Capítulo Seis. - Nunca vou odiar você.

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Flashback:

A primeira vez em que eu e Dylan brigamos foi algo horrível para mim. Na minha cabeça, nós sempre viveríamos em repleta harmonia. Uma garota de doze anos tinha o direito de ser iludida, bom... ao menos era assim que eu pensava. Amizades de verdade também acabavam brigando em um certo ponto, mas eu não sabia disso naquela época.

Dylan havia me convidado para tomarmos sorvete no fim da tarde, na hora eu aceitei com prontidão, afinal, adorava aquele tipo de passeio.

No início da tarde fui para casa de Eva, tínhamos um trabalho da escola para fazer. Obviamente não passamos todo o tempo focando apenas no trabalho, nós também conversarmos sobre coisas aleatórias enquanto escutávamos músicas. Quando vi a hora no relógio, me despedi dela, e saí nas pressas. Estava quase no horário de encontrar Dylan.

Quando passei pela pracinha, encontrei Brad sentado em um banco. Ele estava com o seu videogame nas mãos, e parecia estar concentrado. O admirei por alguns segundos antes de ir cumprimenta-lo.

— Oi, Brad.

— Oi, Hannah.

— Sozinho?

— É, o Dylan não quis vir pra cá comigo, ele disse que tinha um compromisso.

Que estranho... por que  Dylan não havia o convidado também? Éramos um grupo de amigos, certo?

Preferi não comentar nada sobre a sorveteria. Dylan provavelmente tinha alguma razão para não ter chamado Brad.

— Por que não me chamou pra fazer alguma coisa? — perguntei.

— Porque você ia fazer um trabalho da escola com a Eva.

— É verdade.

— Mas você tá livre agora? — perguntou esperançoso.

O que eu poderia dizer? Não podia deixar Brad sozinho, mas também não poderia decepcionar Dylan. Em alguns momentos de minha vida sempre tive que escolher um dos dois. Eu me sentia encurralada quando tinha que tomar essas decisões. Sempre amei os dois, só que de formas diferentes. Queria que Brad fosse o meu namorado, e que Dylan continuasse a ser meu melhor amigo. Eles sempre vão ter um espaço em meu coração, independentemente de qualquer coisa.

— Estou sim, só preciso fazer uma ligação.

Peguei meu celular e cliquei no número de Dylan. Me afastei de Brad, para que ele não escutasse nada. A cada toque do telefone o meu nervosismo aumentava. Eu nunca tinha cancelado um rolê com o Dylan. Ele atendeu no décimo toque.

— Oi, onde você tá? — perguntou do outro lado da linha telefônica.

— Oi... você já está na sorveteria?

— Sim.

Droga.

—  Eu acho que não vou poder ir, me desculpa.

— Como assim?

— É que aconteceu um imprevisto...

— Algo mais importante do que eu?

— Não, são só umas besteiras.

— E elas não podem esperar?

— Você chamou o Brad? — mudei de assunto.

— Não.

— Por quê?

— Porque quero passar um tempo só com você.

Não escolhe-lo partiu o meu coração. Mas Brad estava sozinho, precisando de companhia. E além disso, eu adorava quando ficávamos à sós.

— Dylan, me desculpa, de verdade.

— Tudo bem. — desligou o telefone, sem mais nem menos.

Aquela pode ter sido a escolha errada, mas naquele momento decidi seguir o meu coração. E naquela época o nome de Brad era tudo o que ecoava por lá.

Passamos o fim de tarde juntos. Era maravilhoso passar mais tempo com ele. Mas o sentimento de culpa estava me matando. Apesar da diversão, Dylan não saia da minha cabeça.

Voltamos juntos para casa, e por azar, Dylan estava sentado no batente de sua casa, e acabou vendo aquela cena. Brad o cumprimentou com um aceno, e se despediu de mim com um beijo na bochecha. Quando Brad entrou em casa fui até Dylan. E me assustei quando vi a sua expressão. Ele parecia estar chateado. Mas ele nunca ficava chateado comigo.

— Ele foi o seu imprevisto? — perguntou ao olhar no fundo de meus olhos.

— Me desculpa.

— Achei que você nunca me trocaria... — disse ao desviar o olhar.

— Mas eu não te troquei por ninguém!

— Não foi o que pareceu.

Ele entrou em casa, e eu resolvi ir pra minha. Na minha cabeça tudo estaria normal no dia seguinte, mas não foi isso o que aconteceu. Ele me evitou por dois dias, e eu fiquei devastada. A minha irmã tentava me consolar, mas era em vão. Eu me sentia estúpida por ter feito aquilo.

Quando consegui que ele me ouvisse, um alívio surgiu em meu peito. Não suportaria se em algum dia ele não gostasse mais de mim. Dylan era tudo pra mim.

— Você promete que nunca mais vai fazer isso? — pediu.

— Prometo.

Ele sorriu de lado e me abraçou. Como era bom estar em seus braços outra vez.

— Tive medo que fosse me odiar pra sempre. — confessei.

— Eu nunca vou odiar você!

Ouvir aquelas palavras me deixou mais leve. Dylan era importante pra mim, mas Brad também era. Eu acreditava que com o tempo conseguiria sempre escolher os dois, para os manter perto de mim. Mas hoje, vejo que estava completamente enganada.

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora