Capítulo Trinta e um - Amizades e ciúmes.

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Hannah Miller

— Eu ainda não acredito que você me deixou sozinha naquela festa!

— Estava ocupada demais com um moreno tatuado, acha mesmo que eu ficaria atrás de você? — Eva falou enquanto comia o seu salgadinho.

— Que bela amiga você é...

— Você nem foi atrás de mim, isso foi um sinal de que estava tudo bem, por isso nem me preocupei. Até pensei que algum carinha havia roubado a sua atenção.

— Encontrei um velho conhecido, só isso.

— Viu? Nem sentiu a minha falta!

— Tive sorte de achar alguém legal para me fazer compainha, já que você tinha me abandonado.

— Quanto drama...

Não acredito que ela ainda quer se fazer de vítima!

Ela devia aceitar que a errada da história foi ela.

Ficamos no refeitório até ela acabar de comer. Eva praticamente me puxou até a quadra. Essa garota não perde a chance de ver um cara suado sem camisa. Uma verdadeira tarada!

Às vezes me pergunto como a nossa amizade está durando por tanto tempo. Nós duas discordamos de tantas coisas e brigamos por besteiras, e mesmo assim ainda continuamos aqui, sendo amigas.

Ainda me lembro do dia em que conheci  Eva. Eu não falava com ninguém na sala além dos meninos, era tímida demais pra isso. E então, ela entrou na escola no meio do ano. Ela também não falava muito com as pessoas, e acabou se aproximando de mim por isso, porque tínhamos algo em comum.

Hoje em dia vencemos uma boa parte da timidez, principalmente Eva. Quem olha pra essa garota hoje em dia não imagina que ela foi tímida uma vez.

— Essa é a melhor parte do dia! — comentou.

— Ver os caras sem camisa?

— Exatamente.

— Os seus dias devem ser bem entediantes...

— Você que não consegue enxergar as maravilhas do mundo por conta de uma paixonite besta!

— Paixonite besta?! Você sabe que não é nada disso.

— Ah, claro, ele é o amor da sua vida e blá blá blá...

— Por que está pegando no meu pé, hein? Isso é tão chato!

— Você que está pegando no meu.

— E lá vamos nós...

— O que tá acontecendo com você, hein? — me encarou perplexa. — Anda com os nervos à flor da pele ultimamente.

Nisso ela tem razão...

Ando meio estressada com tudo o que está acontecendo. Os meus conflitos internos estão afetando o meu humor, e talvez isso seja um problema.

— Não é nada, estou bem.

— Tem certeza?

Não sei se quero desabafar com ela, ao menos não agora.

— Eu só estou...

— Minha nossa! — interrompeu a minha fala.

— O que foi?

Eva segurou o meu rosto, virando-o para a direção onde ela estava olhando. Abri a boca em surpresa com o que estava vendo.

Dylan havia tirado a camisa no meio do jogo, deixando o seu tanquinho perfeitamente definido à mostra. Não imaginei que em algum dia ele ficaria assim tão... forte. E os seus ombros largos só melhoram tudo.

Um calor alastrador pecorreu por todo o meu corpo. O clima deve ter mudado...

— Acho que quero dar uns pegas no seu ex melhor amigo, Hanninha.

— Nem pense nisso!

— Por quê? — me olhou desconfiada.

— Ora... não é óbvio? Ele está saindo com a Thalita!

— Eles estão namorando?

— Não sei.

— Então não deve ser nada sério.

— Você não pode ser uma talarica! Já se esqueceu que ela nos convidou para uma festa de universitários?!

— Uma festa que você mesma fez questão de dizer que ela chamaria qualquer pessoa pra ir. Então, isso não me torna amiga dela!

— Ainda acho que deve desistir dessa ideia de jerico.

— Por quê? Tá com com ciúmes?

— Eu, com ciúmes do Dylan? — ri sem humor. — É claro que não!

— Você sempre teve ciúmes dele, dona Hannah. Acho que foi por isso que ele nunca apareceu com uma namorada, já que você espantava todas elas.

— Que calúnia!

— Vai dizer que não se lembra?

— Acho melhor mudarmos de assunto.

— Claro, como preferir.


                                  ♤

— Me desculpe por não ter ido na festa, sábado. Passei o dia resolvendo coisas com o meu pai e fiquei muito cansado pra ir. Foi mal. — Brad se explicou enquanto caminhávamos no  caminho para casa.

— Tudo bem, eu nem fiquei sozinha lá.

— Eva não arrumou um garoto pra passar o tempo?

— Arrumou.

— E quem ficou com você?

— Encontrei um garoto com quem fiz amizade a alguns anos atrás quando viajei para praia.

— Que sorte o reencontrar depois de tanto tempo.

— Pois é.

— Qual é o nome dele?

— Théo.

— Ele que foi falar com você?

— Sim. Ele também estava sozinho, o carinha que tinha marcado com ele farrapou.

— Ah... — ele sorriu, parecendo estar... aliviado?

— Você estava com ciúmes? — o provoquei.

— Talvez.

Eu esperava que ele dissesse que não estava. Brad não era um cara ciumento, sempre foi tranquilo demais. Por isso a minha surpresa foi grande ao ouvir sua resposta. Aquilo era como um sim, não é?

Isso quer dizer alguma coisa?

Não seja emocionada, Hannah!

As borboletas se acordaram em meu estômago. É tão satisfatória a sensação de ver que ele estava com ciúmes de mim.

— Você não era um cara ciumento, principalmente com amizades!

— Você não é só uma amiga pra mim, Hannah.

— Já sei, sou sua melhor amiga!

Ele riu, balançando a cabeça de um lado pro outro.

— Concerteza.

— Eu sempre soube disso, cara!

— Você sabe bem das coisas. — disse em um tom zombeteiro.

Pra falar a verdade, ultimamente não sei de mais nada.







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