22° capítulo

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Jay.

[...]

Algumas horas depois...

Tive que deixar Sarah em casa pois Clare não teve alta quando sua mãe descobriu que ela estava hospitalizada. Sarah achou melhor ligar pra ela, e não sei onde essa socialite mora mas disse que precisaria pegar um jatinho ao meio dia e só chegaria aqui pela tarde.

Sarah achou melhor irmos sabendo que Clare estava bem. Principalmente por se dizer suja e assustada.

A viagem toda até sua casa foi um silêncio normal pra mim, mas Sarah tinha uma expressão indiferente ao meu lado. Parecia pensar em mil e uma coisas, como se remoesse o que aconteceu com Clare várias e várias vezes.

Estacionei o carro em frente a sua casa e demoramos a dizer algo, muito menos sairmos dali. Ela nem se moveu.

Tinha os pés sobre o banco e não me importava, sabia que estavam sujos desde o momento em que ela retirou os saltos na boate. Mas não liguei.

Depois do sono de três horas que tiramos, Sarah chorou e tive que acalma-la mais vezes do que imaginava, e agora parecia que ela já não tinha mais o que chorar ou se lamentar. Como se tivesse feito isso demais.

E tenho certeza que fez.

— vamos? — parecia estar em uma transe. Ou dormindo acordada.

— ahn? — olhou para mim e logo seus olhos pairaram sobre o lugar. — chegamos? — desceu os pés do banco e percebi que ela esteve distante a ponto de nem perceber isso.

— chegamos. — tirou o cinto e fiz o mesmo, já descendo do carro antes dela.

Abro o portão com a chave e espero ela entrar primeiro, logo fazendo o mesmo e o trancando. Sarah disparou o alarme de sua casa fazendo aquilo ficar altíssimo e era a primeira vez que via esse novo dispositivo funcionar.

Se você estivesse a cinco quadras, ouviria nitidamente.

— aí minha cabeça. — apertou nas teclas até aquilo parar e tanto a cabeça dela quanto a minha, estavam doendo.

Tranco a porta atrás de mim e sigo Sarah escadas a cima, a vendo bem vestida e com os cabelos bagunçados.

Em seu quarto ela pediu que eu trancasse a porta mas eu não podia ficar.

— Sarah... — desânimo a voz.

— Clare quase morreu. — se sentou em sua cama alta. — eu vou participar de um julgamento onde John vai estar. — riu com ironia e a olhei atento e confuso.

— como assim? — deixo as coisas caírem no chão propositalmente.

— pra piorar, a minha agenda tá enorme e eu faltei hoje pra curtir com Clare... E ela quase morreu. — fez cara de tristeza, logo rindo nervosa. — ah meu Deus eu quase perdi a única amiga que tenho! — começou a chorar em desespero de repente, e eu suspirei não aguentando ver seu rosto daquela forma.

O vídeo que me veio na cabeça era de Sarah chorando em frente as câmeras, assustada com tantas pessoas fazendo perguntas sobre ela, seu pai e as vítimas.

O mesmo semblante, os mesmos olhos assustados, a mesmíssima expressão.

Oque mudava era que agora Sarah estava mais crescida e já não tinha mais carinha de criança.

— Clare tá bem Sarah, não acredita nos médicos? — só queria que ela parasse de chorar. — conversou com eles e entendeu que Clare tava bem.

Sarah começou a soluçar e pôs a mão no peito, desviando o olhar do nada para sobre o móvel embaixo da tv, onde tinha uma pasta bem grossa. Eu achei que ela estava falando de algo impossível sobre seu pai quando disse que iria participar de um julgamento que John estaria.

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