72° capítulo

409 26 0
                                    

Jay.

Dessa vez eu decidi não me alterar na conversa com a Sarah. Mesmo que o assunto me deixe extremamente irritado e intrigado com tantos pontos igualados.

Ela não é nem a cara de minha mãe, muito menos a do meu pai. Mas minhas irmãs parecem ela, principalmente quando pequenas como mostra as fotos.

E eu nunca havia reparado.

Fora aquela maldita mancha de nascença em seu pulso, que não é a única marquinha, Sarah também tem uma na bunda mas essa já é exclusiva dela.

E particularmente... Eu adoro.

Quando Clare e Fhilip decidiram voltar pra casa, a mesa já estava posta. Trouxeram o que era pra trazer mas a demora se baseou em uma fila enorme no mercado por conta do feriado e por causa de um mísero pote de sorvete.

E Clare ainda queria reclamar, sendo que nem é época pra tomar sorvete e ela sabia que estaria tudo cheio.

Mas claro que Sarah não disse as verdades que ela merecia e eu nem ousaria abrir a minha boca.

Jantamos na sala de jantar em meio a assuntos de infância. Clare e Fhilip tinham muito a contar de momentos que eles achavam parecidos, enquanto eu apenas me mostrava interessado mas isso não fazia bem pra minha cabeça.

Lembrar das melhores memórias da minha vida, de repente se tornou um tipo de dor que machuca tanto a ponto de você querer esquecer.

Esquecer aquilo que seus pais construíram com o propósito disso, de você lembrar e dar bons sorrisos.

Parei de pensar só em mim e no meu passado quando vi Sarah beber mais do que o necessário enquanto não se sentia confortável também. Dava sorrisos graciosos ao casal, mas logo desfazia o mesmo e me olhava com uma certa expressão.

Algumas vezes tentei mudar o assunto mas Clare é chata pra caralho e acabava voltando.

Após o jantar, graças a Deus Clare parou de falar, e eu segui Sarah até a cozinha.

— põe na lava louças, vamos ver o filme. — digo colocando os dois últimos copos da mesa dentro da pia.

— eu sei é que... Quando é comida gordurosa parece que não limpa bem. — mentia, sabendo bem que o eletrodoméstico é bom.

— mesmo assim, amanhã lavamos. — pego suas mãos, estando por trás dela. — já conversou sobre isso várias vezes e disse que não ia mais ficar mal. — afirmo e ela me olha de lado.

— com a minha psicóloga sim... Ei, para de bancar o jornalista, não pode ver e nem saber o que ela escreve sobre mim. É confidencial. — dou um sorriso de canto e nego enquanto ela se afasta, indo secar as mãos deixando a louça pra lá de uma vez. — eu não tô triste, Jay. — fica seria e respiro fundo querendo acreditar. — só é difícil ouvir seus amigos falarem sobre boas memórias, sendo que você só teve péssimas e quase não lembra dos pequenos detalhes.

Penso em suas palavras, me colocando no lugar de Sarah por meros segundos e já sentindo o meu peito arder.

Certamente eu mataria John se ele fosse o meu pai, e não por juntar a minha raiva de agora com uma dimensão mega longe daqui onde eu seria o seu filho, eu apenas o mataria por não aguentar viver tudo aquilo.

Isso fica entre eu e a minha cabeça, mais... Se Benjamin estivesse vivo, não teria poupado a vida de seu pai como ele fez. E seria bem provável que eu o usaria pra minha vingança ao invés de usar Sarah.

— tá, esquece isso, o John tá morto... Ou pelo menos vai morrer quando sair daquele buraco. — pisco algumas vezes enquanto ela se dirige a geladeira. — vou fazer uma caldinha rapidinho e a gente come bolo com sorvete.

• Paixão Obsessiva Onde histórias criam vida. Descubra agora