Capítulo Vinte e seis. - Ondas de emoções.

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Flashback:

Houve apenas uma vez em que pensei que Dylan estivesse apaixonado por mim, mas logo esse achismo se desvencilhou de meus pensamentos porque não haviam motivos para ele estar.

Nós tínhamos treze anos quando as nossas famílias decidiram alugar uma casa de praia por um final de semana. Brad e a sua família tinham viajado para outro lugar, por isso não foram com a gente. Seríamos só nós dois por dois dias.

Dylan estava muito animado, ele adorava ir a praia pra surfar, era o seu hobbie favorito. O seu pai e Murilo também gostavam, mas não tanto quanto ele.

Em todas as manhãs daquele final de semana eles sairam pra surfar, até meu pai se arriscou a ir também. Eu e Olívia ficávamos sentadas na areia os observando pegar as ondas. Em uma dessas vezes um garoto se aproximou de mim. - Até que ele era bonito, mas não chegava aos pés de Brad. - Ele ficou puxando assunto comigo até Dylan sair do mar, todo emburrado e com uma cara nada boa.

--- Aquele é o seu namorado? - perguntou.

--- Quem?

--- Aquele garoto que está nos observando como se quisesse me matar. - apontou.

Ri de seu exagero quando vi de quem ele estava se referindo. Dylan nunca iria matar alguém, ele era bom demais pra isso.

--- Não tenha medo, ele tem pena de matar até uma mosca.

--- Não é o que a cara dele está me dizendo.

Dylan fincou a prancha na areia e correu até onde nós estávamos, dando um beijo na minha bochecha antes de se sentar ao meu lado.

--- Estava me vendo surfar, Nana?

--- Sim, você foi incrível, como sempre.

Ele sorriu, me contagiando a sorrir também.

--- Bom... eu já vou indo. Quando você vai embora, Hannah? - o garoto que descobri se chamar Téo disse ao se levantar.

--- Nós vamos embora hoje a noite.

--- É uma pena.

--- Só pra você. - Dylan disse raivoso.

Eu nunca tinha o visto ser tão grosso com alguém.

Téo sorriu sem graça, acenou, e foi embora.

--- O que foi aquilo? - perguntei indignada. - Nunca vi você ser tão grosso desse jeito com alguém.

--- Ele estava com segundas intenções em você, tenho certeza!

--- Mas isso não é razão para o tratar mal.

--- Não é? - disse com ironia.

--- Não. E além disso, ele acha que você é o meu namorado, então, acho que ele não tentaria algo.

Percebi o exato momento em que a sua postura mudou. Ele parecia mais calmo.

--- Você que disse isso pra ele?

--- Não, ele deduziu.

--- É tão na cara assim?

--- O quê?

--- Que somos namorados. - falou em um tom zombeteiro. Não contive um riso.

--- Palhaço. - dei um tapinha em seu ombro, e nós dois rimos.

--- Você sabia que a minha mãe acha que nós dois vamos nos casar no futuro?

--- Eu e você?

Ele riu enquanto balançava a cabeça em afirmação.

--- Eu não esperava por essa!

--- Pois é, ela já tem tudo planejado.

--- Coitada, não sabe que gosto de outra pessoa.

A expressão de Dylan mudou, ele pareceu ficar cabisbaixo de repente, mas eu não tinha entendido o porquê.

--- Está tudo bem? - perguntei.

--- Sim.

--- Você ficou estranho de repente.

--- Não foi nada.

--- Tem certeza?

--- Sim, eu tenho.

Os outros sairam do mar, nos chamando para irmos pra casa alugada. Nos levantamos e seguimos o caminho em silêncio. Não tinha entendido porquê o clima havia ficado estranho ente nós.

Nós voltamos para a praia um pouco depois do almoço, para aproveitarmos o resto do dia antes de irmos embora.

Quando o sol estava prestes a se pôr Dylan pegou a minha mão e me guiou até o melhor lugar para se ter aquela vista.

--- Uau, que lindo. - disse encantada.

--- Nada consegue ser mais lindo do que você, Nana.

Me virei para encara-ló. É incrível como consigo ficar envergonhada com apenas algumas palavras.

--- Isso é um grande exagero!

--- Pra mim, não é.

--- Bobo.

Me sentei na areia para observar o pôr do sol, e Dylan fez o mesmo.

Encostei a cabeça em seu ombro, e ele encostou a sua na minha.

O resto de nossas famílias estavam um pouco mais afastados do lugar de onde nós estávamos.

--- Nana, posso te contar um segredo?

--- Claro, pode me contar qualquer coisa.

--- Eu não me importaria se as previsões da minha mãe estivessem certas. Não me parece nada mal dividir a vida com você.

Levantei a cabeça para olhar-lo nos olhos. Ele não parecia estar brincando ou algo do tipo. Ele parecia ter falado sério.

Nossos rostos estavam a centímetros de distância. Meus lábios formigaram quando os olhos de Dylan se fixaram neles. Aquela foi a primeira vez em que senti algo do tipo.

Por um momento me casar e passar o resto da vida com Dylan não me parecia uma má idéia. Mas... e quanto aos meus sentimentos por Brad?

Por que eu estava pensando daquela forma?!

--- Somos muito jovens para pensar em coisas do tipo, bobinho. - toquei a pontinha de seu nariz.

--- Tem razão, temos a vida toda pela frente.

Deitei a cabeça novamente em seu ombro.

Passei um bom tempo pensando na razão pela qual Dylan tinha dito tudo aquilo.

Ele estava apaixonado por mim?

Aquilo poderia acabar com a nossa amizade!

Mas ele não estava apaixonado por mim, era apenas o meu melhor amigo.

Deixei essas paranóias de lado quando ele parou de falar coisas do tipo. Afinal, ele só me via como uma melhor amiga.

Ao menos era assim que eu pensava...

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora