Capítulo Trinta e nove. - Não posso negar.

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(Para uma melhor experiência, escute a música no momento indicado)

Fazem duas semanas desde que Brad viajou. As coisas ficaram entediantes sem ele, tudo pareceu perder a graça. Ele era a minha melhor companhia nesses últimos tempos. Não imaginava que seria tão difícil ficar sem a sua presença.

Dylan não trocou uma palavra sequer comigo. Acho que deve estar seguindo o conselho de Thalita, evitando o que o faz sofrer. Ele está me evitando, e isso tem me matado por dentro.   Não imaginava que iria  ser capaz de causar tanta dor em uma pessoa que tanto amo. Me sinto a pior pessoa do mundo.

Queria que as coisas voltassem a ser como antes, quando tudo era mais simples, e quando eu podia ter os dois. Quando eu não precisa ter que escolher um. Eu os amo intensamente, não consigo distinguir quem eu amo mais, ao menos não agora, não nessa vida.

— Hannah, estou indo tomar açaí, quer ir comigo? — minha irmã apareceu na porta do quarto.

— Não estou afim, obrigada.

— Você anda muito pra baixo ultimamente, tente se animar!

— Só estou com preguiça de ir, nada demais.

— Bom, se precisar de alguma coisa, me ligue.

— Pode deixar!

— Mamãe e papai foram jantar fora com os pais de Brad, eles não têm hora pra voltar.

— Olívia.

— sim?

— Você vai tomar açaí com alguém especial?

— Por que a pergunta?

— Porque você não costuma ir sozinha.

— Eu vou com o Murilo.

— Hum... — falei em um tom zombeteiro e ela sorriu sem graça.

— Você é muito chata! — ela saiu do quarto com um sorriso bobo no rosto.

Quem diria que Olívia e Murilo acabariam se envolvendo...

Isso deve ser ironia do destino!

Tenho que admitir que o início das minhas férias está sendo bem entediante. Eva sempre tem algum rolê pra ir, Brad está viajando, e Dylan... bom, acho que não posso contar mais com a sua companhia. O que me resta é passar o meu tempo livre assistindo filmes e séries, trancada no  quarto.

Meu celular vibrou com a notificação de uma mensagem de Brad, onde dizia " Espero que esteja se divertindo sem mim" com um emoji sorrindo do lado. Respondi um simples " Quem me dera", afinal, aquela era a verdade, eu não estava me divertindo. Nessa ultima semana a minha vida estava sendo um completo tédio.

Como eu poderia me divertir sozinha?

"Trate de se divertir!", foi o que ele respondeu. Mandei duas carinhas sorrindo e aquele foi o fim da conversa.

Depois que terminei de assistir a série que havia começado mais cedo, fiquei literalmente sem ter o que fazer. Não tinha mais nada bom para se assistir. Brad tinha razão, eu realmente precisava fazer algo divertido. Devia ter ido com Olívia, mas se eu tivesse ido provavelmente teria ficado de vela, e isso seria muito chato. Tenho que aprender a me divertir sozinha, é o jeito.

Não seria uma má ideia ir tomar um sorvete, talvez eu consiga socializar com alguém, é melhor do que ficar sozinha em casa.

Me arrumei em cerca de dez minutos e saí de casa. A noite está muito bonita, e o clima está propicio para um sorvete. Adoro o sereno da noite, é um clima maravilhoso.

A sorveteria não fica longe da minha casa, são apenas alguns minutos de caminhada. Eu e os meninos costumávamos ir pra lá três vezes na semana. Era uma época maravilhosa.

O local está meio vazio, quase todas as mesas estão desocupadas e Olívia e Murilo não estão mais aqui. Devem ter ido para algum outro lugar.

Meu coração entrou em colapso assim que vi Dylan na fila.

O que ele faz aqui?

Nos encaramos por alguns segundos até ele desistir de seu pedido e sair da fila, se dirigindo a saída do local.

Não posso acreditar.

Ele realmente vai agir dessa maneira?

Sou algum tipo de monstro do qual ele tem medo?!

Isso não vai ficar assim, simplesmente não vai!

Ele tem que me dizer o que está acontecendo, ao contrário, como vou conseguir concertar as coisas entre nós?!

Tomei coragem e o segui até a saída dos fundos da sorveteria, ele pareceu desacreditado ao olhar para trás, mas eu não desistiria de concertar as coisas. Eu não desistiria de nós, não mesmo. Estou pronta para ouvir qualquer coisa que ele queira dizer, por mais que doa, estou disposta a ouvir.

— Está  me seguindo outra vez? — ele não parecia bem-humorado quando disse.

— Foi uma coincidência, eu juro.

— O que você quer? — ele estava tentando parecer frio, mas sei que ele não é assim. Ele nunca foi assim.

— Saber o porquê de você estar fugindo de mim.

— Achei que fosse óbvio.

— Naquele dia... eu não te beijei, mas não foi por conta dele.  Eu não te beijei porque não conseguia parar de pensar nos lábios dela nos seus.

— Não precisa mentir para me agradar.

— Não é o que estou fazendo!

— Está sim, porque não importa o que aconteça, Hannah, sempre vai ser ele pra você. Sempre vai. — aquela frase fez com que ele perdesse a sua postura fria e calculista.

É horrível que ele se sinta assim. É horrível que ele sinta que nunca será o escolhido, e eu me odeio por isso, porque é tudo culpa minha.

— Dylan, não é verdade. Eu sempre amei você!

— Mas não do jeito que eu queria.

Eu queria poder abraça-lo, queria dizer que é tudo  minha culpa, mas creio que ele não me deixaria chegar tão perto.

— Vai embora, Hannah, nós somos um caso perdido. — ele parecia convicto.

(Play na música, meus amores!)

— É isso o que acha?

Ele balançou a cabeça em afirmação.

— Sim, apenas vá.

Me virei para ir embora. Se ele queria espaço eu o daria, mas não por muito tempo, só até que  os seus nervos se acalmassem. Esse não é o fim, não vou desistir, de jeito nenhum! Não posso viver sem ele, não consigo. Vou lutar por isso até o fim. Nós precisamos ficar bem!

— Sabe o que é o pior? — ele disse baixinho, antes que eu me afastasse por completo. Parei para escutar, mas sem olhar para trás.

— O quê?

— O pior é que eu nunca vou conseguir parar de amar você.

Me dei apenas alguns segundos para assimilar antes de fazer o caminho de volta. O  nervosismo deixou a minha respiração pesada, mas eu não ligaria para aquilo, não naquele momento. Não pensei duas vezes e puxei Dylan pelo colarinho, juntando os seus lábios aos meus. Senti como se fogos de artifício explodissem no meu estômago, e uma onda magnética percorreu todo meu corpo. Era como se só existisse nós dois no mundo. 

Agi no impulso, mas não posso negar que já quis fazer isso a muito tempo. Não posso negar toda a atração que senti. E não posso mais negar que estou completamente apaixonada por ele.




NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora