tocou, indicando o início das aulas. Um arrepio percorreu por toda minha espinha, e o nervosismo invadiu todo o meu ser. Ainda não estou pronta para ver os dois lado a lado, ao menos não depois de tudo o que aconteceu. A cada passo que eu dava, era como se o meu coração fosse sair pela boca. Sinto que tudo pode desabar a qualquer momento. Sinto que posso perder os dois.

Procurei pelos olhos de Dylan assim que adentrei a sala; ele está sentado em seu lugar habitual, no fundo da sala. Brad, por alguma razão, sentou-se na cadeira ao lado da minha. Encarei Dylan mais uma vez, este que mantinha o semblante neutro, sem expressar nenhuma emoção. O que será que aconteceu?

Sentei-me, e não tive um pingo de coragem de dirigir uma palavra sequer a Brad. Fiquei em silêncio, completamente estagnada. A professora entrou na sala e começou a fazer o seu trabalho. Tentei manter a calma e me concentrar na aula, o que foi fácil, pois toda aula de português passava voando, pelo menos pra mim.

Quando menos esperava, já estava na hora do intervalo. Senti como se o meu coração fosse explodir a qualquer momento em ansiedade. O medo estava presente em cada partícula do meu corpo. Olhei de relance para Eva, que estava prestes a se levantar, e rezei para que ela captasse a minha mensagem e viesse me chamar para ir a algum lugar da escola. Antes que ela o fizesse, me levantei da cadeira e senti um braço envolver o meu corpo. Dylan olhava aquela cena, intrigado.

Mas que merda!

— Oi, Hannah, nem falou comigo hoje, né? Te esperei para vir andando, mas a sua mãe me disse que você já devia estar aqui.

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora