“Só acreditamos que aquela pessoa é suspeita, quando faz algo suspeito. — Sarah Miller”.
Jay.
Me via revirando os olhos inúmeras vezes para meu tio Fred, já que o mesmo estava amarrado a sua cama com aqueles tubinhos respiratórios no nariz, que, diante da fúria que ele estava, não serviam de nada.
Sinceramente, minha paciência estava por um fio.
E não era ir embora que eu faria, e sim de outra coisa que um velho tarado merece.
— admita! Você matou seus pais e seus irmãos, seu garoto mimado! — sentado na poltrona ao seu lado, eu o encarava. Ouvindo a mesma historinha de sempre. Desde os meus 12 anos.
O cotovelo apoiado na cadeira e o queixo em meu punho. Coloquei meu tornozelo sobre o joelho esquerdo e me permiti suspirar.
Se eu não fizer visitas com frequência, meu tio pode ser mandado para outra instituição, mesmo que eu pague, pois não aceitam o "abandono" de idosos. E indo nessa nova instituição, eu que me fodo com a justiça.
Tem muitas famílias que pagam meses para esse lar de idosos e acabam abandonando o idoso aqui sem vir visitar.
E como o local é uma clínica também, acabam que não aceitando isso pois aqui não há enfermeiras sempre disponíveis para visitas diárias ou para bater papo.
Ou seja, me fodo das duas maneiras se eu abandonar esse merda.
— sabe de uma coisa seu molequezinho? Você era um mimado, aquela vadiazinha da sua mãe...
— chega! — me levantei fazendo ele se calar. — eu escuto você falar dessa maneira de mim, mas de minha mãe jamais! — apontei o dedo em sua face, assistindo com muito prazer a cara assustada dele. — sabe quantas vezes eu chorei debaixo da cama dos meus pais? Ouvindo eles serem mortos por um machado, facas e martelos? — era como se meu coração levasse uma facada, era assim que me sentia quando lembrava daquela noite.
A pior noite da minha vida.
Fred negou com a cabeça, ficando assustado e se tremendo todo.
— Dylan correu pra ver oque estava acontecendo e advinha? Ele foi morto com um golpe só, eu consegui ouvir o som de sangue sendo esguichado! — meu tio engolia em seco enquanto as mãos estavam se rendendo no ar, ainda com os punhos amarrados a cama. — eu tinha 12 anos, tio, 12 anos! Eu tive tanto medo que antes do Dylan ser morto eu ouvi ele dizer "Jay, pegue suas irmãs"... Mais eu estava assustado, escutei tudo desde o começo e tive medo de sair de baixo da cama... Depois eu ouvi a Nancy chamar pelos nossos pais mas era tarde para correr até minhas irmãs. — a fraqueza me pegou e me senti vulnerável, perdendo a postura de durão no meio da frase.
Tive que me sentar na cama ao lado dele.
Fui um covarde naquela noite, deixei que todos morressem. E eu poderia ter salvado minhas irmãs.
— Nancy tinha 8 anos... — olhei para ele, o olhar de quem estava do meu lado me entendendo seria apenas passageiro para alguém que sofre das doenças dele. — Lynn tinha 6 anos, se lembra?... E Sophya... — quis chorar mas deixei que o sentimento de raiva se expandisse em minha cabeça novamente, lembrando que John Miller esfaqueou uma bebê. — Sophya tinha só 2 anos.
Ele não teve piedade de nenhum de nós, nem mesmo um bebê que não estava chorando. Talvez ela tenha sido a única a não sofrer. Talvez tenha morrido dormindo.
Eu lembro de ouvir a voz de Nancy e Lynn pela última vez. Principalmente a de Nancy, enquanto gritava de dor.
Lembro de ver os pés de John rodearem a cama de meus pais, deixando um rastro do sangue, que também corria em minhas veias, com aquelas botas pretas e barulhentas.
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• Paixão Obsessiva
Romance- que tudo se foda. - Disse ela. E seu assassino a fodeu dia e noite incansavelmente, enquanto ela implorava por mais. Sarah é filha de um dos maiores assassinos dos Estados Unidos. Além de crescer com traumas precisa sempre andar escondida pois seu...