19° capítulo

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Jay.

Tio Fred hoje me deu trabalho. Não queria comer, beber e nem tomar os remédios. Estava decidido que aquele lugar não era o seu.

Parecia são. Isso por que depois de uma queda feia ele já sabia que se encrencaria por isso.

— tio, pela última vez... — apertei os olhos com o indicador e polegar, irritado mas ainda com a paciência dentro do limite.

— Jay, pelo amor de Deus, você está crescido, tem juízo ou não? Eu deveria estar aqui?! — o encarei surpreso.

Essa é a primeira vez que não me enxerga como um garoto de 16 anos.

— preciso ir pra casa, beber uma gelada e assistir o jogo. — eu queria devolver essa vida a ele, mas ele não duraria um dia.

— você não bebe mais, faz anos. — digo fazendo ele pensar.

— verdade... Não estou nem com vontade. — se acalmou na cama parecendo outra pessoa. Não tinha ódio e nem rancor em sua face.

— você vendeu sua casa, o dinheiro tá na sua conta. — ele logo me olha, rapidamente.

— vendi? — concordei.

— sim. — fui me sentar suspirando. — da pra comprar outra. — como pode alguém com esquizofrenia ficar tão são depois de anos?

— tudo bem. — parecia bem mais calmo do que antes.

Um médico adentrou o quarto e carregava consigo uma prancheta.

— tudo bem senhor, Coleman? — disse ao meu tio e logo me olhou. — Jay. — cumprimentei de cabeça. — bom, os exames parecem ótimos, ele não apresenta nada que está em seu prontuário médico. — estávamos no hospital e esse prontuário médico já não está atualizado a um ano mais ou menos.

— e a queda que ele teve? — fingi estar preocupado com alguém que me desprezou a vida toda.

— então, Fred fraturou a tornozelo como já sabemos e bateu a cabeça, talvez com a queda sua memória esteja boa mas creio que... Isso seja passageiro, infelizmente. — olhava para nós dois e eu concordava entendendo.

— tudo bem. — digo fingindo uma tristeza. — ele terá alta? — o doutor fez uma cara, mostrando que não.

— vou pedir que ele fique mais uma dia para exames. — cocei a nuca.

— é que eu trabalho muito. Sou só eu e ele, sabe? E ele vive em um lar de idosos. — o doutor pareceu entender.

— compreendo. Mas não se preocupe, não precisará acompanhá-lo, desde que venha buscá-lo quando terminarmos, está tudo certo. — concordei.

— claro, virei sim.

Após um tempo o médico examinou meu tio, alegando que ele estava bem. Depois se despediu e em seguida duas enfermeiras e um enfermeiro vieram ao quarto para levá-lo para demais exames.

Como não podia entrar ninguém da família e eu já seria inútil ali, resolvi ir pra casa, pois já passava das 19h.

Passei praticamente o dia todo acompanhando ele, já que vim pra cá depois do meu almoço que nem pude terminar.

Pego um trânsito fodidamente gigante pois era a hora de todos irem para casa, e me deixo levar pela paisagem do anoitecer.

Decidido que ainda estava irritado com Sinclair por estar afastado das missões que ele está planejando, ainda não tirava da cabeça o fato de que sua filha precisa de ajuda.

Pensei até em fazer uma denuncia anônima, mas isso de nada adiantaria e eu sei que em pouco tempo Sinclair saberia que fui eu. Fora que a porra do dinheiro que ele quer seria levada pela polícia e isso só traria a raiva dele para mim.

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