Capítulo Cinquenta e dois - Recupere-se.

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Hannah Miller

— Sai dessa cama, Hannah! — Olívia disse ao me balançar.

— Eu quero ficar aqui para sempre! — choraminguei.

— Os seus problemas não desaparecerão até que você os resolva.

— O que quer que eu faça? Dylan não quer nem mais olhar na minha cara!

— Você nem foi atrás dele.

— O conheço bem demais para saber que ele me quer longe.

— Ele já teve um dia para se acalmar.

— Não é o suficiente — sentei-me —, ele está muito machucado.

— Você devia se explicar para ele, outra vez.

— Você não viu o modo como ele me olhou, nem ouviu as palavras que ele disse. Ele não me quer mais, Olívia. — As lágrimas já se acumulavam no canto dos meus olhos.

— Tenha calma, irmãzinha.

— É difícil.

— E o Brad, o que vai fazer em relação a ele?

— A mesma coisa que estou fazendo com Dylan, dando um tempo para ele se recuperar.

Olívia suspirou pesadamente, sentando-se na beirada da cama.

— Problemas amorosos são uma merda mesmo, mas não podemos nos jogar no fundo do poço por conta disso. Não era você que estava tentando se conhecer melhor? Talvez esse seja o momento certo, sem ter os dois na sua cola.

— Eu sei, mas eu queria fazer isso para não machucar ninguém, e olha só o que aconteceu.

— O tempo resolve tudo, irmãzinha, não se entregue ao sofrimento dessa maneira.

— Mas dói tanto, Olívia. No mesmo dia em que ele me pediu em namoro, eu parti o seu coração. Isso me torna um ser humano horrível!

— Todos cometem erros, ninguém é perfeito!

— Queria aceitar isso com essa facilidade.

— Pode começar indo para escola! Não tem necessidade de faltar, ainda mais no ano do seu vestibular. O dia está cada vez mais próximo, Hannah! Mais vale um diploma do que um namorado perfeito.

— Nossa, como você é fria!

— Sou realista.

Sentei-me na cama, olhando a face séria de minha irmã. Sei que ela só está fazendo isso para me tirar da bad, mas às vezes é preciso se afundar na sua própria dor para se arrepender de todos os seus erros.

— Não tenho coragem de encará-los, ao menos não agora.

— Desse jeito as coisas nunca se resolverão.

— Olívia... — Ela fez um sinal para que eu me calasse.

— Faça isso por você, não por eles. Este é o primeiro passo para o seu novo ciclo.

— Prometi a Dylan que ele faria parte dele. — Senti a minha voz embargar.

— E ele fará, de um jeito ou de outro.

Olívia se aproximou de mim, me envolvendo em um abraço acolhedor. E por uma fração de segundo, me senti melhor. Em algumas situações, tudo o que precisamos é o carinho da nossa família. Relações amorosas são bastante complicadas, mas o elo familiar é eterno, nada é capaz de destruir um elo familiar. Sou muito grata por ter o carinho da minha família, sem ele eu não seria nada. Sem ele eu poderia estar muito pior agora.

— Um dia as coisas vão se ajeitar, eu te prometo.

— Obrigada por estar ao meu lado, Olívia.

— Não precisa agradecer, apenas vá para a escola! — Falou com aquele seu tom autoritário, mas com uma pitada de humor no fundo.

— Você não desiste mesmo, não é?

— Nunca!

Ficamos ali por mais um tempo, mas logo fui induzida a ir me arrumar para ir para escola. Antes de sair do quarto, olhei para a janela de Dylan, que se encontrava fechada desde o meu aniversário. Ele não respondeu nenhuma das minhas mensagens, muito menos visualizou. Também não fui atrás dele, não adiantaria de nada já que ele não queria me ver. Mas esperarei por ele o tempo que for preciso, afinal, eu fui a errada da história. Eu mereço sofrer.

Não encontrei Brad no caminho, muito menos o vi quando cheguei na escola. Ele e Dylan haviam faltado, e aquilo fez com que eu me culpasse ainda mais. Eles estavam se prejudicando por minha causa.

As pessoas da escola me encaravam, como se soubessem do ocorrido. Será que alguém presenciou alguma coisa? Aquilo não podia piorar!

— Não fica assim, amiga. — Eva sussurrou, para não atrapalhar a aula, quando percebeu que eu estava quase chorando novamente. O que eu podia fazer quando tudo o que vinha à minha mente era aqueles dois? O que eu podia fazer se só pensava em algum modo para concertar as coisas? Eu só queria que Dylan voltasse para mim. Queria que as coisas fossem como antes.

Baixei a cabeça, ignorando literalmente a aula, puxando as boas memória que nós três já tivemos juntos. Memórias que me deixavam completamente feliz, mas nem elas estavam funcionando naquele momento.

O meu dia só piorou quando esbarrei com Thalita na saída. O seu olhar era de raiva, as palavras que saíram de sua boca me atingiram como uma flechada.

— Pensei que cuidaria dele. — Disse ela, fazendo-me sentir a pior pessoa do mundo.

Olívia que me desculpasse, mas eu não voltaria para a escola no dia seguinte. 


NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora