Capítulo Cinquenta e um. - Um terceiro.

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Brad Rocha

Fiquei estagnado, perguntando-me a razão de Hannah ter saído daquela forma. A razão dela ter ido atrás dele. Mas no fundo eu já sabia, na verdade, eu sempre soube. Dylan sempre teve o coração da garota que morava no meu. Entrei em transe, imerso em meus pensamentos. Já não sentia mais o meu coração, ele estava partido.

Tentei até o último segundo. Suportei até o último segundo. Imaginá-los juntos, aquilo me estraçalhou. Ela não precisava dizer, eu já sabia, já esperava. Como pude me deixar enganar dessa maneira? Como pude acreditar que ela me escolheria? Sempre foi Dylan, sempre foi.

Caminhei até a porta de entrada, em busca de alguma resposta concreta. Em busca de algo que me fizesse desistir de uma vez. Mas a minha coragem foi tardia, pois tudo o que consegui escutar foi o choro compulsivo da minha garota. Abri a porta de imediato, vendo uma cena devastadora. Hannah estava ajoelhada no chão cimentado da rua, seu rosto estava vermelho de tanto chorar. Coloquei minhas frustrações de lado e corri para abraçá-la, ela estremeceu com o contato, provavelmente sem esperar por aquilo.

— O que está fazendo aqui, Brad?

— O que aconteceu? — Acariciei o seu rosto molhado.

— Eu estraguei tudo — soluçou —, toda a nossa história, nossos anos de amizade... destruí tudo de bom que nós tínhamos.

— Não é verdade.

— É sim, Brad. Eu te machuquei, e machuquei ele.

— Nós podemos concertar isso.

— Não, não podemos. — Segurou em meu rosto. — Brad, eu estava com ele. Estou apaixonada por ele, era isso o que eu estava tentando te falar.

Me afastei de seu toque, sentindo uma dor imensurável. Eu já esperava por isso, mas, mesmo assim, doeu como se tudo tivesse vindo à tona naquele momento. Percebi que seus olhos se inundaram ainda mais com a minha atitude. Meus olhos também estavam cheios de lágrimas, estava prestes a desabar, e Hannah sabia disso, ela sempre me conheceu muito bem.

— Me desculpa, Brad... e-eu não queria que fosse assim.

— Sempre foi ele, não é? 

Ela não disse nada, mas a resposta estava em seus olhos. Me levantei, querendo sair dali.

— Brad. — Me chamou, fazendo-me olhar para trás. — Passei a minha vida inteira esperando por você, esperando que você finalmente me enxergasse da mesma forma que eu te via. A cada vez que você surgia com uma namorada nova, eu sentia que podia morrer de tristeza. Achei que nunca amaria alguém da mesma forma que te amei. Você era tudo o que eu queria. Às vezes acho que era obcecada por você, e esse sentimento me cegou. Eu não conseguia olhar para mais ninguém, nem conseguia entender o que eu sentia por Dylan. Não pense que sempre foi ele, porque, em uma boa parte da minha vida, era você. E eu nunca tive coragem de te dizer.

Aquelas palavras me destruíram por completo, e o sentimento de culpa me consumiu. E se eu tivesse me declarado antes, nos estaríamos juntos? E se eu não tivesse a machucado, ela ainda me amaria?

— Se eu fosse você, sairia da rua, é perigoso ficar assim. — Comecei a andar em direção à minha casa, me odiando pelo modo de como aquela frase saiu da minha boca, por isso, parei e a olhei uma última vez. — Feliz aniversário, Hannah. Espero que fique bem, vou tentar fazer o mesmo. E me desculpe se algum dia te magoei, não foi a minha intensão.

Entrei em casa, batendo a porta com força, me permitindo cair em lágrimas. Os meus pais ainda estavam na festa, o que me permitiu chorar ainda mais. Fiquei ali por uma hora, refletindo, pensando nos erros que cometi em toda a minha vida. Só subi para o quarto quando ouvi passos vindo em direção à casa.

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora